A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/XI: diferenças entre revisões
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Do seu brilho a pureza se aumentara:
—
Eu, contemplando, claramente leio
Teu pensamento e a origem lhe compreendo.
Que eu aproprie da tua mente à esfera
O que dizer-te, há pouco, me conveio.
— De saber tanto não se alçou segundo: —
Aqui é, pois, que a explicação te espera.
Com tão sábio conselho, que, torvada
Sente a vista quem quer sondar-lhe o fundo.
Casta Esposa daquele, que alto grito,
Desposando-a, soltou na Cruz Sagrada,
Dois príncipes, lhe deu, que, em seu desvelo,
O caminho mostrassem-lhe bendito.
Outro ostentou, por seu saber na terra,
De querúbica luz esplendor belo.
O que de outros aos louvores mais se estende:
Quem der aos dois o mesmo fim não erra.
Do outeiro, que escolhera santo Ubaldo,
Fértil encosta de alto monte pende.
Pela porta do Sol; atrás padece
Em duro jugo Nócera com Gualdo.
Nasceu ao mundo um sol tão luminoso,
Como o que ao Gange às vezes esclarece.
Não diga Assis, que pouco declarara:
Chame Oriente o berço glorioso.
Quando o conforto a receber a terra
Já das virtudes suas começara.
Entrou por dama, a quem bem como à morte,
Ninguém a porta com prazer descerra.
E coram patre, por esposa amada
E amor votou-lhe cada vez mais forte.
Séculos onze e mais, e de outro amante,
Senão deste, não fora requestada;
De Amiclas a encontrou esse guerreiro,
De quem tremera o mundo titubante;
Quando Maria ao pé da Cruz ficara,
Com Cristo ela subira-se ao madeiro.
Em suma, o nome sabe dos amantes:
Com pobreza Francisco se casara.
Seu terno olhar e afeito milagroso
Dão a todos lições edificantes.
Venerável Bernardo que, primeiro,
Descalço corre e crê ser vagaroso.
Descalço vai Egídio, vai Silvestre,
Porque amam-na, do esposo no carreiro.
Com terna esposa e com família santa
Que de corda o burel cinge campestre.
Por filho ser de Bernardone obscuro,
Nem por sofrer desdém em cópia tanta.
A Inocêncio de quem primeiro obteve
Assenso ao regimento austero e puro.
Após aquele, a cuja heróica vida
Melhor no céu louvor de anjos se deve,
Por Honório, que o Santo Espírito alenta
Daquele arquimandrita a santa lida.
E do Soldão soberbo na presença
Cristo anuncia e a lei que o representa.
Por não ficar seu zelo sem proveito
Da Itália volta para a messe extensa.
Do Tibre e do Arno, o derradeiro selo
Cristo lhe pôs: dois anos dura o efeito.
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Na humildade cristã por seu desvelo,
Aos irmãos confiou por justa herança,
Para afeto lhe terem sempre fido.
Tornando ao reino seu, a alma preclara:
Nesse jazigo o corpo seu descansa.
Di?no após ele, de reger a barca
Que Pedro, no alto mar encaminhara.
Quem, fiel, aos preceitos lhe obedece,
Sabe tesouros arrecadar na arca.
E tanto é dos desejos impelida,
Que em diferentes campos aparece.
Do mundo pelo pérfido atrativo,
Tanto mais ao redil volta inanida.
Acolhem-se ao pastor: escasso pano
É já para vesti-las excessivo.
Se tens estado ao que te digo atento,
Se da memória não receias dano,
Pois da planta bem vês qual seja a rama;
E o corretivo está neste argumento:
''Onde prospera só quem mal não trama''.
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