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|obra=Libelo republicano
|autor=César Zama
|notas= Bahia: Typ. e Encadernação do “Diário da Bahia”, 1899. Com títulos ou subtítulos dos assuntos constantes dos capítulos acrescentados por Juan Carlos.
}}
== Libelo republicano acompanhado de comentários sobre a campanha de Canudos por Wolsey (pseudônimo de Cezar Zama)==
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''O povo que não tem um sentimento vivo e enérgico do seu direito, não saberá defender a sua independência e liberdade.''(Ihering)
===Nota do autor===
Esta página histórica não é o produto do interesse individual, ou da paixão partidária a incitar-nos a pena; do cenário político de nosso país nos retiramos de vez; é, porém, um tributo à verdade, onde povos e reis para não deixarem triste lembrança de sua passagem pela vida devem procurar luz e força.
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Os ódios passarão, e restar-nos-há a tranqüilidade da consciência, que não abandona jamais os que cumprem um dever. “Quia non in solo pane vivil homo, sed in omni Dei verbo.”
Os poderosos do dia não nos intimidam; só tememos AQUELE que nos pode matar a alma.
===Apresentação===
A paixão da honra não envelhece, nem passa pelas vicissitudes, que afetam o corpo. O sentimento da dignidade rejuvenesce os velhos, que devem servir de exemplo à mocidade.
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Cada um será rigorosamente julgado segundo suas obras.
===Grandeza do Brasil===
Nesta vasta região, que no passado constituía o império do Brasil, tão generosamente dotada pela Mão Divina de todas as riquezas naturais imagináveis, tudo é grande, exceto o homem!
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Em gravíssimas faltas deve ter incorrido o povo brasileiro para estar passando por tão dura expiação.
Dez longos anos de desastres e desgraças!
===O 15 de novembro===
Digamos sem rebuço a verdade. O movimento revolucionário de 15 de Novembro não foi obra do exército e da armada.
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Econômica, digna de respeito e amor nacionais, e deram-nos a república mercantil e do encilhamento, a mais repugnante canalhocracia, que a razão humana pode conceber.
O grande leilão da pátria começou e o escândalo foi tal, que o ''Tempo'', jornal republicano radical, e portanto insuspeito à nova ordem de coisas, publicava em suas colunas as seguintes quadras:
<poem>
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O Brasil está em leilão,
Qualquer banqueiro ou barão
Pode bem arrematá-
“Tenho ordem de entregá-lo
A quem dinheiro mais
Vejam lá, quem quer? Quem quer?
Tempo não tenho a perder.
“É pensar e oferecer
Fazendo lance
Que vendo terras e tudo,
Porém com dinheiro à
“Silêncio, pois, que a lista,
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“Seja rico ou seja pobre,
Tudo vendo, meus senhores!
“Capitalistas, doutores
E para que a paciência
Não me falte finalmente,
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— Do Amazonas ao Prata…!”
</poem>
===O Governo provisório===
Por que tudo isso aconteceu? O Provisório deixou de ser o representante dos altos interesses nacionais para ser o protetor de interesses individuais, alguns até inconfessáveis.
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Um decênio inteiro de decepções sucessivas.
===Decepção com a República; Aristides Lobo===
Saldanha Marinho entristecido exclamava coram populo “Esta com certeza não era a república que eu aspirava”.
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As democracias, como elas devem ser, não arruínam um povo inteiro para enriquecerem mercadores políticos.
Em que regímen democrático, regularmente organizado, um ex-ministro e senador acharia ensejo para escrever, sob sua assinatura, as linhas, que se seguem, copiadas textualmente do ''Tempo'', de 7 de setembro de 1893?
“O miserável que entrou para o governo sem ter nada de seu, e enriqueceu-se à custa da fortuna pública, reduzindo à miséria uma nação inteira para locupletar os amigos, que lhe ofereciam palácios, tem agora a ousadia de pretender provar que correu sob minha exclusiva responsabilidade a compra do palácio Itamaraty. – Aristides Lobo.”
