Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Budhismo Moderno
Budhismo Moderno
Tome, Dr., esta tesoura, e. córte
Minha singularissima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia rôa
Todo o meu coração, depois da morte?!
Ah! Um urubú pousou na minha sorte!
Tambem, das diatomáceas da lagôa
A cryptógama cápsula se esbrôa
Ao contacto de bronca dextra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma céllula cahida
Na aberração de um ovulo infecundo;
Mas o aggregado abstracto das saudades
Fique batendo nas perpetuas grades
Do ultimo verso que eu fizer no mundo!