Autor:Francisco de Borja Garção Stockler: diferenças entre revisões

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O tenente-general Francisco de Borja Garção Stockler, 1.º [[barão da Vila da Praia]], faleceu no [[Algarve]]. Aquando da sua morte Stockler exercia o cargo de Governador das Armas do Algarve, nomeado por D. [[Miguel I de Portugal|Miguel I]].
 
===Carreira académica===
Destinado à carreira das armas, Garção Stockler cedo ingressou no Exército, seguindo o normal percurso da oficialidade da época. Em [[1784]], já com 25 anos e com a patente de capitão, matriculou-se na [[Universidade de Coimbra]], onde cursou [[Matemática]]. Obtido o grau de bacharel, foi nomeado lente da [[Academia Real de Marinha]], iniciando aí um distinto percurso de investigação na área dos limites e do cálculo diferencial, então uma nascente área do conhecimento.
 
Pouco depois da sua nomeação para lente de Matemática na Academia Real de Marinha, Garção Stockler foi eleito membro da Academia Real das Ciências de Lisboa, iniciando um intenso labor académico do qual resultaram numerosas publicações insertas, a partir de [[1791]], nas ''Memórias da Academia''. Essas publicações lidavam essencialmente com a teoria dos limites e com as temáticas que hoje vulgarmente se designam por cálculo diferencial, mostrando que estava a par dos mais recentes trabalhos que nesta matéria então se publicavam na Europa.
 
A sua actividade académica granjeou-lhe notoriedade suficiente para ser nomeado para o cargo de secretário da Academia, cabendo-lhe a elaboração do elogio de diversas personalidades do meio académico e político, entre as quais [[Pascoal José de Melo Freire dos Reis]], [[José Joaquim Soares de Barros e Vasconcelos]], [[Roberto Nunes da Costa]], [[Martinho de Melo e Castro]], [[Bento Sanches de Orta]] e [[Guilherme Luís António de Valleré]]. Alguns destes elogios históricos foram posteriormente publicados pela Academia e outros pelo autor, nas suas ''Obras Completas'', das quais saíram os volumes I e II (em 1805 e 1826, respectivamente).
 
Também escreveu o elogio [[d’Alembert]], inspirado no que havia sido escrito pelo [[marquês de Condorcet]], demonstrando bem conhecer os trabalhos dos pensadores franceses coevos.
 
Numa honra raramente concedida a cientistas portugueses, Garção Stockler foi eleito a [[1 de Abril]] de [[1819]] para membro correspondente ("Foreign Member") da [[Royal Society]] de Londres, numa proposta subscrita, entre outros, por John Rowley e S. R. Chapman.
 
===A Guerra das Laranjas e as invasões francesas===
Garção Stockler participou, sob o comando do marechal general D. [[João Carlos de Bragança Sousa e Ligne]], 2.º [[duque de Lafões]], nas campanhas de [[1801]] contra as forças invasoras do [[Príncipe da Paz]], a famigerada [[Guerra das Laranjas]]. Stockler foi secretário militar do duque, de [[1797]] a [[1801]], e parece ter tido um papel importante na condução das operações, ficando o seu nome ligado ao estrondoso fracasso das forças portuguesas. Apesar disso, ou talvez por causa disso, foi nomeado para diversos cargos de importância, entre os quais para vogal do [[Conselho Ultramarino]] e membro da Junta do Código Criminal Militar.
 
Mais tarde, na sua obra ''Cartas ao autor da História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal'', publicada em 1816, tentou explicar as suas acções durante as invasões francesas e apresenta pormenorizadamente as propostas do marechal general e a sua interpretação dos factos que levaram à derrota portuguesa.
 
Quando em [[1807]] as forças francesas comandadas pelo general [[Junot]] entram em Portugal e a corte se retira para o Brasil, Stockler ainda exercia as funções de se
==Publicações==
Garção Stockler é autor de uma volumosa obra que cobre temas de matemática, área em granjeou fama que lhe permitiu ser nomeado sócio correspondente da selecta [[Royal Society]] de Londres, de história do pensamento e de política. Nesta última área desenvolveu acesas polémicas, publicando numerosos textos auto-justificativos, alguns sob pseudónimo, outros em nome de seu filho António Nicolau de Moura Stockler. Dada a conotação absolutista de Stockler, após a implantação do liberalismo a sua obra foi em larga medida vilipendiada e votada ao esquecimentos, com excepção do ''Ensaio histórico sobre a origem e progressos das matemáticas em Portugal'', entretanto recuperado e hoje bastas vezes citado. A obra, em boa parte dispersa, pese embora a edição dos dois volumes da ''Obra Completa'', merece estudo e reedição, depois de ordenada e contextualizada.