A Cidade e as Serras/IX: diferenças entre revisões

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E com perene alegria de Jacinto as noites da serra, no vasto casarão, eram fáceis e curtas. O meu Príncipe era então uma alma que se simplificava: - e qualquer pequenino gozo lhe bastava, desde que nele entrasse paz ou doçura. Com verdadeira delícia ficava, depois do café, estendido numa cadeira, sentindo através das janelas abertas a noturna tranqüilidade da serra, sob a mudez estrelada do céu.
 
As histórias, muito simples e muito caseiras, que eu lhe contava, de Guiães, do abade, da tia Vicência, dos nossos parentes da Flor da Malva, tão sinceramente o interessavam que eu encetara, para seu regalo, a crônica completa de Guiães, com todos os namoricos, e as façanhas de forças, e as desavenças pôr causa de servidões ou de águas. Também pôr vezes nos enfronhávamos com aferro numa partida de gamão, sobre um belo tabuleiro de pau-preto, com pedras de velho marfim, que nos emprestara o Silvério. Mas nada decerto o encantava tanto como atravessar as casas, pé ante pé, até uma saleta que dava para o pomar, e aí ficar encostado à janela, sem luz, num enlevado sossego, a escutar longamente, languidamente, os rouxinóis que cantavam no laranjal.
 
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