Gozo os campos sem reparar para eles: diferenças entre revisões

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|autor=Alberto Caeiro
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:Gozo os campos sem reparar para eles.
:Perguntas-me por que os gozo.
:Porque os gozo, respondo.
:Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente
:E ter uma noção do seu perfume nas nossas idéias mais apagadas.
:Quando reparo, não gozo: vejo.
:Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
:Pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos
:À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
:E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
:E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
:E só um resto de vida ouve.
 
<poem>
:Gozo os campos sem reparar para eles.
:Perguntas-me por que os gozo.
:Porque os gozo, respondo.
:Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente
:E ter uma noção do seu perfume nas nossas idéias mais apagadas.
:Quando reparo, não gozo: vejo.
:Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
:Pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos
:À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
:E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
:E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
:E só um resto de vida ouve.
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[[Categoria:Realismo português]]
[[Categoria:Poesia portuguesa]]
[[Categoria:Alberto Caeiro]]
[[Categoria:Fernando Pessoa]]