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Revisão das 17h42min de 24 de junho de 2010
E a mesma intima turbação tirava-lhe ainda a firmeza á voz e ao olhar.
—Porque não as sentia, Bertha—redarguiu Mauricio.
Bertha abanou a cabeça com ar de duvida e quasi de tristeza, e tornou sobresaltada:
—Parece-me que os que melhor dizem d'essas coisas são os que menos sentem.
—Tambem lhe ensinaram a desconfiar, Bertha?
—É tão facil ensino! Cada um aprende por si.
—Vamos—interrompeu Thomé—nada de estar parados no meio da estrada. Lembra-te, Bertha, de que tua mãe a estas horas não faz outra coisa mais do que espreitar da janella a vêr se te vê chegar.
—Vamos lá.
Mauricio dirigiu o cavallo para o lado do de Bertha, que cavalgava assim entre o fidalgo e o pae.
—Que saudades me estão fazendo estes sitios!—dizia Bertha, suspirando e emquanto corria a vista pelo horisonte, que a rodeava.—Tudo me é tão conhecido ainda!
—Lembra-se d'aquelles freixos, lá em baixo, ao descer para os Palheiros Queimados?—perguntou Mauricio, apontando para o logar que designava. —Bem sei. É onde está a fonte da Moira.
—E aonde nós um dia fomos com a Anna do Védor colher agriões. Está certa?
—É verdade. E por signal que nos sahiu da quinta do Emigrado um cão grande que lá havia, e que se atirou a mim com uma furia!
—E não se lembra de quem lhe acudiu?
—Sim, foi o snr. Mauricio, mas tambem lhe valeu a Anna do Védor, que se não fosse ella, vamos, não sei o que seria.
—Ainda assim não impediu que o endiabrado me mordesse no pulso; ainda conservo a cicatriz. Olhe.
E Mauricio mostrou o pulso a Bertha, que se curvou para observar o vestigio d'aquelle episodio de infancia.
—É verdade—proseguiu Bertha, já mais á vontade
OS FIDALGOS - VOL.1.
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