Rimas (Francisco Álvares de Nóbrega): diferenças entre revisões

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E vim ser infeliz noutro terreno.
</poem>
 
''Poema dedicado à sua terra natal, Machico''
 
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Talvez então mais altos dons te renda.
</poem>
 
''Poema dedicado à Ilha da Madeira''
 
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Quando ao toque da Lyra a voz levanto.
</poem>
 
''Poema dedicado a Marcos de Ornelas, seu protector.
 
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Que de hora em hora sem cessar gradua.
</poem>
 
''Poema dedicado ao colega de seminário João Mendes da Silva.''
 
== Cícero Funchalense, eu te saúdo ==
<br /poem>
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Cícero funchalense, eu te saúdo,
:E grato cá de longe a voz alçando,
:Te agradeço as lições que bebi, quando
:Comecei a gostar o doce estudo.
 
<br />
:Elas escoram o alentado escudo
:Com que espanto este mal, que estou passando,
:No meio dos trabalhos recordando
:Ditames, que te ouvi absorto e mudo.
 
<br />
:Tu me dispusestes o loiro que me enrama,
:Que nem o raio cresta, nem me consome,
:Apesar da desgraça, que me acama.
 
<br />
:Com a minha glória a tua glória assome,
:Participa também da minha fama,
:Ouvido seja, a par do meu, teu Nome.
<br /poem>
 
<div style="text-align: center;">Poema dedicado ao padre, e seu professor, João Francisco Lopes da Rocha. </div> </span>
''Poema dedicado ao padre, e seu professor, João Francisco Lopes da Rocha.''
<br />
 
== Alvíssaras, Funchal, da opressa frente ==
<br /poem>
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Alvíssaras, Funchal, da opressa frente
:Arranca enfim o ramo d’acipreste;
:As alvas roupas de alegria veste;
:As faces banha de prazer veemente!
 
<br />
:O flagelo tenaz da humana gente,
:Mais terrível que fome, guerra e peste
:Por decreto fatal de Mão celeste
:A seu pesar te deixa em paz contente!
 
<br />
:Era um «santo» Varão!... Viver devia
:Lá no calado horror das mudas selvas,
:Onde nem sequer visse a luz do dia;
 
<br />
:Brutas feras tratar, manter-se em relvas,
:Esse aborto da torpe hipocrisia,
:O Bispo do Funchal, eleito d’Elvas.
<br /poem>
 
<div style="text-align: center;">Poema celebrando a partida do Bispo do [[Funchal]], D. [[José da Costa Torres]]. </div> </span>
''Poema celebrando a partida do Bispo do Funchal, D. José da Costa Torres.''
<br />
 
== Se d’entre as lidas do enredo foro ==
<br /poem>
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Se d'entre as lidas do enredado foro,
:Que das Musas louçãs desdenha o mimo,
:Do fértil monte ao sempre verde cimo
:Vás inda alguma vez, Jardim sonoro.
 
<br />
:Se do metro suave o som canoro,
:A cujo encanto o gasto alento animo,
:Inda sabe em teu seio achar arrimo,
:E a Lyra adoras, bem como eu a adoro;
 
<br />
:Acolhe brandamente em teu recinto
:A escassa produção com que à luz saio,(…)
 
<br />
:De mim só fala, lê-lo sem desmaio
:Porque eu fiz por tratar do mal que sinto,
:Sem me queixar de quem me forja o raio.
<br /poem>
 
<div style="text-align: center;">Poema enviado ao Dr. Luis António Jardim relatando a sua prisão no Aljube do [[Funchal]]. </div> </span>
''Poema enviado ao Dr. Luis António Jardim relatando a sua prisão no Aljube do Funchal.''
<br />
 
== Prelado Excelso, o Nóbrega doente ==
<br /poem>
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Prelado Excelso, o Nóbrega doente,
:Cá das margens do Tejo, onde o remistes,
:Vai, sobre as asas de seus versos tristes,
:A beijar-vos humilde a mão clemente.
 
<br />
:Ainda se lembra da tenaz corrente,
:Que de seu roto pé, Sábio despistes,
:Quando em cárcere abjecto em luto o vistes
:Dos pais, do bemfeitor, da Pátria ausente.
 
<br />
:Só vós o fado meu vencer pudestes,
:Só vós os amargos dias me adoçastes,
:Do vosso antecessor mimos agrestes.
 
