A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Inferno/IV: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
remoção de texto em italiano; +barra de navegação; reformatação do texto em português; notas de rodapé
Linha 1:
{{navegar
<[[A Divina Comédia]]
|obra=[[A Divina Comédia]]
|autor=Dante Alighieri
|seção=[[A Divina Comédia/Inferno|Inferno]] &mdash; Canto IV
|anterior=[[A Divina Comédia/Inferno/III|Canto III]]
|posterior=[[A Divina Comédia/Inferno/V|Canto V]]
|notas=Tradução de [[Autor:José Pedro Xavier Pinheiro|José Pedro Xavier Pinheiro]]
}}
 
''Dante é despertado por um trovão e acha-se na orla do primeiro círculo. Entra depois no Limbo, onde estão os que não foram batizados, crianças e adultos. Mais adiante, num recinto luminoso, vê os sábios da antigüidade, que, embora não cristãos, viveram virtuosamente. Os dois poetas descem depois ao segundo círculo.''
 
<poem>
{| width=100%"
Desse profundo sono fui tirado
| width="53%"|<b>Tradução brasileira</b>
Por hórrido estampido, estremecendo
| width="47%"|<b>Original italiano</b>
Como quem é por força despertado.
|-
| valign="top"|<ul>
Desse profundo sono fui tirado<br/>
Por hórrido estampido, estremecendo<br/>
Como quem é por força despertado.<br/>
 
Ergui-me, e, os olhos quietos já volvendo,<br/>
Perscruto por saber onde me achava,<br/>
E a tudo no lugar sinistro atendo.<br/>
 
A verdade é que então na borda estava<br/>
Do vale desse abismo doloroso,<br/>
Donde brado de infindos ais troava.<br/>
 
Tão escuro, profundo e nebuloso<br/>
Era, que a vista lhe inquirindo o fundo,<br/>
Não distinguia no antro temeroso.<br/>
 
“Eia! Baixemos, pois, da treva ao mundo!” —<br/>
O Poeta então disse-me enfiando —<br/>
“Eu descerei primeiro, tu segundo”. —<br/>
 
Tornei-lhe, a palidez sua notando:<br/>
“Como hei-de ir, se és de espanto dominado,<br/>
Quando conforto estou de ti sperando?” —<br/>
 
“Dos que lá são o angustioso estado<br/>
Causa a que vês no rosto meu impressa,<br/>
Piedade, medo não, como hás cuidado.<br/>
 
“Vamos: longa a jornada exige pressa”.<br/>
Entrou, e eu logo, o círculo primeiro<br/>
Em que o abismo a estreitar-se já começa,<br/>
 
Escutei: não mais pranto lastimeiro<br/>
Ouvi; suspiros só, que murmuravam,<br/>
Vibrando do ar eterno o espaço inteiro.<br/>
 
Pesares sem martírio os motivavam<br/>
De varões e de infantes, de mulheres<br/>
Nas multidões, que ali se apinhoavam.<br/>
 
“Conhecer” — meu bom Mestre diz — “não queres<br/>
Quais são os que assim vês ora sofrendo?<br/>
Antes de avante andar convém saberes<br/>
 
“Que não pecaram: boas obras tendo<br/>
Acham-se aqui; faltou-lhes o batismo,<br/>
Portal da fé, em que és ditoso crendo.<br/>
 
“Na vida antecedendo o Cristianismo,<br/>
Devido culto a Deus nunca prestaram:<br/>
Também sou dos que penam neste abismo.<br/>
 
“Por tal defeito — os mais nos não mancharam —<br/>
Perdemo-nos: a pena é desesp’rança,<br/>
Desejos, que para sempre se frustaram”.<br/>
 
Ouvi-lo, em dor o coração me lança,<br/>
Pois muitos conheci de alta valia,<br/>
A quem do Limbo a suspenção alcança.<br/>
 
“Ó Mestre! Ó meu Senhor! diz-me — inquiria,<br/>
Para ter da certeza o firme esteio<br/>
À fé, que os erros todos desafia,<br/>
 
