Primaveras romanticas (1872)/Poesias diversas/Despondency

XVI
DESPONDENCY

Deixal-a ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as azas partidas a levaram...

Deixal-a ir, a vella, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da immensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram...

Deixal-a ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
Á morte queda, á morte silenciosa...

Deixal-a ir, a nota desprendida
D’um canto extremo... e a ultima esperança...
E a vida... e o amor... deixal-a ir, a vida!

1864.