<br />
:Conheça o Mundo o quão diverso andastes;
:Aquele me espancou, vós me acolhestes;
:Aquele me prendeu, vós me soltastes.
<br /poem>
 
<div style="text-align: center;">Poema dedicado ao Bispo do [[Funchal]] D. Luís Rodrigues de Villares, seu protector. </div> </span>
''Poema dedicado ao Bispo do Funchal D. Luís Rodrigues de Villares, seu protector.''
<br />
 
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Se lá de quando em quando, Águia do Sena</span>==
== Se lá de quando em quando, Águia do Sena ==
<br />
<poem>
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Se lá de quando em quando, Águia do Sena,
Se lá de quando em quando, Águia do Sena,
:Sobre os ditames da moral mais pura,
Sobre os ditames da moral mais pura,
:Não entornasses a letal doçura,
Não entornasses a letal doçura,
:Que teus altos escritos envenena;
Que teus altos escritos envenena;
<br />
 
:Se o Sol da Graça fúlgida, serena,
Se o Sol da Graça fúlgida, serena,
:Iluminasse igual tua escritura:
Iluminasse igual tua escritura:
:Quem não te levaria à sepultura
Quem não te levaria à sepultura
:Amplos tributos de saudade e pena!
Amplos tributos de saudade e pena!
<br />
 
:Que vezes pela noite extensa e fria,
Que vezes pela noite extensa e fria,
:Curvado sobre ti, absorto exclamo:
Curvado sobre ti, absorto exclamo:
:Oh alma grande! Assim não fora ímpia!
Oh alma grande! Assim não fora ímpia!
<br />
 
:Com teu estro sublime ali m’ inflamo;
Com teu estro sublime ali m’ inflamo;
:E abrasado na luz que o acendia,
E abrasado na luz que o acendia,
:Sem teus erros amar, seus vôos amo.
Sem teus erros amar, seus vôos amo.
<br />
</poem>
<div style="text-align: center;">Poema dedicado a [[Voltaire]]. </div> </span>
 
<br />
''Poema dedicado a Voltaire.''
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Ave Real, que a esfera demandando</span>==
 
<br />
:<span style="font-family:= Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Ave Real, que a esfera demandando, ==
<poem>
:Sobre o Clima Britano o voo erguias,
Ave Real, que a esfera demandando,
:E de perto a tratar c'os astros ias,
Sobre o Clima Britano o voo erguias,
:Leis infalíveis a seu giro dando (…)
E de perto a tratar c'os astros ias,
<br />
Leis infalíveis a seu giro dando (…)
:Sentindo de te ver partir tão cedo,
 
:O carpir os Heróis pertence aos Vates)
Sentindo de te ver partir tão cedo,
:De cá teu nome entoarei a medo. (…)
O carpir os Heróis pertence aos Vates)
<br />
De cá teu nome entoarei a medo. (…)
<div style="text-align: center;">Excerto de um poema dedicado a [[Isaac Newton]]. </div> </span>
<br /poem>
 
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Entre desgosto e desgosto</span>==
''Excerto de um poema dedicado a Isaac Newton.''
<br />
 
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;"> (…) Entre desgosto e desgosto
== Entre desgosto e desgosto ==
:Caminho ao meu triste fim,
<poem>
:Como se já para mim
(…) Entre desgosto e desgosto
:Da vida o Sol fora posto;
Caminho ao meu triste fim,
:As manchas que tem meu rosto,
:DaComo morte sãosematizes,para mim
Da vida o Sol fora posto;
:Meu mal tem fundas raízes.
As manchas que tem meu rosto,
:E quer a acerba desgraça
Da morte são já matizes,
:Que eu brilhante época faça
Meu mal tem fundas raízes.
:No livro dos infelizes.
E quer a acerba desgraça
<br />
Que eu brilhante época faça
:Quem deste fatal volume
No livro dos infelizes.
:Quizer combinar os factos,
 