“Por seu merecimento ou pelo alheio<br/>
Daqui alguém ao céu já tem subido?”<br/>
Da mente minha ao alvo o Mestre veio,<br/>
 
E falou-me: “Des’pouco aqui trazido,<br/>
Descer súbito vi forte guerreiro;<br/>
De triunfal coroa era cingido.<br/>
 
“Almas levou — do nosso pai primeiro,<br/>
Abel, Noé, Moisés, que legislara,<br/>
Abraam, na fé, na obediência inteiro,<br/>
 
“Davi, que sobre o povo hebreu reinara,<br/>
Israel com seu pai e a prole basta,<br/>
E Raquel, por quem tanto se afanara.<br/>
 
“Para a glória outros muitos mais afasta<br/>
Do Limbo; e sabe tu que antes não fora<br/>
Salvo quem pertencera à humana casta”.<br/>
 
Andávamos, enquanto isto memora,<br/>
Sem parar, pela selva penetrando,<br/>
Selva de almas, que aumenta de hora em hora,<br/>
 
E da entrada não longe ainda estando,<br/>
Eis um clarão brilhante divisamos<br/>
Das trevas o hemisfério alumiando.<br/>
 
Dali distantes ainda nos achamos<br/>
Não tanto, que eu não discernisse em parte<br/>
Que à sede de almas nobres caminhamos.<br/>
 
“Ó tu, que és honra da ciência e da arte,<br/>
Quem são” — disse — “os que, aos outros preferidos,<br/>
Privilégio tamanho assim disparte?”<br/>
 
Falou Virgílio: “— Assim são distinguidos<br/>
Do céu, que atende à fama alta e preclara,<br/>
Com que foram na terra engrandecidos”.<br/>
 
Eis voz escuto sonorosa e clara:<br/>
“Honrai todos o altíssimo poeta!<br/>
A sombra sua torna, que ausentara”.<br/>
 
Quatro sombras notei, quando aquieta<br/>
O rumor, que a nós vinham: nos semblantes<br/>
Nem prazer, nem tristeza se interpreta.<br/>
 
E disse o Mestre, após alguns instantes:<br/>
“Aquele vê, que, qual monarca ufano,<br/>
Empunha espada e os três deixa distantes.<br/>
 
É Homero, o poeta soberano;<br/>
O satírico Horácio é o outro, e ao lado<br/>
Ovídio, em lugar último Lucano.<br/>
 
Como lhes cabe o nome assinalado<br/>
Que soou nessa voz há pouco ouvida,<br/>
Me honrando, honrosa ação têm praticado”.<br/>
 
A bela escola assim vi reunida<br/>
Do Mestre egrégio do sublime canto,<brref>''Mestre egrégio'' etc., [[:w:Homero|Homero]], príncipe da poesia épica. [N. T.] </ref>
Águia em seu vôo além dos mais erguida.<br/>
 
Discursado entre si tendo algum tanto,<br/>
A mim volveram gracioso o gesto:<br/>
Sorriu Virgílio, dessa mostra ao encanto.<br/>
 
Mais foi-me alto conceito manifesto,<br/>
Quando acolher-me ao grêmio seu quiseram,<br/>
Entre eles me cabendo o lugar sexto.<br/>
 
Té o clarão comigo se moveram,<br/>
Prática havendo, que omitir é belo,<br/>
Sublime no lugar, onde a teceram.<br/>
 
Chegamos junto a um fúlgido castelo<br/>
Sete vezes de muro alto cercado:<br/>
Cinge-o ribeiro lindo, mas singelo.<br/>
 
Passei-o a pé enxuto; acompanhado<br/>
Entrei por sete portas, caminhando<br/>
De fresca relva até ameno prado.<br/>
 
Graves, pausados olhos meneando<br/>
Stavam sombras de aspecto majestoso,<br/>
Com voz suave rara vez falando.<br/>
 
A um lado, sobre viso luminoso<br/>
Subimo-nos: de lá se divisava<br/>
Dessas almas o bando numeroso.<br/>
 
No verde esmalte o Mestre me indicava<br/>
Egrégias sombras: inda me extasia<br/>
O prazer com que vê-los exultava.<br/>
 
