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No inverno costumam passar por aquelas paragens ranchos de caçadores que demandam o sertão para a
Parecia uma dessas partidas de caça
Um deles, que parecia ter sobre os camaradas tal ou qual preeminência, adiantou-se enquanto os outros atravessavam muito vagarosamente a testada da casa.
Habituados certamente a esse modo de acolhimento, os caipiras foram por si tomando conta da casa, e aboletando-se na pousada. Uns se estiravam nas camas, e outros já sentados no banco junto à mesa esperavam o almoço com uma fome de caçador.
Dirigindo-se ao balcão, pesquisou ele com os olhos nas prateleiras e por todo o âmbito da taberna, o que havia para matar a fome: e sempre arranjou-se com um velho queijo de Minas, algumas rapaduras e farinha de milho.
Rodearam os caipiras a mesa, e devoraram as provisões, depois de terem molhado a garganta com um copázio de boa cachaça de Piracicaba, a fim de escorregar-lhes bem o bocado, e não os engasgar.
Na extremidade oposta, tomava o Gonçalo seu café, observando os caçadores com a curiosidade natural à vida monótona do interior, mas também com um recacho de arrogante fatuidade. Sem dúvida tinha-se ele por um grande personagem, incógnito àqueles pobres diabos.
Era um pretexto para travar a conversa; mas os outros com a boca cheia não estavam dispostos à palestra. Apenas o Filipe correspondeu com um meneio
Virou o Gonçalo a palangana de café e acendeu o pito.
Fizeram coro os caipiras na gargalhada que despertara o dito do companheiro. Não compreendendo a pilhéria, o Gonçalo estava a olhá-los meio desconfiado e com um riso insosso.
E mostrou as manchas da cara.
— Já vê que é caça gorda.▼
▲— É cá uma história!
▲— Por força que há de conhecer um tal Jão Bugre?
▲— Conheço bem!
▲— Pois aí está a bicha fera que viemos desencovar. Parece que a furna dele fica por aqui perto. Não podia nos dar notícia?
Entrava o Chico Tinguá, com a pichorra de café e as palanganas que deitou sobre a mesa
▲— Mas então os camaradas andam-lhe na pista?
▲Entrava o Chico Tinguá, com a pichorra de café e as palanganas que deitou sobre a mesa, recostando-se depois ao portal da entrada, com a perna trançada e a mão no quadril.
▲— Não ouviu falar no Aguiar, do Limoeiro, não?... Um fazendeiro, que o tal Bugre arrumou com duas facadas, há de andar por uns dois meses?
▲— Tenho uma idéia, replicou o Gonçalo.
▲— O negócio deu brado, porque o homem era rico e andava sempre com uma ruma de capangas. Mas Bugre fez-lhe as contas.
▲— É um temível!
▲— Marcado como ele só!
▲— Nem por isso! observou o Pinta. Mas então é por causa dessa morte que os camaradas vêm prendê-lo?
▲— O filho do Aguiar dá dois contos a quem filiar o meco.
Relanceando um olhar ao Tinguá, que parecia cochilar encostado à ombreira da porta, respondeu o Gonçalo com frouxidão:
Nesse momento um bacorinho de pelo ruivo,
Deu-se por advertido o bacorinho, que imediatamente enfiou outra vez pela venda e foi sair no quintal, onde pôs-se a grunhir com o focinho ao vento e os olhos na porta da cozinha.
— Pudera não! Da maneira por que arranjou-lhe o pai!
Partiam estas vozes do vendilhão, que fazia um grande escarcéu com braços e pernas, a fim de espantar uma besta muar que sua imaginação figurava estar furando a cerca do pasto, ao lado direito da casa. Entretanto o inocente animal assim caluniado pelo dono restolhava pacatamente a grama tosada, em companhia de uma porca e um bacorinho preto, de tamanho igual ao do outro.
Afinal atirou-se o Chico para a cerca, sempre a enxotar o burro, e quebrando o canto desapareceu.
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Riu-se o Gonçalo, e do terreiro disse ao Filipe:
— O patrício faz favor?
[[Categoria:Til|Primeiro Volume, Capítulo 21]]
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