Ode ao Dous de Julho: diferenças entre revisões

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Revisão das 18h11min de 8 de agosto de 2006


Era no dous de julho. A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Bahia...
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
"Neste lençol tão largo, tão extenso,
"Como um pedaço roto do infinito...
O mundo perguntava erguendo um grito:


"Qual dos gigantes morto rolará?!..."
Debruçados do céu... a noite e os astros
Seguiam da peleja o incerto fado...
Era a tocha -o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma-o vasto chão!
Por palmas-o troar da artilharia!


Por feras-os canhões negros rugiam!
Por atletas-dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro - era a amplidão!
Não! Não eram dous povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensangüentado...
Era o porvir-em frente do passado,


A Liberdade-em frente à Escravidão,
Era a luta das águias - e do abutre,
A revolta do pulso-contra os ferros,
O pugilato da razão - com os erros,
O duelo da treva-e do clarão!...
No entanto a luta recrescia indômita...


As bandeiras - como águias eriçadas -
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz...
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava...
E a glória desgrenhada acalentava


O cadáver sangrento dos heróis!...
Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
 
Foram cantar os hinos do arrebol,


Lá do campo deserto da batalha Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu- Liberdade peregrina!
Esposa do porvir-noiva do sol!...
Eras tu que, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,


Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio - no infinito...
Um trapo de bandeira - n'amplidão!...

(Espumas Flutuantes, 34)