A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Paraíso/XXII: diferenças entre revisões
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Com voz, que sói lhe ser terno anteparo,
—
Ignoras tu que o céu em tudo é santo
E a caridade a tudo há presidido?
Oh! quanto o meu sorriso te abalara
E dos celestes coros o alto canto!
Já de agora souberas a vingança,
Que inda antes de morrer, verás, amara.
Mas sem pressa, conquanto o não pareça
A quem no medo aguarde e na esperança
Que tens de ver espíritos famosos,
Se a vista, como eu digo, se endereça.
Como ordenara, os olhos curiosos
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Para dar-me contento se acercava.
—
Da caridade houvesse, que em nós arde,
Teu desejo exprimiras com franqueza.
Teu fim sublime, eu te darei resposta,
Posto em silêncio o teu pensar se aguarde.
Estava, em seu cabeço, povoado
Por gente ignara, ao erro e ao mal disposta
Daquele, que aos humanos a verdade
Trouxe que humanos tanto há sublimado.
Que salvar pude os povos circunstantes
Do culto, que perdera a humanidade.
Fogos, que vês: na flama se acenderam,
Que frutos brota e flores vicejantes.
Estes os meus irmãos, que, os pés firmando
No claustro, os corações ao Senhor deram.
—
Tornei —
Nos esplendores vossos ?stou notando,
O sol faz, quando à rosa purpurina
O seio desabrocha rescendente.
A declarar-me se a mercê mereço
De ver-te a face, mas sem véu, beni?na.
—
Há de achar
Onde todos e o meu terão seu apreço.
Perfeita a aspiração; ali somente
Demora cada parte sempre onde era.
Até lá nossa escada vai subindo;
Foge-te à vista a sua altura ingente.
Quando em sua visão a contemplava
De inumeráveis anjos refulgindo.
Hoje da terra; e a minha regra escrita
Inutilmente nos papéis se grava.
É covil; o capuz se há transformado
E farinha contém ruim, maldita.
Tão grave contra Deus, quanto a avareza,
Que aos monges tem os corações eivado;
Que de Deus por amor seu pão mendiga,
Não pra cevo a parentes, ou a torpeza.
Que haver um bom princípio não bastara
Entre a planta em nascendo e a sua espiga.
Eu com jejuns, com orações; convento
Francisco humildemente levantara.
Verás o branco em negro transformado,
Se depois tens seu fim no pensamento.
Para trás, o Jordão do mar fugia,
Do que socorro a tanto mal levado.
Calou-se, e a santa grei logo se unia;
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Árduo passo que a si me atrai, me prende.
—
Que a vista clara tens e penetrante
Diz Beatriz, o meu formoso norte.
Remira abaixo, e vê, por mim guiado,
Sob os pés quanto mundo está distante;
Seja presente ao povo triunfante,
Que nesta esfera avança extasiado.
Então, volvendo os olhos anelante
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