Rimas (Francisco Álvares de Nóbrega): diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
movido de pt-wiki
 
ajustes
Linha 4:
|notas=
}}
{{TOC}}
== Na fralda de dois íngremes rochedos ==
<poem>
Na fralda de dois íngremes rochedos,
Que levantam aos Céus fronte orgulhosa,
Existe de Machim a Vila idosa
Povoada de escassos arvoredos.
 
Pelo meio, alisando alvos penedos,
Desce extensa Ribeira preguiçosa,
Porém, tão crespa na estação chuvosa
Que aos íncolas infunde respeito e medo.
 
Ás margens dela em hora atenuada,
Vi a primeira luz do sol sereno,
Em pobre sim, mas paternal morada.
 
Aos trabalhos me afiz desde pequeno.
O abrigo deixei da Pátria amada
E vim ser infeliz noutro terreno.
</poem>
''Poema dedicado à sua terra natal, Machico''
 
== Do vasto Oceano flor, gentil Madeira ==
<poem>
Do vasto Oceano flor, gentil Madeira,
Que murta viçosa o cimo enlaças,
Sóbria a teu seio amamentando as Graças,
Com o vítrio suco da imortal Parreira
 
Daquele, que em ti viu a luz primeira,
==Na fralda de dois íngremes rochedos==
Se acaso é crível que inda apreço faças,
<br />
Entre o prazer das brincadeiras taças
:Na fralda de dois íngremes rochedos,
Recolhe a minha produção rasteira.
:Que levantam aos Céus fronte orgulhosa,
 
:Existe de Machim a Vila idosa
É donativo escasso, eu bem conheço;
:Povoada de escassos arvoredos.
Mas o desejo que acompanha a oferenda,
<br />
Lhe avulta a estima, lhe engrandece o preço.
:Pelo meio, alisando alvos penedos,
 
:Desce extensa Ribeira preguiçosa,
Deixa que a roda o meu Destino prenda;
:Porém, tão crespa na estação chuvosa
Em cessando estes males, que padeço
:Que aos íncolas infunde respeito e medo.
Talvez então mais altos dons te renda.
<br />
</poem>
:Ás margens dela em hora atenuada,
''Poema dedicado à Ilha da Madeira''
:Vi a primeira luz do sol sereno,
 
:Em pobre sim, mas paternal morada.
== Sisudo Ornelas meu, em cujos lares ==
<br />
<poem>
:Aos trabalhos me afiz desde pequeno.
Sisudo Ornelas meu, em cujos lares
:O abrigo deixei da Pátria amada
A tenra flor dos anos meus abriu,
:E vim ser infeliz noutro terreno.
Flor que, ao depois, do tempo a mão cobriu
<br />
De hórrido luto, e de fatais pesares.
<div style="text-align: center;">Poema dedicado à sua terra natal: [[Machico]].</div> </span>
 
<br />
Transpondo o espaço de alongados ares,
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Do vasto Oceano flor, gentil Madeira</span>==
Leve sinal de gratidão te enviu,
<br />
Da minha história o entre-cortado fio
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Do vasto Oceano flor, gentil Madeira,
Verás, quando este livro folheares.
:Que murta viçosa o cimo enlaças,
 
:Sóbria a teu seio amamentando as Graças,
Ao ler os duros males que lastimo,
:Com o vítrio suco da imortal Parreira
Não afogues em mar de novo pranto
<br />
Planta nutrida ao teu afago e mimo.
:Daquele, que em ti viu a luz primeira,
 
:Se acaso é crível que inda apreço faças,
Vingam-me as musas de infortúnio tanto;
:Entre o prazer das brincadeiras taças
Afugento a Desgraça, a dor suprimo
:Recolhe a minha produção rasteira.
Quando ao toque da Lyra a voz levanto.
<br />
</poem>
:É donativo escasso, eu bem conheço;
''Poema dedicado a Marcos de Ornelas, seu protector.
:Mas o desejo que acompanha a oferenda,
 
