A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/XVI: diferenças entre revisões
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A responder começo à luz brilhante
Por
Mas que em vulgar dicção não foi avante.
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Quando a primeira vez Ginevra errara.
—
Para falar-vos do ânimo a ousadia,
Me alçais mais do que a mente própria aspira.
Minha alma que em ledice é transformada,
Pois do prazer não vence-a a demasia.
Os ascendentes vossos e em qual era
Foi a vossa puerícia assinalada.
Dizei-me e os que em seu seio se mostraram,
A quem mais alta distinção coubera.
Como ao sopro do vento mais se aclaram
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Respondeu, sem falar vulgar loquela.
Disse: —
Ao momento, em que ao mundo a mãe querida,
Hoje santa me deu no transe grave,
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Vezes mais trinta na incessante lida.
Dos jogos anuais termo à carreira,
Meu berço e o dos avós te representa.
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Calar prefiro a dar notícia inteira.
Para a guerra, entre Marte e João Batista,
São quíntuplo os que têm ora existência.
Co?a de Campi, Certaldo, e mais Figghine
Pura estava, do nobre até o artista.
Tê-los vizinhos, linha demarcando,
Que com Trepiano e com Galuz confine,
Dos vilões de Aguglion junto aos de Signa,
Da fraude expertos no mister nefando.
A César não se houvesse declarado
Cruel madrasta em vez de mãe benigna,
Vende e merca, tornava a Simifonte,
Onde o avô mendigava esfarrapado.
Os seus Cerchi ainda Acone conservara
E, talvez, Valdigrieve os Buodelmonti.
Como a de cibo em corpo mal disposto,
Mal à cidade, e danos lhes prepara.
Que anho cego; e melhor corta uma espada
Do que cinco num feixe bem composto.
E a de Luni tu vês, se igual espera
Chiusi e Sinigaglia malfadada:
À tua mente estranheza ou caso forte,
Pois no exício de Estados considera.
Como vós; mas de algumas, perdurando,
Quem curta vida tem não sabe a sorte.
Cobre ou descobre as praias do oceano,
De Florença a fortuna vai mudando;
O que eu disser de exímios florentinos,
A cuja fama o tempo já fez dano.
Fillippe, Greci, Ornami e os Albericos
Decadentes, mas ainda nobres, di?nos.
Os de Sanella vi; também os de Arca,
Soldanieri, Ardingos e Bastichos.
Infâmia nova tanto em peso ingente,
Que fará soçobrar em breve a barca,
Foi Conde Guido e quantos ao diante
De Bellincione o nome têm fulgente.
E Galligaio no solar dourara
Punho e copos da espada fulgurante.
Sacchetti, Giuochi Fifanti e Barucci
Galli e quem pelo alqueire se pejara.
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Assumindo o poder, Sizi e Arragucci.
Tem soberba! Que feito viu Florença
Sem ser de Esfera de Ouro enobrecido?
No concistório, vago o episcopado,
Cevar-se dos banquetes na licença.
Dragão que investe a quem lhe teme a ira,
Cordeiro em vendo bolsa ou braço armado;
Que Donato Ubertino se afrontava,
Quando a um desses o sogro a filha unira.
De Fiésole vindo; e lá já era
Giuda, Infangato: o nome os ilustrava.
No recinto uma porta outrora havia,
À qual deu nome a gente della Pera.
Do barão cujo nome, glória e vida
De São Tomé celebra-se no dia;
Mas hoje ao popular partido se une
Trazendo de ouro a faixa guarnecida.
E em Borgo a paz de todo se perdera,
Quando uma turba nova em si reúne.
Que vos deu morte, justamente irada,
E ao feliz viver vosso o fim pusera,
Por que sua aliança recusaste
Por sugestão, o Buondelmonte, errada?
Se do Ema às águas Deus te houvesse dado,
Ledice fora o pranto, que causaste:
Da ponte guarda, vítima imolasse
Florença, de sua paz o fim chegado.
Florença vi gozar fausto repouso,
Sem motivo que pranto lhe excitasse.
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Não era na hástea o lírio seu formoso,
Nem por facções em rubro transformado.
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