MODERNISMO ("A Semana da Arte Moderna") → IdadeVanguarda

Um safanão naquele adormecido em berço esplêndido Brasil
das Letras, das Artes e do pensamento
(Paulo Mendes de Almeida)

Do latim tardio modernus, de "modus" (maneira), calcado em "hodiernus", de "hodie" (hoje), o adjunto adnominal "moderno" qualifica algo que é atual, referente ao momento presente. É incorreto, portanto, chamar de "moderno" a algo que aconteceu num passado remoto ou próximo. A famosa "Semana de Arte Moderna" foi um movimento cultural "moderno" apenas com relação aos poetas e artistas daquela época (1922). Falar em "Pós-Modernismo" é uma contradição em termos. Tanto é verdade que na cultura européia não se fala em Modernismo. Os movimentos literários e artísticos, que se sucederam ao Simbolismo e que vigoraram a partir do início do séc. XX, tiveram o nome genérico de "Vanguarda" e denominações específicas: Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo, Decadentismo, Neo-realismo etc. Também não faz sentido colocar o início da Era Moderna (→ Idade) na época do Renascimento italiano, no séc. XV. Como observa Arnold Hauser, na famosa obra História social da literatura e da arte, entre a Baixa Idade Média (→ Medievalismo) e o início da Renascença não há propriamente uma ruptura de cultura, mas uma passagem gradativa do Absolutismo religioso para o Humanismo. Com efeito, podemos distinguir três momentos diferentes no Renascimento europeu: o carolíngio (→ Carlos), o das Cruzadas e o italiano, que é a renascença propriamente dita. Para evitar essa confusão toda, seria bem mais coerente fazer coincidir o início da Era Moderna com o surgimento das várias línguas neolatinas e anglo-saxônicas, chamadas de "modernas" em oposição às línguas "clássicas" (latina e grega), recuando, assim, até o início do primeiro milênio, quando começaram a aparecer os primeiros escritos em língua francesa, italiana, galega, inglesa etc.

Alguns críticos continuam chamando "moderna" toda a cultura do séc. XX, por não ter uma classificação específica, após o período do Realismo, não distinguindo o moderno do contemporâneo. O que de melhor foi produzido nas últimas dez décadas encontra-se nos verbetes que indicam o gênero (Romance, Lírica, Drama etc.), a forma de arte (Cinema, Teatro, Pintura etc.) ou autores exponenciais (Picasso, Einstein, Joyce etc.). Aqui daremos apenas um toque no movimento modernista, que estourou na famosa "Semana de Arte", de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com a participação de escritores, músicos e artistas plásticos paulistas e cariocas. Enquanto intelectuais e músicos apresentavam concertos e palestras no interior do Teatro, pintores e escultores expunham suas obras "modernistas", que então eram chamadas de "futuristas" por leigos, no saguão. O evento, organizado por Graça Aranha, acusou a presença das melhores inteligências da época: os poetas Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho; os pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti; o músico Villa-Lobos. O movimento poético-artístico deflagrado durante a Semana teve imensa repercussão, quer positiva quer negativa, ofendendo os conservadores e exaltando os revolucionários. Um dos melhores frutos do acontecimento foi a organização das idéias renovadoras na cultura brasileira que, até então, viviam na surdina.