A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/III: diferenças entre revisões
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Dos santos olhos no esplendor ardia.
—
A causa é
À verdade caminhas vacilando.
Verdadeiras substâncias estás vendo;
Trouxe-as aqui dos votos seus o dano.
Pois da verdade a luz, que as esclarece,
As conduz, de todo erro as defendendo.
Volto-me então à sombra, que parece
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Começo, e a voz impaciência empece.
—
Da vida eterna aqui fruis a doçura,
Que entende só quem tem expr?imentado,
Disseres o teu nome e a sorte vossa.
A responder-me leda se apressura.
—
Como a que manda a corte sua inteira
Imitá-la, defere quanto possa.
Diz-te a memória, se as feições me guarda,
Que sou, posto mais bela, e verdadeira.
Estou nesta bendita companhia,
Venturosa na esfera, que é mais tarda.
Somente a inspiração do Esp?rito Santo,
Enlevam-se em cumprir ordens que envia.
Nos coube, por ter sido descurado
O sacro voto e em parte posto a um canto.
Respondi-lhe: —
Vosso rebrilha um não sei que divino,
Que o tem do que foi de antes transmutado.
Porém, do que disseste me ajudando,
Eu do que hás sido em recordar-me atino.
Não sentis de outro céu desejo ardente
Por ver mais alto mais amor gozando?
Sorriu-se a sombra e as outras docemente;
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O seu primeiro amor como quem sente:
A caridade, irmão: só desejamos
O que ora temos e não mais avante.
Seríamos rebeldes à vontade,
A que aprouve esta estância, que habitamos.
Surgir não pode em nós tal pensamento,
Dessa virtude oposto à santidade.
É preceito cumprir do Onipotente:
Um só com ele é logo o nosso intento.
Somos, do reino todo muito ao grado
E do Rei, que à sua lei nos molda a mente.
Ele é mar a que tudo precipita,
Que cria, ou faz natura ao seu mandado.
Conheço então que o Paraíso habita
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Não rematara com lavor ativo.
—
Acima santa está, que há regulado
Vestes e véus, com que professa freira,
Desse esposo, que todo voto aceita,
Se lhe é por caridade consagrado.
Submeti-me, e do mundo me apartando
Jurei aos seus preceitos ser sujeita.
Mais à maldade do que ao bem afeito:
Qual foi Deus sabe o meu viver, penando!
(À direita demora-me) se acende
Quanto lume o céu nosso tem perfeito,
Sendo freira, como eu foi-lhe arrancado
O santo véu, que o voto à fronte prende.
Que os seus piedosos usos ofendia,
Guardou fiel seu peito ao sacro estado.
Deu de Suábia ao Imperador segundo
Herdeiro, em que extinguiu-se a dinastia.
Calou-se; e logo do Ave o hino jucundo
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