:Lhe avulta a estima, lhe engrandece o preço.
==Caro colega meu, Mendes querido==
<br />
<poem>
:Deixa que a roda o meu Destino prenda;
Caro colega meu, Mendes querido,
:Em cessando estes males, que padeço
Lenitivo suave a meu cuidado,
:Talvez então mais altos dons te renda.
Quando em austero asilo aferrolhado
<br />
Nos verdes anos meus era oprimido.
<div style="text-align: center;">Poema dedicado à [[Ilha da Madeira]]. </div> </span>
 
<br />
Pela mão da verdade aqui tecido
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Sisudo Ornelas meu, em cujos lares</span>==
C’as próprias tintas, que moera o fado,
<br />
O quadro vê daquele antigo estado,
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Sisudo Ornelas meu, em cujos lares
Em trabalhos fatais reproduzido.
:A tenra flor dos anos meus abriu,
 
:Flor que, ao depois, do tempo a mão cobriu
O que é a desventura enfim repara;
:De hórrido luto, e de fatais pesares.
Depois que desandou a roda sua,
<br />
Oh! como, amigo, raras vezes pára!
:Transpondo o espaço de alongados ares,
 
:Leve sinal de gratidão te enviu,
Tem sido a minha vida amarga e crua,
:Da minha história o entre-cortado fio
De martírios sem fim cadeia rara,
:Verás, quando este livro folheares.
Que de hora em hora sem cessar gradua.
<br />
</poem>
:Ao ler os duros males que lastimo,
''Poema dedicado ao colega de seminário João Mendes da Silva.''
:Não afogues em mar de novo pranto
 
:Planta nutrida ao teu afago e mimo.
== Cícero Funchalense, eu te saúdo ==
<br />
:Vingam-me as musas de infortúnio tanto;
:Afugento a Desgraça, a dor suprimo
:Quando ao toque da Lyra a voz levanto.
<br />
<div style="text-align: center;">Poema dedicado a Marcos de Ornelas, seu protector. </div> </span>
<br />
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Caro colega meu, Mendes querido</span>==
<br />
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Caro colega meu, Mendes querido,
:Lenitivo suave a meu cuidado,
:Quando em austero asilo aferrolhado
:Nos verdes anos meus era oprimido.
<br />
:Pela mão da verdade aqui tecido
:C’as próprias tintas, que moera o fado,
:O quadro vê daquele antigo estado,
:Em trabalhos fatais reproduzido.
<br />
:O que é a desventura enfim repara;
:Depois que desandou a roda sua,
:Oh! como, amigo, raras vezes pára!
<br />
:Tem sido a minha vida amarga e crua,
:De martírios sem fim cadeia rara,
:Que de hora em hora sem cessar gradua.
<br />
<div style="text-align: center;">Poema dedicado ao colega de seminário João Mendes da Silva. </div> </span>
<br />
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Cícero Funchalense, eu te saúdo</span>==
<br />
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Cícero funchalense, eu te saúdo,
Linha 117 ⟶ 115:
<div style="text-align: center;">Poema dedicado ao padre, e seu professor, João Francisco Lopes da Rocha. </div> </span>
<br />
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Alvíssaras, Funchal, da opressa frente</span> ==
<br />
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Alvíssaras, Funchal, da opressa frente
Linha 139 ⟶ 137:
<div style="text-align: center;">Poema celebrando a partida do Bispo do [[Funchal]], D. [[José da Costa Torres]]. </div> </span>
<br />
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Se d’entre as lidas do enredo foro</span> ==
<br />
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Se d'entre as lidas do enredado foro,
Linha 160 ⟶ 158:
<div style="text-align: center;">Poema enviado ao Dr. Luis António Jardim relatando a sua prisão no Aljube do [[Funchal]]. </div> </span>
<br />
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Prelado Excelso, o Nóbrega doente</span> ==
<br />
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Prelado Excelso, o Nóbrega doente,