A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Inferno/XXIX: diferenças entre revisões
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Linha 15:
Que alívio em pranto procurar queriam.
Por que a vista dos tristes mutilados
Prende-te ainda o duro sofrimento?
Estão, se os resenhar é tenção tua,
Por milhas vinte e duas derramados.
É-nos escasso o tempo concedido:
O que ainda hás de ver detença exclua
Ver o motivo, por que eu tanto olhava,
Mais demora tivesses permitido
Já se partia; e eu logo caminhava,
Enquanto assim falava-lhe em resposta,
Acrescentando:
Da stirpe minha um spírito carpia
Por culpa, a que mor pena está disposta
De aí cuida; estar nesse antro merecia.
O dedo alçava em cominante gesto:
Geri del Bello estavam-no chamando.
Daquele que senhor foi de Altaforte:
Quando atentaste, se ausentara presto
Que ainda não punia justa vingança
De quem naquela afronta era consorte,
Talvez e ao seu silêncio: assim pensando
Maior piedade do seu mal me alcança
Ao rochedo chegamos praticando,
Linha 87:
Dos falsários em pena infinda prema.
E o ar maligno aos animais a morte
Trazendo, os próprios vermes extinguia,
Linha 123:
Ou de peixe, na casca mais horrendo.
Que os dedos teus convertes em tenazes
Por desmalhar do corpo a extrema trama,
Existe algum Latino; eternamente
Sejam-te as unhas de servir capazes!
Um dos dois padecentes lacrimoso,
—
Por lhe mostrar o abismo pavoroso
Já cessa o mútuo arrimo, que os unia:
Linha 144:
Acercou-se-me o Guia assim dizendo:
Eu logo comecei lhe obedecendo:
Na primeira mansão da humana raça!
Mas por sóis numerosos se abalize!
Fazei: a vossa pena, imunda é certo,
De responder-nos pejo vos não faça.
Morte me deu nas chamas, truculento,
Por feito a que não fora o inferno aberto.
Essa arte, por ter curto o entendimento,
Como o não fiz um Dédalo, à fogueira
Mandou-me quem seu pai foi certamente.
Por sentença de Minos rigorosa:
Foi meu crime a alquimia traiçoeira
E ao Vate eu disse:
Gente, pôde alguém ver como a de Siena?
Nem a de França há sido tão sestrosa!
O segundo leproso então me acena
Dizendo:
Que todo o excesso em desprender condena!
Do cravo tinha a rica especiaria,
O seu uso deixando enraizado!
Com quem vinhas e bosques esbanjava
E o Abbagliato as chanças esgrimia!
Contra os de Siena o teu severo asserto,
No meu triste semblante os olhos crava.
Que alquimista, os metais falsificara,
Sabes como eu, se em recordar acerto,
Natura, hábil bugio, arremedara
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