Eletra vi de heróis na companhia,<brref>''Eletra'', mãe de [[:w:Dardano|Dardano]], fundador de Tróia. [N. T.] </ref>
Enéias com Heitor e guarnecido<brref>''Enéias'', príncipe troiano, filho de Anquise e de Vênus.— ''Heitor'', filho de Príamo, rei de Tróia. [N. T.] </ref>
Grifanhos olhos César nos volvia.<br/>
 
Pentesiléia vi e o rosto ardido<brref>''Pentesiléia'', rainha das Amazonas, morta por Aquiles. [N. T.] </ref>
De Camila, e sentado o rei Latino<ref>''Camila'', filha de Metabo, rei latino. — ''O rei Latino'', rei dos aborígenes, pai de Lavínia, que foi mulher de Enéias. [N. T.] </ref>
De Camila, e sentado o rei Latino<br/>
Junto a Lavinia estava enternecido.<br/>
 
Notei Márcia, Lucrécia e o que Tarquino<brref>''Márcia'', mulher de Catão Uticense.— ''Lucrécia'', mulher de Colatino que, ao ser violada por Sesto Tarquínio, se matou. [N. T.] </ref>
Lançou, Cornélia e Júlia; retirado<brref>''Cornélia'', mãe dos Gracos. — ''Júlia'', filha de César e mulher de Pompeu. [N. T.] </ref>
De todos demorava Saladino.<brref>''Saladino'', sultão do Egito e da Síria, que conquistou Jerusalém. [N. T.] </ref>
 
Alçando os olhos, de respeito entrado,<br/>
O Mestre vejo dos que mais se acimam<brref>''O mestre'' etc., [[:w:Aristóteles|Aristóteles]]. [N. T.] </ref>
Em saber, de filósofos cercado.<br/>
 
Todos com honra e acatamento o estimam.<br/>
Aqui Platão e Sócrates estavam,<br/>
Que na grandeza mais se lhe aproximam.<br/>
 
Demócrito, o atomista, acompanhavam<br/>
Tales, Zeno, Heráclito e Anaxagora.<br/>
Empédocle e Diógenes falavam,<br/>
 
Dióscoris, o que a natura outrora<br/>
Sábio estudara, Orfeu, Túlio eloqüente,<brref>''Orfeu'' de Trácia, poeta e músico. — ''Túlio'', eloqüente, [[:w:Marco Túlio Cícero|Marco Túlio Cícero]]. [N. T.] </ref>
Sêneca, o douto, que a moral explora,<br/>
 
Lívio, Euclides, Hipócrates ingente,<br/>
Ptolomeu, Galeno e o Avicena;<ref>''[[:w:Ptolomeu|Ptolomeu]]'', o autor do sistema do mundo que se chamou sistema ptolemaico. — ''Galeno e Avicena'', famosos médicos, o primeiro de [[:w:Pérgamo|Pérgamo]], no Ponto, o segundo árabe. [N. T.] </ref>
Ptolomeu, Galeno e o Avicena;<br/>
Averróis, nos comentos sapiente.<br/>
 
Resenha não me é dado fazer plena<br/>
De todos; longo o assunto está-me urgindo,<br/>
E a ser omisso muita vez condena.<br/>
 
A companhia então se dividindo,<br/>
Comigo o Mestre outra vereda trilha,<br/>
Do ar sereno ao ar, que treme, vindo:<br/>
 
Chegados somos onde luz não brilha.<br/>
</poem>
 
== Notas ==
</ul>
<references />
 
| valign="top"|<ul>
Ruppemi l'alto sonno ne la testa<br/>
un greve truono, sì ch'io mi riscossi<br/>
come persona ch'è per forza desta;<br/>
 
e l'occhio riposato intorno mossi,<br/>
dritto levato, e fiso riguardai<br/>
per conoscer lo loco dov' io fossi.<br/>
 
Vero è che 'n su la proda mi trovai<br/>
de la valle d'abisso dolorosa<br/>
che 'ntrono accoglie d'infiniti guai.<br/>
 
