Tirar Ines ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preſo,
Crendo co ſangue ſô da morte indina,
Matar do firme amor o fogo aceſo:
Que furor conſentio, que a eſpada fina,
Que pode ſustentar o grande peſo
Do furor Mauro, foſſe aleuantada,
Contra hũa fraca dama delicada?

Trazião a os horrificos algozes,
Ante o Rei, ja mouido a piedade:
Mas o pouo com falſas, & ferozes
Razões, aa morte crua o perſuade:
Ella com tristes & piedoſas vozes,
Saidas ſô da magoa, & ſaudade
Do ſeu Principe, & filhos que deixaua,
Que mais que a propria morte a magoaua.

Pera o Ceo criſtalino aleuantando,
Com lagrimas os olhos piedoſos,
Os olhos, porque as mãos lhe eſtaua atando,
Hum dos duros miniſtros riguroſos.
E deſpois nos mininos atentando,
Que tam queridos tinha, & tam mimoſos,
Cuja orfindade como mãy temia,
Pera o auô cruel aſsi dizia.