Carta de Álvares de Azevedo à sua irmã (1851): diferenças entre revisões

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Minha irmã: No dia de teus anos que queres que eu te diga?
Que os anos da virgem são como as manhas das flores? E que na aurora da vida flores e donzela, cintilantes do orvalho de Deus, têm mais pureza e perfume?
 
Não. Dir-te-ei somente uma coisa. E’que lá no Rio vale talvez a pena fazer anos. Numa tarde de primavera, e d’esperança vivendo e sentindo-se viver, é doce por ventura sentir que mais um ano passou como um sonho, mais um ano de saudade e felicidade.
 
Aqui não acontece assim. O céu tem névoas, a terra não tem verdura, as tardes não têm perfumes. E’uma miséria! E’para desgostar um homem toda a sua vida de ver ruínas! Tudo aqui parece velho e centenário... até as moças! São insípidas como a velhice!
 
O dia 12 de Setembro está para chegar. Estou quase não fazendo anos desta vez.
Adeus, minha irmã. A página nova da vida que se abriu hoje seja tão feliz como a que se fechou ontem. O dia seja belo como a aurora, ─ o futuro tão suave como a saudade é doce. Adeus!
 
E’a palavra que de entre as taipas em ruína da nossa terra te envia