A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/IX: diferenças entre revisões
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Que ter devia a sua descendência;
Mas disse: —
Dizer só posso, pois, que justo pranto
Há de vir por vingança aos vossos danos.
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Ao meu desejo claramente dava.
—
Defere logo
De que em ti se reflete o que ora penso.
A luz então, inda aos meus olhos nova,
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Diz como quem cortês rogos aprova:
—
Que situada entre o Rialto
E as nascentes do Brenta e do Piava,
Lá centelha, depois ígnea procela,
Que a toda a região deu grande assalto.
Cunizza me chamei: aqui resplendo,
Porque venceu-me a flama desta estrela.
Desgosto, eu ma perdôo alegremente
Talvez estranhe o vulgo o como entendo.
Amada jóia desta nossa esfera,
Revive grande a fama, e permanente
Vê se homem com razão à glória aspira,
Se extinta a vida, outra no mundo o espera!
Os que o Ádige cerca e o Tagliamento:
Nem dos seus erros o infortúnio os tira.
De Pádua o lago tingirá, que banha
Co?as águas, de Vicência o fundamento;
Se trama o laço que fará cativo
Quem mostra no perder soberba estranha.
Há-de Feltro chorar, tal ribaldia
A Malta não levou nunca homem vivo.
Que o sangue recebesse de Ferrara,
Pesá-lo o esforço humano esgotaria,
Em preito ao seu partido! Os dons malvados
Da terra sua a índole explicara.
A nós refletem quanto Deus indica:
Crê, pois, ora nos fatos revelados.
Calando-se Cunizza significa,
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Mas os gestos no inferno a dor contrista.
Falei —
Te é sempre quanto o seu querer depara.
Do céu, de anjos no canto a sócia sendo,
Que em seis asas têm veste resplendente,
Estou? Falara, sem mais ser rogado,
Se eu visse em ti bem como em mim stás vendo.
—
— Desta arte a responder-me começava —
Contra o sol, e assim faz meridiano
Esse horizonte, em que primeiro estava.
Nasci, entre Ebro e Macra, que separa
Do domínio de Gênova o Toscano.
Para Bugia e o ninho meu querido:
Sangue dos seus seu porto avermelhara.
Este céu da luz minha é penetrado
Como eu fora da sua possuído;
A Creusa e a Siquei, não mais ardera
Do que eu, enquanto à idade me foi dado;
Demofonte; nem Hércules outrora,
Que o coração a Iole oferecera.
Não pela culpa, já no esquecimento,
Pela Virtude, cuja lei se adora.
Tão alto brilha; e o Bem se patenteia,
Que influir faz na terra o firmamento.
Dos teus desejos, nados nesta esfera,
Do meu discurso inda prossegue a teia.
Que aí perto de mim tanto cintila,
Como o sol, que na linfa reverbera.
Raab: à nossa ordem reunida
Em grau superior clara rutila.
Da terra não alcança, em triunfando
Jesus Cristo, a primeira recebida.
Assinalar lhe aprouve a alta vitória,
Que na Cruz teve, as palmas entregando;
Que colheu Josué na Terra Santa,
Que se apagou do Papa na memória.
Que ao Criador revel primeiro há sido
E causou pela inveja aflição tanta,
Que, ovelhas e cordeiros transviando,
Traz o pastor em lobo convertido.
E os Doutores, às páginas usadas
Das Decretais stão muitos se aplicando.
Tendo as idéias, Nazaré esquecem,
Que viu do Arcanjo as asas desdobradas.
A Roma e têm sido o cemitério
Dos que, fiéis a Pedro, lhe obedecem,
Livres serão em breve do adultério.
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