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Chamassem-no embora — o injusto, o feroz. Há todavia uma verdade que ninguém ousará contestar: Aristides Lobo entrou pobre para o governo, e saiu como entrou.
===Democracia; Fracasso do regime republicano===
Nas repúblicas democráticas o povo é o soberano, de direito e de fato; a ele, a última palavra sobre os públicos negócios. A soberania nacional é um dogma inviolável e sagrado.
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Um governo assim é a mais detestável máquina de opressão, que se possa imaginar. A calmaria podre, que ele consegue obter pelos recursos criminosos que emprega, é pior e mais temerosa, do que todos os excessos da revolução.
===Um por todos; Governo de Floriano===
Os povos fortes e enérgicos castigam com as armas os que transformam o poder público em instrumento de tirania. Os fracos servem-se do ridículo, que também mata pelo desprezo.
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O Deodoro.
“Foi o
Não laborar num engano
Disse: isto
Do Floriano.
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“O atual presidente
É Prudente de
Uma pergunta prudente:
Demorais?
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Nas respectivas secretarias um acomoda o filho: o outro, o genro e sobrinho.
Terra infeliz! Em que as rendas públicas tornaram-se propriedade de alguns
===Fé republicana===
Em política uma falta é mais que um crime, dizia Talleyrand.
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É mister voltarmos aos moldes eleitorais da lei de 9 de janeiro de 1881.
E. Vacherot, em seu notável ''Estudo sobre a Democracia'', dá ao sufrágio universal a justa medida de seu valor, quando diz: “O sufrágio universal é impraticável em seu pleno e livre exercício, enquanto a educação política do povo não estiver feita. Um governo despótico, ou ditatorial pode empregá-lo aos seus fins, dirigindo-o com o favor do silêncio da imprensa independente e o ruído da imprensa servil, ou devotada.”
===Consciência do crime===
O honrado presidente da República, como todos os brasileiros de coração está sentindo e sofrendo as conseqüências fatais desse erro funesto.
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Como nós, já o nobre presidente da República trabalha e clama pela verdade eleitoral.
Há realmente mérito em reconhecer e confessar a falta cometida; isto, porém, não basta; cumpre repará-la empregando para chegar ao fim todos os meios humanamente possíveis.
===Falecimento do republicano Castellar===
A heróica e infeliz Espanha acaba de perder o maior e o mais eloqüente de seus oradores. O mundo civilizado lamentou com razão o passamento de E. Castellar: era um republicano sem jaça. Para republicanos sinceros a sua autoridade moral será sempre de inestimável valor. Fale por nós o grande morto:
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''Solus reipublicæ suprema lex est''.
===Situação da Bahia===
A situação da quase totalidade dos Estados da União é deplorável: finanças avariadas, e seus habitantes divididos em vencedores e vencidos. Estes têm sede e fome de justiça. Os vencedores negam-lhes pão, água, ar e luz.
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Só nestes tempos calamitosos e sob um governo de tal jaez se arrancam das cadeias públicas criminosos para fazê-los envergar a farda de mantenedores da ordem e defensores das instituições!
===Preliminares da Guerra de Canudos===
A guerra de Canudos foi o requinte da perversidade humana.
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Antonio Conselheiro porém confessava-se monarquista. Era seu direito, direito sagrado, que ninguém podia contestar em um regímen republicano democrático. Não há ato algum por sua parte ou dos seus que fizesse ao menos presumir que ele tentasse contra o governo da República.
===Expedições; A degola===
Somos justos. Pela vasta celebração do grande estadista que tanto tem felicitado a Bahia, nunca passou a idéia de que seu plano de conquista eleitoral tivesse as conseqüências que teve.
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Daí duas conseqüências: — as guerrilhas, ou, diremos melhor, a caçada de homens, e o horror pela degolação, gênero único de morte, que temiam.
===Quarta expedição===
Continuava em exercício o Vice-Presidente.
