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Linha 3:
|autor=Alberto Caeiro
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:Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã.▼
:As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço, ▼
:Da trovoada de depois de amanhã?▼
:Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.▼
:Ter certeza é não estar vendo.▼
:Depois de amanhã não há.▼
:O que há é isto:▼
:Um céu de azul, um pouco baço, umas nuvens brancas no horizonte,▼
:Com um retoque de sujo embaixo como se viesse negro depois.▼
:Isto é o que hoje é,▼
:E, como hoje por enquanto é tudo, isto é tudo.▼
:Quem sabe se eu estarei morto depois de amanhã?▼
:Se eu estiver morto depois de amanhã, a trovoada de depois de amanhã▼
:Será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido. ▼
:Bem sei que a trovoada não cai da minha vista,▼
:Mas se eu não estiver no mundo.▼
:O mundo será diferente —▼
:Haverá eu a menos —▼
:E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada.▼
<poem>
</poem>
{{sem ano}}
[[Categoria:Realismo português]]
[[Categoria:Poesia portuguesa]]
[[Categoria:Alberto Caeiro]]
[[Categoria:Fernando Pessoa]]
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