As ondas nauegauão do Oriente
Ia nos mares da India, & enxergauão
Os talamos do Sol, que nace ardente,
Ia quaſi ſeus deſejos ſe acabauão:
Mas o mao de Tioneo, que na alma ſente
As venturas, que então ſe aparelhauão
Aa gente Luſitana dellas dina,
Arde, morre, blasfema & deſatina.

Via eſtar todo o Ceo determinado
De fazer de Lisboa noua Roma,
Não no pode eſtoruar, que deſtinado
Eſtâ doutro poder que tudo doma,
Do Olimpo dece em fim deſeſperado,
Nouo remedio em terra buſca, & toma,
Entra no humido reino, & vaiſe aa corte
Daquelle, a quem o mar cayo em ſorte.

No mais interno fundo das profundas
Cauernas altas, onde o mar ſe eſconde,
La donde as ondas ſaem furibundas,
Quando aas iras do vento o mar reſponde,
Neptuno mora, & morão as jocundas
Nereidas, & outros Deoſes do mar, onde
As agoas campa deixão aas cidades,
Que habitão eſtas humidas deidades.