:Em mim os tem mais exactos,
Quem deste fatal volume
:Mais fieis do que presume;
Quizer combinar os factos,
:A minha vida resume
Em mim os tem mais exactos,
:Todo o rigor d’impios fados:
Mais fieis do que presume;
:Enfim se forem lembrados
A minha vida resume
:Nos tempos mais horrorosos
Todo o rigor d’impios fados:
:Se julgarão fabulosos
Enfim se forem lembrados
:Os meus dias desgraçados.
Nos tempos mais horrorosos
<br />
Se julgarão fabulosos
<div style="text-align: center;">Excerto de um poema em que o poeta lamenta o abandono a que foi votado por parte dos seus amigos, tementes do contágio pela doença. </div> </span>
Os meus dias desgraçados.
<br />
</poem>
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Um mortal sem valia, um desgraçado</span>==
 
<br />
''Excerto de um poema em que o poeta lamenta o abandono a que foi votado por parte dos seus amigos, tementes do contágio pela doença.''
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Um mortal sem valia, um desgraçado,
 
:Que em pobre leito há meses geme aflito,
== Um mortal sem valia, um desgraçado ==
:Que traz na própria face o mal escrito,
<poem>
:Até dos mesmos seus abandonados,
Um mortal sem valia, um desgraçado,
<br />
Que em pobre leito há meses geme aflito,
:De agudíssimas dores volteado.
Que traz na própria face o mal escrito,
:Aos céus mandando inconsável grito,
Até dos mesmos seus abandonados,
:Que desordem, que crime, que delito
 
:Cometer poderia, ou que atentado?
De agudíssimas dores volteado.
<br />
Aos céus mandando inconsável grito,
:Juízo dos mortais, quanto te iludes!
Que desordem, que crime, que delito
:A menor sombra tuas vozes borra,
Cometer poderia, ou que atentado?
:Tu confundes os vícios c’o virtudes!
 
<br />
Juízo dos mortais, quanto te iludes!
:E sentirei em fúnebre masmorra
A menor sombra tuas vozes borra,
:De parca desumana os golpes rudes,
Tu confundes os vícios c’o virtudes!
:Sem ter piedosa mão que me socorra?
 
<br />
E sentirei em fúnebre masmorra
<div style="text-align: center;">Poema relatando o seu segundo encarceramento na Cadeia do Limoeiro. </div> </span>
De parca desumana os golpes rudes,
<br />
Sem ter piedosa mão que me socorra?
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Sem par Elmano, a quem Pindo a chave</span>==
<br /poem>
 
:<span style="font-family: Lucida Calligraphy; font-size: 13pt; color: black;">Sem par Elmano, a quem do Pindo a chave
''Poema relatando o seu segundo encarceramento na Cadeia do Limoeiro.''
:Franqueara o Pastor do loiro Amfriso,
 
:Quanto mal te apontava ao rosto liso
== Sem par Elmano, a quem Pindo a chave ==
:A sombra, que afugenta o branco ignave;
<br /poem>
Sem par Elmano, a quem do Pindo a chave
:Mana dos lábios teus néctar suave,
Franqueara o Pastor do loiro Amfriso,
:Se copias de Armia o doce riso;
Quanto mal te apontava ao rosto liso
:Fala por tua boca um Deus diviso,
A sombra, que afugenta o branco ignave;
:Se tratas da Moral sisuda e grave.
 
<br />
Mana dos lábios teus néctar suave,
:Sobre as asas reais, cria inda implume
Se copias de Armia o doce riso;
:Águia possante pouco a pouco exalta,
Fala por tua boca um Deus diviso,
:Té que a faça do Phebo o lume:
Se tratas da Moral sisuda e grave.
<br />
 
:Assim teu metro, que meu estro esmalta,
Sobre as asas reais, cria inda implume
:Me convida a subir da Glória ao cume,
Águia possante pouco a pouco exalta,
:E o ensino me dá, que inda me falta.
Té que a faça do Phebo o lume:
<br />
 
<div style="text-align: center;">Poema dedicado a [[Manuel Maria Barbosa du Bocage|Bocage]], seu contemporâneo de cárcere na Cadeia do Limoeiro. </div> </span>
Assim teu metro, que meu estro esmalta,
<br />
Me convida a subir da Glória ao cume,
E o ensino me dá, que inda me falta.
</poem>
 
''Poema dedicado a Bocage, seu contemporâneo de cárcere na Cadeia do Limoeiro.''
 
==<span style="font-family: Edwardian Script ITC; font-size: 32pt; color: brown;">Palinuro Sagrado, oh, como absorto</span>==
<br />