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Não faltou mesmo quem o atribuísse ao dedo da Providência.
===Aspecto jurídico do conflito===
Enquanto estes fatos se passavam na Bahia, o presidente efetivo reassumia o exercício de seu cargo. O “santo varão”, no dizer de um dos órgãos de publicidade do Rio de Janeiro, não possuía o talento brilhante do seu substituto; não era, como ele, uma sumidade médica e cirúrgica; mas um bacharel formado em ciências jurídicas e sociais e porventura a maior notabilidade forense de Piracicaba. Em assuntos políticos e administrativos, porém, devia mostrar-se menos desorientado do que o ilustre professor na Faculdade de Medicina da Bahia.
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O direito não tem dois pesos, nem duas medidas, e a justiça distribui-se com atenção a posições oficiais.
Era mais que anormal o que se passava na Bahia: uma povoação de mais de vinte mil almas defendia – ''unguibus et rostris'' – o seu direito de vida e propriedade contra um governo, audaz, prepotente e sem a menor noção de seus deveres.
O governo da União não se deu ao trabalho de inquirir de cousa alguma, esquecendo até o que devia à humanidade e às luzes do século.
===Prudente de Moraes===
O Sr. Prudente de Moraes, não obstante a desinteligência, em que se achava com o vice-presidente, encampou ''in totum'' a política deste para a Bahia e tornou-se co-réu do monstruoso atentado, que a posteridade registrará como mais negro borrão da nossa história.▼
▲O Sr. Prudente de Moraes, não obstante a desinteligência, em que se achava com o vice-presidente, encampou in totum a política deste para a Bahia e tornou-se co-réu do monstruoso atentado, que a posteridade registrará como mais negro borrão da nossa história.
O presidente efetivo esqueceu-se de que o dever e a honra de seu cargo impunham-lhe não subordinar aos interesses de uma politicagem baixa, vil e cruel os direitos sagrados da justiça e da humanidade.
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Pois bem: na cena 2ª do 2º ato desse drama o autor põe na boca do protagonista frases, que muito bem lhe podem ser aplicadas: quem nos assegura que uma voz semelhante à que ouvira
Macbett não lhe tenha mais de uma vez ferido os ouvidos?
A consciência do ilustre paulista ainda não está calejada pelo hábito do crime, como a de seu co-réu.
===Desembarque do Ministro da Guerra===
O ardor belicoso do chefe da União não arrefeceu.
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A campanha de Canudos tornou-se para alguns rica mina; não nos referimos aos fornecedores, raça que não escrupuliza nos meios de aumentar os seus cabedais; mas aos que por sua posição oficial não deviam haurir proventos das desgraças públicas.
O marechal ministro, do desempenho do encargo, que lhe fora confiado, desembarcou na terra de Cabral, que achou encantadora, e hospedou-se com o governador, que o tratou fidalgamente, rezam as crônicas. Pudera não.
O exército expedicionário fora dividido em duas colunas: uma viria do norte em direção a
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Vem de molde citar aqui, com endereço a quem competir a resposta de um general francês ao seu soberano: Depois do morticínio de S. Bartolomeu, Carlos 9º escreveu a todos os governadores das províncias ordenando-lhes o extermínio dos huguenotes. O visconde d’Ortes que comandava em Bayonna, respondeu ao rei: “Sire, entre os bons cidadãos, bravos soldados, não encontrei um só carrasco; assim eles e eu suplicamos a V. Majestade a graça de empregar nossos braços e nossas vidas com coisas praticáveis.”
===Última fase da campanha de Canudos; Degola; Baixas===
Na última fase da campanha de Canudos não há, no rigor do termo, operação militar, ou feito d’armas digno de nota especial.
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Imitar Caxias, Osório, Porto Alegre, Itaparica, Floriano, Deodoro, Moreira César, Thompson Flores e outros não é para todos. Acresce que um chefe deve resguardar-se sempre do perigo.
