A Divina Comédia (Xavier Pinheiro)/grafia atualizada/Purgatório/XXXIII: diferenças entre revisões

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|obra=[[A Divina Comédia]]
|author_override=por [[Autor:Dante Alighieri|Dante Alighieri]], tradução de [[Autor:José Pedro Xavier Pinheiro|José Pedro Xavier Pinheiro]]
|seção=[[A Divina Comédia/Purgatório|Purgatório]] — Canto XXXIII
|anterior=[[A Divina Comédia/Purgatório/XXXII|Canto XXXII]]
|posterior=[[A Divina Comédia/Paraíso/I|Paraíso — Canto I]]
|notas=
}}
Linha 24:
 
“Modicum et non videbitis me,<ref>''Modicus et non videbitis me'', “pouco tempo passará e não me vereis mais”, S. João Ev. XVI, 16 [N. T.]</ref>
Caras irmãs, et iterum” &mdash; tornava &mdash;
“Modicum et vos videbitis me”.<ref>Beatriz responde: “e novamente passará pouco tempo e me vereis.” Provável alusão ao pouco tempo que a Santa Sé teria ficado em Avinhão. [N. T.] </ref>
 
Linha 35:
Eis sua vista na minha se depara.
 
&mdash; “Mais perto” &mdash; disse com sereno rosto &mdash;
“Caminha; pois falar quero contigo,
E o leves a me ouvir star bem disposto.” &mdash;
 
Beatriz, logo em tendo-me contigo,
&mdash; “Por que” &mdash; prossegue &mdash;“irmão não hás querido
Me inquirir, quando vens assim comigo?” &mdash;
 
Fiquei, como o que o espírito aturdido,
Linha 48:
 
Falei, com voz cortada, reverente:
&mdash; “Quanto hei mister sabeis mui bem, senhora,
O que seja em prol meu sabeis prudente.” &mdash;
 
&mdash; “De temor e vergonha desde agora” &mdash;
Tornou &mdash; “isento sê, stando ao meu lado:
Como quem sonha as vozes não demora!
 
Linha 72:
 
“A narração, talvez, de treva inçada,
Como as do Esfinge e Têmis não a entendas,<ref>''Esfinge'', que propôs o enigma a Édipo. &mdash; ''Têmis'', que respondeu em forma obscura a Deucalião, que a foi consultar. [N. T.]</ref>
Por parecer-te ao spírito enleada.
 
Linha 113:
“Uma imagem te guarde o pensamento,
Como palma ao bordão junta, voltando,
Peregrino, em remédio ao esquecimento.” &mdash;
 
&mdash; “No cérebro, qual cera conservando” &mdash;
Tornei &mdash; “a marca do sinete impresso,
Vosso verbo se irá perpetuando.
 
“Mas por que se sublima em tanto excesso
Vossa palavra, sempre apetecida,
Que, alcançá-la tentando, desfaleço?” &mdash;
 
&mdash; “Por veres” &mdash; diz &mdash; “que escola pervertida,
Hás cursado, o que, pois, sua doutrina
Ao verbo meu não pode ser erguida;
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“Pois a vereda vossa da divina
É tão remota, quanto está distante
Da terra o céu que ao alto mais se empina” &mdash;
 
&mdash; “Não me lembro” &mdash; respondo à excelsa amante
“De ter-me às vossas leis nunca esquivado:
Não diz-mo a consciência vigilante.” &mdash;
 
&mdash; “Possível é que estejas olvidado” &mdash;
Respondeu-me a sorrir &mdash; “tem na lembrança
Que inda há pouco, hás do Lete água tragado,
 
Linha 145:
“Será da minha voz claro o sentido,
Por que mais facilmente de ora avante
Da rude mente seja percebido.” &mdash;
 
Mais demorado, entanto, e coruscante
Linha 163:
E separar-se lentos, quais amantes.
 
&mdash; “Ó glória! ó esplendor da humana gente!
Qual é, dizei-me, essa água, bipartida
Depois de proceder de uma nascente?” &mdash;
 
&mdash; “Ser-te deve a pergunta respondida
Por Matilde” &mdash; tornou-me então, falando
Em tom de quem por falta fosse argüida,
 
A dama disse: &mdash; “Tudo lhe explicando
Já stive: não podia haver efeito
Do Letes, a lembrança lhe apagando.” &mdash;
 
E falou Beatriz: &mdash; “Pode ter feito
Escura a mente sua o mor cuidado,
Que o entendimento às vezes torna estreito.
Linha 181:
“Eis Eunoé, que o curso há derivado:
Conduze-o e, como sabes, o imergindo,
Seu coração alenta desmaiado.” &mdash;
 
Como alma nobre, ao bem nunca fugindo,
Linha 189:
A gentil dama, usando alta bondade,
Guiou-me e a Estácio disse, que atendia:
&mdash; “Segue-o também” &mdash; com garbo e majestade
 
Esse doce licor, que não sacia,