Oscura e profonda era e nebulosa<br/>
tanto che, per ficcar lo viso a fondo,<br/>
io non vi discernea alcuna cosa.<br/>
 
«Or discendiam qua giù nel cieco mondo»,<br/>
cominciò il poeta tutto smorto.<br/>
«Io sarò primo, e tu sarai secondo».<br/>
 
E io, che del color mi fui accorto,<br/>
dissi: «Come verrò, se tu paventi<br/>
che suoli al mio dubbiare esser conforto?».<br/>
 
Ed elli a me: «L'angoscia de le genti<br/>
che son qua giù, nel viso mi dipigne<br/>
quella pietà che tu per tema senti.<br/>
 
Andiam, ché la via lunga ne sospigne».<br/>
Così si mise e così mi fé intrare<br/>
nel primo cerchio che l'abisso cigne.<br/>
 
Quivi, secondo che per ascoltare,<br/>
non avea pianto mai che di sospiri<br/>
che l'aura etterna facevan tremare;<br/>
 
ciò avvenia di duol sanza martìri,<br/>
ch'avean le turbe, ch'eran molte e grandi,<br/>
d'infanti e di femmine e di viri.<br/>
 
Lo buon maestro a me: «Tu non dimandi<br/>
che spiriti son questi che tu vedi?<br/>
Or vo' che sappi, innanzi che più andi,<br/>
 
 
ch'ei non peccaro; e s'elli hanno mercedi,<br/>
non basta, perché non ebber battesmo,<br/>
ch'è porta de la fede che tu credi;<br/>
 
e s'e' furon dinanzi al cristianesmo,<br/>
non adorar debitamente a Dio:<br/>
e di questi cotai son io medesmo.<br/>
 
Per tai difetti, non per altro rio,<br/>
semo perduti, e sol di tanto offesi<br/>
che sanza speme vivemo in disio».<br/>
 
 
Gran duol mi prese al cor quando lo 'ntesi,<br/>
però che gente di molto valore<br/>
conobbi che 'n quel limbo eran sospesi.<br/>
 
«Dimmi, maestro mio, dimmi, segnore»,<br/>
comincia' io per volere esser certo<br/>
di quella fede che vince ogne errore:<br/>
 
«uscicci mai alcuno, o per suo merto<br/>
o per altrui, che poi fosse beato?».<br/>
E quei che 'ntese il mio parlar coverto,<br/>
 
rispuose: «Io era nuovo in questo stato,<br/>
quando ci vidi venire un possente,<br/>
con segno di vittoria coronato.<br/>
 
Trasseci l'ombra del primo parente,<br/>
d'Abèl suo figlio e quella di Noè,<br/>
di Moïsè legista e ubidente;<br/>
 
Abraàm patrïarca e Davìd re,<br/>
Israèl con lo padre e co' suoi nati<br/>
e con Rachele, per cui tanto fé,<br/>
 
e altri molti, e feceli beati.<br/>
E vo' che sappi che, dinanzi ad essi,<br/>
spiriti umani non eran salvati».<br/>
 
Non lasciavam l'andar perch' ei dicessi,<br/>
ma passavam la selva tuttavia,<br/>
la selva, dico, di spiriti spessi.<br/>
 
Non era lunga ancor la nostra via<br/>
di qua dal sonno, quand' io vidi un foco<br/>
ch'emisperio di tenebre vincia.<br/>
 
Di lungi n'eravamo ancora un poco,<br/>
ma non sì ch'io non discernessi in parte<br/>
ch'orrevol gente possedea quel loco.<br/>
 
«O tu ch'onori scïenzïa e arte,<br/>
questi chi son c'hanno cotanta onranza,<br/>
che dal modo de li altri li diparte?».<br/>
 
 
E quelli a me: «L'onrata nominanza<br/>
che di lor suona sù ne la tua vita,<br/>
grazïa acquista in ciel che sì li avanza».<br/>
 
Intanto voce fu per me udita:<br/>
«Onorate l'altissimo poeta;<br/>
l'ombra sua torna, ch'era dipartita».<br/>
 