===A fome e a sede; Valentia===
Na linguagem humana não há termos bastante enérgicos, em que se possa narrar os sofrimentos, as privações e misérias, por que passaram soldados e oficiais durante os longos meses, que ainda durou a campanha.
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Corações compassivos… almas cristãs!
===Resistência conselheirista; Antônio Beatinho; Mais degolas===
Canudos tinha chegado à última extremidade; impossível era aos sitiados a resistência por mais tempo. O espetáculo, que oferecia o arraial, não se descreve.
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Atrocidades tais não se descrevem, nem se comentam. O opróbrio não recai somente em seus autores: reflete sobre a nação inteira.
===Testemunhos das atrocidades===
É possível porém que haja algum espírito cético, a quem repugne crer em semelhante monstruosidade. A este e outros de quilate igual recomendamos a leitura atenta do documento histórico que abaixo inserimos.
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“Durante a noite de 4 para 5 o inimigo tentou várias vezes romper as nossas linhas, cessando apenas a fuzilaria por momentos, uma ou outra vez.
“Na manhã de 5, tendo cessado o fogo às 5 e 50 minutos, a jagunçada começou a fazer entrega de mulheres e crianças, em número superior a cem, algumas feridas, mais ou menos gravemente, porém todas famintas, sedentas, esquálidas, verdadeiras múmias ambulantes, caminhando com dificuldade, amparadas por soldados ou oficiais, que mesmo no meio do combate sabem mostrar a generosidade de um coração brasileiro<
“O alferes Mangabeira, do 25 ou do 30, um destemido, cuja bravura tem tanta impetuosidade que chega a parecer doidice, ia e vinha trazendo duas mulheres pelas mãos, duas crianças nos ombros, outras pela frente andando com dificuldade, e tornava ao antro dos inimigos, intimando-os a que se entregassem, e eles, acocorados nos fossos, respondiam sempre que prefeririam morrer, mas não se entregavam.
Linha 634 ⟶ 616:
“O bravo major Frederico Lisboa de Mára, com o heróico 4º de infantaria do seu comando, ocupava a igreja nova, tendo até linha de atiradores no alto dos andaimes interiores, cujos soldados há 4 dias faziam fogo pelas seteiras e pequenas janelas superiores e inferiores do edifício, sempre a cavaleiro do inimigo.
“Havia na linha, junto à igreja, dous coronéis comandantes de brigada, Medeiros e Sampaio.<
“O coronel Medeiros, que então agia desembaraçadamente, com valor e entusiasmo, resolveu mandar uma última intimação ao inimigo para que se rendesse escolhendo o alferes Alfredo Rodrigues da Silva e o sargento Ildefonso Toletano de Araújo, todos do 22º, que prontamente saltaram as trincheiras e internaram-se no recinto ocupado pelo inimigo, acompanhados de um cabo e um soldado.
Linha 666 ⟶ 648:
“Este mandou logo, 4 horas e 7 minutos da tarde, tocar alvorada. Todas as forças formaram em suas respectivas posições; o pavilhão nacional foi hasteada em todos os recantos de Canudos; as músicas tocaram o hino glorioso da pátria e os três generais desceram de seus quartéis, viva, entusiástica e delirantemente aclamados pela tropa, que os vitoriava incessantemente.
“Canudos era uma vasta fogueira! As ruas estavam tapetadas por milhares de cadáveres!
“O primeiro general que chegou foi o bravo general Barbosa, sendo vivamente vitoriado. Quando chegou o general Arthur, foi este espontaneamente aclamado o primeiro herói da República!<
“Enquanto todos nos confundíamos em abraços e manifestações de alegria, congratulando-nos uns com os outros, o general em chefe, que sabia da morte do Antonio Conselheiro, mandava a distinta comissão de engenheiros que fizesse remover o entulho do santuário a fim de se descobrir a sepultura do homem sertanejo e inculto que, habilmente fanatizando uma grande parte de seus concidadãos, abalou no fim deste século o seu país inteiro.
