A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/VIII: diferenças entre revisões
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Dos espíritos um, que vem diante
Só principia: —
Quanto para aprazer-te for prestante.
Cos Príncipes, celestes esplendores
De quem no mundo hás dito (bem sabemos):
—
Por te agradar nos é doce o repouso
Tão vivos são do nosso amor fervores!
De Beatriz ao gesto luminoso
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À luz, que se mostrou condescendente
Em tanto grau —
Estremecido possuída a mente.
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A alegria aumentou do claro aspeito.
—
Mal, que há de vir, por certo ninguém visse.
Aos teus olhos me encobre, como inseto,
Que dos seus véus de seda se guarnece.
Pois, em mais longa vida, eu te mostrava
Por ações quanto me eras tu dileto.
À sestra, quando ao Sorga corre unido,
Por senhor seu um dia me esperava.
Por Bari, por Gaeta e por Crotona.
Onde é do Tronto e Verde o mar nutrido.
Do vasto reino, que o Danúbio rega,
Quando as plagas tudescas abandona.
Sobre o golfo, em que mais Euro embravece,
De Paquino a Peloro, em mor refega,
O trono guardaria à prole minha,
Que de Carlo e Rodolfo antigos desce,
A gritar — morra! morra! — não movesse
Palermo, a quem temor não mais continha.
Dos Catalanos a indigência avara
Fugira, por que o mal seu não crescesse.
Que, por si ou por outrem, não deixasse
Mais onerar a barca, que adernara.
Avareza, milícia ter devia,
Que só de encher seus cofres não curasse.
—
Que me infundes, Senhor, a origem tira
De Deus que todo bem finda e inicia.
Quanto me hás dito, me é no extremo caro,
Pois vês, de Deus no espelho tendo a mira.
O que por teu dizer stá duvidoso:
Semente doce brota fruto amaro?
—
Darás o dorso ao que ora dás o rosto,
Verás claro o que julgas tenebroso.
Os move e alegra, sem pôr providência
Nestes corpos que vês virtude posto.
Cousas terrestres acham-se ordenadas,
Mas as preserva a sua onipotência;
Predestinadas são a um ponto certo,
Infalíveis ao alvo enderaçadas.
Só feituras sem arte produzidas
Abrangera e ruínas no deserto.
As Substâncias, que regem as estrelas
E a mão, que as fez assim destituídas.
—
Natura escassa em suas obras belas.
—
—
—
Misteres vários, que cada um pratica?
Não, se o teu Mestre em seu pensar não erra.
Deduzindo, a evidência significa,
E logo concluiu: —
Efeito diferente sempre indica.
Melquisedeque ou Dédalo perito,
Que no ar perdeu o filho seu demente.
Na cera humano o seu sinal fazendo,
Mas solar não distingue, nem distrito.
Difere de Jacó; toma Quirino
Marte por genitor, seu pai vil sendo.
Seria sempre igual à que a fizera,
Se não vencesse o decretar divino.
Mas inda um corolário te ofereço,
Pois de agradar-te em mim desejo impera.
A contraste, produz fruto danado,
Como semente posta em solo avesso.
Nos fundamentos, que natura lança,
De melhor gente fora povoado.
Na soledade monacal definha,
Bem pregara quem, Rei, em vão se cansa.
E fora assim da estrada se caminha.
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