Em Tradução:Cândido/Capítulo 7: diferenças entre revisões

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==Como a velha cuidou de Cândido e como ele reencontrou a quem amava==
 
Coragem Cândido não tinha, mas mesmo assim seguiu a velha até uma cabana: ela lhe deu um pote de pomada, deixou-o para comer e beber, deu-lhe uma pequena cama limpa o suficiente e umuma conjuntomuda de roupas. ComeuCândido comeu, bebeu, dormiu e elaa velha disse: "Que a Nossa Senhora de Atocha<ref>''Nossa Senhora de Atocha'' é a pintura de uma "madona negra" que se encontra na paróquia de Atocha, na Espanha. Voltaire escreveu uma anedota que conta o seguinte: "Esta Nossa Senhora é de madeira, todo ano ela chora no dia de sua festa, assim as pessoas choram também. Um dia o pregador, ao ver o carpinteiro com os olhos secos, perguntou-lhe como não se derramava em lágrimas enquanto a Virgem Santíssima chorava, 'Ah meu reverendo', respondeu ele, 'Eu é quem ajustei ela no nicho ontem. Atravessei-lhe com três pregos de trás para a frente, então por isso ela chora'."</ref>, o bispo de Santo Antônio de Pádua e Monsenhor Saint Jacques de Compostela cuidem de vocêti! Eu estareiEstarei de volta amanhã." Cândido, espantado com o que viu, e tudo o que ele sofreu emas ainda mais com a caridade da velha, tentou beijar-lhe a mão. "Esta não é a mão que deves beijar", disse a velha, "voltareiVoltarei amanhã, esfregueesfregues a pomada, coma e durma".
 
Cândido, apesar de tantos desastres, comeu e dormiu. No dia seguinte, a velha trouxe-lhe umo almoçodejejum, esfregou-se a pomada em suas costas, trouxe então o almoço, voltou à noite e trouxe-lhe o jantar. No dia seguinte, a mesma cerimônia. "Quem és?" pergunta Cândido; "Porque inspiras tanta bondade? Que retorno posso lhe trazer?". A velha nada respondia. Mais tarde, retornou, mas não trouxe ceia: "Venha comigo", disse ela, " e não digas nada". A velha o pegou pelo braço e assim caminharam cerca de um quarto de milha até uma casa isolada, rodeada por jardins e canais. Ao chegar, bate à porta que se abre. Ela leva Cândido até uma escada e então até uma saleta decorada e o deixa em um canapé de brocados, sai e fecha a porta. Cândido pensou que estava sonhando, que até então sua vida era um pesadelo, mas naquele momento viva um agradável sonho.
 
"Quem és?" pergunta Cândido; "Porque inspiras tanta bondade? Que retorno posso lhe trazer?". A velha nada respondia.
Logo a velha voltou, apoiando com dificuldade uma mulher trêmula, majestosa, coberta de pedras brilhantes e um véu. "Recolha o véu", disse a velha a Cândido, o jovem aproxima-se timidamente e afasta o véu. Que momento! Que surpresa! Ele acredita ver Cunegundes, na verdade ele a estava vendo. Faltam-lhe as forças, não consegue dizer uma palavra, Cândido cai aos seus pés. Cunegundes cai no canapé. A velha enche-os de licores, recuperam seus sentidos, falam: as primeiras palavras são quebradas, perguntas e respostas recortadas, suspiros, lágrimas, gritos. A velha recomenda para fazerem menos algazarra e os deixa sós.
 
Mais tarde, retornou, mas não trouxe ceia: "Venha comigo", disse ela, "e não digas nada".
"Como!", disse Cândido,"Estás viva! E me encontra em Portugal! Não lhe violaram? Não lhe rasgaram, como o filósofo Pangloss havia assegurado?"
 
A velha o pegou pelo braço e assim caminharam cerca de um quarto de milha até uma casa isolada, rodeada por jardins e canais. Ao chegar, a velha bate à porta que se abre. Ela leva Cândido até uma escada e então até uma saleta decorada e o deixa em um canapé cheio de brocados, sai e fecha a porta. Cândido pensou que estava sonhando, que até então sua vida era um pesadelo, mas naquele momento vivia um agradável sonho.
"De o fato," disse a bela Cunegundes bonito, "mas sem sempre se morre desses acidentes".
 
Logo a velha voltou, apoiando com dificuldade uma mulher trêmula, majestosa, coberta de pedras brilhantes e um véu. "Recolha o véu", disse a velha a Cândido, o jovem aproximaaproximou-se timidamente e afastaafastou o véu. Que momento! Que surpresa! Ele acreditaacreditou ver Cunegundes, na verdade ele a estava vendo.! FaltamFaltarem-lhe as forças, não consegueconseguiram dizer uma palavra, Cândido cai aos seus pés. Cunegundes cai sentada no canapé. A velha enche-os de licores, recuperam seus sentidos, e falam: as primeiras palavras são quebradas, perguntas e respostas recortadas, suspiros, lágrimas, gritos. A velha recomenda para fazerem menos algazarra e os deixadeixam a sós.
 
"Como!", disse Cândido,"Estás viva! E me encontraencontraste em Portugal! Não lhe violaram? Não lhe rasgaram, como disseste o filósofo Pangloss havia assegurado?"
 
"De o fato," disse a bela Cunegundes bonito, "mas sem sempre se morre desses acidentes".
 
"Mas teu pai e tua mãe foram mortos?"
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"Meu irmão também foi morto."
 
"E por que você estáestás em Portugal? Como você sabiasabias que eu estava lá? E por que estranha aventura me mandaste trazer a esta casa?"
 
"Eu lhe contarei tudo isso", respondeu a senhorita, "mas antes disso, tens de me contar tudo o que lhe aconteceu desde o beijo inocente que me destes e os chutes que recebestes."
 
Cândido respeitosamente obedeceu, embora ainda estivesse surpreso, embora sua voz fosseestivesse fraca e trêmula, embora ainda suas costas lhe doíam, ele contou-lhe da forma mais ingênua tudo o que lhe tinha acontecido desde o momento de sua separação. Cunegundes levantou os olhos ao céu, derramou lágrimas ao saber da morte do bom anabatista e de Pangloss, após isso, conteoucontou o seguinte aCândidoa Cândido, que não perdia uma palavra e a devorava com os olhos.
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