Linha 678 ⟶ 660:
“Das 6 da tarde em diante, até alta hora da noite, todos os oficiais das brigadas e corpos foram incorporados e com bandas de música foram cumprimentar os generais Arthur Oscar, Barbosa e Carlo Eugenio, trocando-se congratulações simultâneas pela feliz terminação de tão sangrenta guerra e pela vitória das armas republicanas, vitória que veio consolidar a República com uma lição tremenda aos perturbadores da ordem.
“Estava salva a honra da pátria e do exército e a honra da própria Bahia, tão vilmente caluniada pelos agitadores estultos, que tudo vêem e tudo
“E assim passou-se a noite entre vivas aclamações à República, à Constituição, à memória do marechal Floriano, aos governos da União e da Bahia, ao ministro da guerra, ao legendário Arthur Oscar, ao bravo general Barbosa, ao general C. Eugenio, aos coronéis Olympio da Silveira, Dantas Barreto, Siqueira de Menezes, Medeiros, Lopes Rego, Campello, Sampaio, corpo médico, engenheiros, alunos das escolas militares, polícias da Bahia, S. Paulo, Pará e Amazonas, à memória de Moreira Cezar, Tamarindo, Tompson Flores, Sucupira, Tupy Caldas e outros.
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Nessa carta fala ainda ele em remessa de prisioneiros feitos depois do assalto. Nem um só destes apareceu em parte alguma! Todos tiveram sorte igual à de Beatinho.
===Resultados da campanha de Canudos===
Os que conceberam, iniciaram e levaram ao fim a campanha de Canudos conseguiram apenas os seguintes tristes e lamentáveis resultados:
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A capital federal e S. Paulo cercaram de homenagens a mais chata e funesta mediocridade, que tem passado pelas regiões do poder. É que a consciência nacional está tomada de torpor e marasmo. Com o despertar da alma popular virá a justiça.
Canudos, na vida da República, foi rico manancial de onde os exploradores sem entranhas hauriram proventos e grandezas, com que não contavam. Eles aí andam fartos e contentes: acabarão
===Antonio Conselheiro===
Antonio Conselheiro era um desequilibrado, um fanático, dizem; mas não servia aos partidos: nós o temos na conta de um crente, cujo espírito vivia em um sonho perene entre os labores da terra e as esperanças de céu: trabalhava, orava e predicava.
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Então, é bem possível que o espectro de Canudos, gotejando sangue, leve-o a por os olhos no céu suplicando-lhe o perdão de todos os males, que espalhou na terra que ele devia amar e respeitar.
===Flagelos da Bahia===
É quase inacreditável o que se passa na Bahia. A fome, a seca, a peste e a guerra completaram a obra da perversidade humana.
Entre o Estado e os que o governam, a antítese é perfeita: estes
Outrora os homens públicos não se preocupavam de aumentar suas rendas e cabedais. O ''desideratum'' de todos era a pátria grande, próspera, feliz e respeitada. Hoje este vocábulo para muitos não tem significação: estes, como todos os que perdem o senso moral, já não têm outro objetivo senão enriquecer: afastados da sociedade sã e da religião, o ouro tornou-se o soberano de suas almas.
Os que ainda não perderam as noções da dignidade política sentem indefinível angústia ante a subversão completa da ordem moral, que vai por aí além.
===''Corrompere et corrumpi''; Epílogo===
''Corrompere et corrumpi'' – tem sido o programa do governo da Bahia; é de tal ordem que, não há muito, um antigo e acreditado órgão do jornalismo baiano, fora inteiramente da arena partidária, inseria em suas colunas editoriais as seguintes linhas, que bem revelam o que vai pelas regiões oficiais:
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Este modo de pensar honra-o e o eleva aos olhos de todos os brasileiros de coração e pois não hesitamos em dizer-lhe:
A República acha-se entre as pontas deste dilema:
Não há meio termo.
Setembro de 1899.
WOLSEY
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