A maior tristeza que Dona Hortência levaria deste mundo, seria a de morrer sem acalentar um netinho. Mãe de uma filha única, tratou, logo, de casá-la, quando a menina não tinha, ainda, dezesseis anos. E como sucede sempre a toda mãe que se apressa, casou-a mal, de modo a ter como genro o Eusébio Duarte, "almofadinha" sem reputação, sem dinheiro e sem saúde, para quem o casamento foi mais um encosto do que, mesmo, um caso de coração.

Casada a menina, a pobre senhora declarou, após o jantar, na presença da filha e de alguns convidados:

— Eu tenho aí no quintal uma galinha carijó, que é, mesmo, uma beleza; mas, essa, eu só a mato no dia em que tiver certeza de que meu primeiro neta já está em caminho para este mundo!

A noite de núpcias da filha foi para Dona Hortência o que é, sempre, para as mães amorosas: um tormento. Coração alarmado, ouvido à escuta, olhos escancarados na treva, não dormiu um instante. Manhãzinha, levantou-se, e, antes, mesmo, de preparar-se para descer, foi bater à porta do quarto dos noivos.

— Mariazinha? — chamou, — Mariazinha?

— Que é, mamãe? — respondeu, de dentro, estranhando, a voz da filha.

E a velha, muito terna, muito branda, muito doce:

— Posso matar a galinha?