Declaração conjunta sobre o septuagésimo aniversário da Grande Fome de 1932-1933 na Ucrânia



Nova Iorque, 7 de Novembro de 2003


  • Na antiga União Soviética, milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas dos cruéis actos e políticas de um regime totalitário. A Grande Fome de 1932-1933 na Ucrânia (Holodomor), na qual perderam a vida 7 a 10 milhões de inocentes, foi uma tragédia nacional para o povo da Ucrânia. A esse respeito, destacamos as iniciativas para a comemoração do septuagésimo aniversário da fome, em particular as organizadas pelo Governo da Ucrânia.
  • Ao comemorar o septuagésimo aniversário da tragédia ucraniana também homenageamos os milhões de russos, cazaques e representantes de outras nacionalidades que morreram de fome na região do rio Volga, no Cáucaso setentrional, no Cazaquistão e noutras partes da antiga União Soviética, em consequência da guerra civil e da colectivização forçada, deixando profundas cicatrizes na conciência das gerações futuras.
  • Expressando o nosso pesar pelas vítimas da Grande Fome, apelamos a todos os Estados Membros, às Nações Unidas e às suas agências especializadas, aos organismos internacionais e regionais, assim como às organizações não governamentais, fundações e associações, para que prestem homenagem à memória dos que pereceram nesse trágico período da História.
  • Reconhecendo a importância de uma maior conciência pública destes trágicos acontecimentos da História da Humanidade, a fim de os evitar no futuro, deploramos os actos e as políticas que causaram a fome em massa e a morte de milhões de pessoas. Não pretendemos ajustar contas com o passado, que não se pode mudar, mas estamos convictos de que ao denunciar as violações dos direitos humanos, ao preservar os registos históricos e ao reabilitar a dignidade das vítimas, através do reconhecimento dos seus sofrimentos, serviremos de guia para as futuras sociedades e as ajudaremos a evitar catástrofes semelhantes no futuro. É necessário que o maior número possível de pessoas tome conhecimento desta tragédia e considere que tal conhecimento reforçará o Estado de direito e promoverá o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.