Com seus olhos vaganáus.
Bons de dar, bons de tolher.
Sá de Miranda.
A mulher é um catavento,
Vae ao vento,
Vae ao vento que soprar;
Como vae tambem ao vento
Turbulento,
Turbulento e incerto o mar.
Sopra o sul: a ventoinha
Volta azinha,
Volta azinha para o sul;
Vem taful: a cabecinha
Volta azinha,
Volta azinha ao meu taful.
Quem lhe pozer confiança,
De esperança,
De esperança mal está;
Nem desta sorte a esperança
Confiança,
Confiança nos dará.
Valêra o mesmo na arêa
Rija amêa,
Rija amêa construir;
Chega o mar e vae a amêa
Com a arêa,
Com a arêa confundir.
Ouço dizer de umas fadas
Que abraçadas,
Que abraçadas como irmãs,
Caçam almas descuidadas...
Ah que fadas!
Ah que fadas tão villans!
Pois, como essas das balladas,
Umas fadas,
Umas fadas d'entre nós,
Caçam, como nas balladas;
E são fadas,
E são fadas de alma e voz.
É que — como o catavento,
Vão ao vento,
Vão ao vento que lhes der;
Cedem tres cousas ao vento:
Catavento,
Catavento, agua e mulher.