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{{navegar
|autor=Gil Vicente
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Representa-se na obra seguinte uma prefiguração sobre a rigorosa acusação que os inimigos fazem a todas as almas humanas, no ponto que por morte de seus terrestres corpos partem. E por trazer desta matéria põe o autor por figura que no dito momento elas chegam a um profundo braço de mar, onde estão dois batéis: um deles passa para a Glória, outro para o Purgatório. É repartida em três partes: a cada embarcação uma cena. Esta primeira é da viagem do inferno.
Esta prefiguração se escreve neste primeiro livro nas obras de devoção, porque a segunda e a terceira partes foram representadas na capela; mas esta primeira foi representada na câmara, para a consolação da muito católica e santa Rainha D. Maria, estando enferma do mal de que faleceu na era do senhor de 1517.
Figuras: Anjo; Diabo; Companheiro do Diabo; Fidalgo; Onzeneiro; Parvo; Sapateiro; Frade; Brísida Vaz, Alcoviteira; Judeu; Corregedor; Procurador; Enforcado e Quatro Cavaleiros.
*Companheiro do Diabo▼
▲*[[Auto da Barca do Inferno/O Parvo|Parvo]]
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''O primeiro interlocutor é um'' FIDALGO ''que chega com um Pajem que lhe leva um rabo muito comprido e uma cadeira de espaldas. E começa o Arrais do Inferno antes que o'' FIDALGO ''venha:''
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'''Diabo'''
À barca, à barca, olá,
que temos gentil maré!
- Ora venha o caro a ré!
- Feito! Feito!
'''Diabo'''
- Bem está!
Vai tu muitieramá!,
atesa aquele palanco
e despeja aquele banco
para a gente que virá.
À barca, à barca, hu-u!
Asinha, que se quer ir!
Oh, que tempo de partir,
louvores a Berzebu!
- Ora, sus! que fazes tu?
Despeja todo esse leito!
'''Companheiro'''
- Em boa hora! Feito, feito!
'''Diabo'''
- Abaixa má-hora esse cu!
Faze aquela poja lesta
e alija aquela driça.
'''Companheiro'''
- Ô-ô, caça! Ô-ô, iça! iça!
'''Diabo'''
- Oh, que caravela esta!
Pões bandeiras, que é festa!
Verga alta!Âncora a pique!
- Ó poderoso dom Anrique!
Cá vinde vós? Que cousa é esta?
</poem>
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