Poi che la voce fu restata e queta,<br/>
vidi quattro grand' ombre a noi venire:<br/>
sembianz' avevan né trista né lieta.<br/>
 
Lo buon maestro cominciò a dire:<br/>
«Mira colui con quella spada in mano,<br/>
che vien dinanzi ai tre sì come sire:<br/>
 
quelli è Omero poeta sovrano;<br/>
l'altro è Orazio satiro che vene;<br/>
Ovidio è 'l terzo, e l'ultimo Lucano.<br/>
 
Però che ciascun meco si convene<br/>
nel nome che sonò la voce sola,<br/>
fannomi onore, e di ciò fanno bene».<br/>
 
Così vid' i' adunar la bella scola<br/>
di quel segnor de l'altissimo canto<br/>
che sovra li altri com' aquila vola.<br/>
 
Da ch'ebber ragionato insieme alquanto,<br/>
volsersi a me con salutevol cenno,<br/>
e 'l mio maestro sorrise di tanto;<br/>
 
e più d'onore ancora assai mi fenno,<br/>
ch'e' sì mi fecer de la loro schiera,<br/>
sì ch'io fui sesto tra cotanto senno.<br/>
 
Così andammo infino a la lumera,<br/>
parlando cose che 'l tacere è bello,<br/>
sì com' era 'l parlar colà dov' era.<br/>
 
Venimmo al piè d'un nobile castello,<br/>
sette volte cerchiato d'alte mura,<br/>
difeso intorno d'un bel fiumicello.<br/>
 
Questo passammo come terra dura;<br/>
per sette porte intrai con questi savi:<br/>
giugnemmo in prato di fresca verdura.<br/>
 
Genti v'eran con occhi tardi e gravi,<br/>
di grande autorità ne' lor sembianti:<br/>
parlavan rado, con voci soavi.<br/>
 
Traemmoci così da l'un de' canti,<br/>
in loco aperto, luminoso e alto,<br/>
sì che veder si potien tutti quanti.<br/>
 
Colà diritto, sovra 'l verde smalto,<br/>
mi fuor mostrati li spiriti magni,<br/>
che del vedere in me stesso m'essalto.<br/>
 
I' vidi Eletra con molti compagni,<br/>
tra ' quai conobbi Ettòr ed Enea,<br/>
Cesare armato con li occhi grifagni.<br/>
 
Vidi Cammilla e la Pantasilea;<br/>
da l'altra parte vidi 'l re Latino<br/>
che con Lavina sua figlia sedea.<br/>
 
Vidi quel Bruto che cacciò Tarquino,<br/>
Lucrezia, Iulia, Marzïa e Corniglia;<br/>
e solo, in parte, vidi 'l Saladino.<br/>
 
Poi ch'innalzai un poco più le ciglia,<br/>
vidi 'l maestro di color che sanno<br/>
seder tra filosofica famiglia.<br/>
 
Tutti lo miran, tutti onor li fanno:<br/>
quivi vid' ïo Socrate e Platone,<br/>
che 'nnanzi a li altri più presso li stanno;<br/>
 
Democrito che 'l mondo a caso pone,<br/>
Dïogenès, Anassagora e Tale,<br/>
Empedoclès, Eraclito e Zenone;<br/>
 
e vidi il buono accoglitor del quale,<br/>
Dïascoride dico; e vidi Orfeo,<br/>
Tulïo e Lino e Seneca morale;<br/>
 
Euclide geomètra e Tolomeo,<br/>
Ipocràte, Avicenna e Galïeno,<br/>
Averoìs, che 'l gran comento feo.<br/>
 
Io non posso ritrar di tutti a pieno,<br/>
però che sì mi caccia il lungo tema,<br/>
che molte volte al fatto il dir vien meno.<br/>
 
La sesta compagnia in due si scema:<br/>
per altra via mi mena il savio duca,<br/>
fuor de la queta, ne l'aura che trema.<br/>
 
E vegno in parte ove non è che luca.
 
|}
{| width="100%" |
|
| [[A Divina Comédia|Índice]]
| [[A Divina Comédia - Inferno, Canto 5|Canto 5]]
|}
 
[[Categoria:A Divina Comédia]]