O Rei de Badajoz era alto Mouro,
Com quatro mil cauallos furioſos,
Innumeros piões, darmas & de curo
Guarnecidos, guerreiros & luſtroſos:
Mas qual no mes de Maio o brauo Touro
Cos ciumes da vaca, arreceoſos,
Sentindo gente o bruto, & cego amante
Saltea o deſcuidado caminhante.

Deſta arte Affonſo ſubito moſtrado,
Na gente da, que paſſa bem ſegura,
Fere, mata, derriba denodado,
Foge o Rei Mouro, & ſo da vida cura,
Dum Panico terror todo aſombrado,
So de ſeguillo o exercito procura.
Sendo eſtes que fizerão tanto aballo,
Nomais que ſo ſeſenta de cauallo.

Logo ſegue a victoria ſem tardança,
O grão Rei incanſabil, ajuntando
Gentes de todo o Reino, cuja vſança
Era andar ſempre terras conquiſtando,
Cercar vay Badajoz, & logo alcança
O fim de ſeu deſejo, pelejando
Com tanto esforço & arte, & valentia,
Que a fez fazer aas outras companhia.