Contos de Grimm/O príncipe sapo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Claudio Pistilli (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Claudio Pistilli (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Linha 9:
}}
 
{{multicol}}<div style="text-align:justify">
[[ficheiro:Crane frog4.jpg|thumb|300px|<center>'''O Príncipe Sapo<br>ilustração de Walter Crane (1845-1915)'''</center>]]
[[Ficheiro:InicialH.svg|left|100px]]á muitos e muitos anos, quando os desejos ainda eram atendidos, vivia um rei cujas filhas eram todas lindas, porém, a mais jovem de todas era tão bela, que o próprio sol, que tantas vezes a tinha visto, ficava deslumbrado quando ele brilhava em seu rosto. <br>
 
Perto do castelo do rei havia uma escura e imensa floresta, e debaixo de um pé de lima que havia na floresta também ficava um poço, e quando o dia estava muito quente, a filha do rei saía para a floresta e se sentava ao lado de uma fonte fresca, e quando ela ficava aborrecida, ela pegava uma bola de ouro, e a atirava para o alto e a pegava, e esta bola era o brinquedo favorito dela.<br>
In old times when wishing still helped one, there lived a king whose daughters were all beautiful, but the youngest was so beautiful that the sun itself, which has seen so much, was astonished whenever it shone in her face. Close by the King's castle lay a great dark forest, and under an old lime-tree in the forest was a well, and when the day was very warm, the King's child went out into the forest and sat down by the side of the cool fountain, and when she was dull she took a golden ball, and threw it up on high and caught it, and this ball was her favourite plaything.<br>
Ora, aconteceu que em uma ocasião, a bola de ouro da princesa não caiu em suas lindas mãozinhas quando estava esperando por ela, mas no chão ao longe, e rolou direto dentro da água.<br>
Now it so happened that on one occasion the princess' golden ball did not fall into the little hand which she was holding up for it, but on to the ground beyond, and rolled straight into the water. The King’s daughter followed it with her eyes, but it vanished, and the well was deep, so deep that the bottom could not be seen. On this she began to cry, and cried louder and louder, and could not be comforted. And as she thus lamented, some one said to her, <br>— ''What ails thee, King's daughter? Thou weepest so that even a stone would show pity.'' She looked round to the side from whence the voice came, and saw a frog stretching forth its thick, ugly head from the water. ''Ah! old water-splasher, is it thou?'' said she; ''I am weeping for my golden ball, which has fallen into the well.''<br>
A filha do rei seguiu a bola com os olhos, mas ela desapareceu, e o poço era profundo, tão profundo que ninguém conseguia olhar o fundo. Então ela começou a chorar, e chorava cada vez mais alto, e não conseguia se conformar.<br>
Be quiet, and do not weep, answered the frog. ''I can help thee, but what wilt thou give me if I bring thy plaything up again?'' ''Whatever thou wilt have, dear frog,'' said she—''my clothes, my pearls and jewels, and even the golden crown which I am wearing.''<br>
Enquanto ela assim lamentava, alguém lhe disse: — ''O que te aflige, princesa?'' Choras tanto que até uma pedra ficaria com pena de ti.'' Ela olhou em torno e para os lado de onde vinha a voz, e percebeu que um sapo esticava a sua gorda e feia cabeça para fora da água.<br>
The frog answered, <br>— ''I do not care for thy clothes, thy pearls and jewels, or thy golden crown, but if thou wilt love me and let me be thy companion and play-fellow, and sit by thee at thy little table, and eat off thy little golden plate, and drink out of thy little cup, and sleep in thy little bed—if thou wilt promise me this I will go down below, and bring thee thy golden ball up again.''<br>
— ''Ah!, seu esborrifador d’água, és tu então?''disse ela, — ''estou chorando por causa da minha bola de ouro que caiu no poço.''<br>
Oh, yes, said she, <br>— '' I promise thee all thou wishest, if thou wilt but bring me my ball back again.'' She, however, thought, <br>— ''How silly the frog does talk! He lives in the water with the other frogs and croaks, and can be no companion to any human being!''<br>
— ''Fique calma, e não chore mais'', respondeu o sapo, ''Eu posso te ajudar, mas o que me darias em troca se eu trouxesse de volta o teu brinquedo?''<br>
But the frog when he had received this promise, put his head into the water and sank down, and in a short time came swimming up again with the ball in his mouth, and threw it on the grass. The King’s daughter was delighted to see her pretty plaything once more, and picked it up, and ran away with it. ''Wait, wait,'' said the frog. ''Take me with thee. I can’t run as thou canst.'' But what did it avail him to scream his croak, croak, after her, as loudly as he could? She did not listen to it, but ran home and soon forgot the poor frog, who was forced to go back into his well again.<br>
— ''Qualquer coisa que desejares, querido sapo,''disse ela, ''— ''minhas roupas, minhas pérolas e jóias, e até mesmo a coroa de ouro que eu estou usando.''<br>
The next day when she had seated herself at table with the King and all the courtiers, and was eating from her little golden plate, something came creeping splish splash, splish splash, up the marble staircase, and when it had got to the top, it knocked at the door and cried, <br>— ''Princess, youngest princess, open the door for me.'' She ran to see who was outside, but when she opened the door, there sat the frog in front of it. Then she slammed the door to, in great haste, sat down to dinner again, and was quite frightened. The King saw plainly that her heart was beating violently, and said, <br>— ''My child, what art thou so afraid of? Is there perchance a giant outside who wants to carry thee away?'' ''Ah, no,'' replied she, <br>— ''it is no giant, but a disgusting frog.''<br>
O sapo respondeu, ''As suas roupas não me interessam, nem as tuas pérolas, nem as tuas jóias, ou mesmo a tua coroa de ouro, porém, se me amares, e permitires que seja teu companheiro e me deixares brincar contigo, e me sentares contigo em tua mesinha, e me deixares comer em teu pratinho de ouro, e beber em teu copinho, e dormir em tua caminha — se me prometeres tudo isto, eu desço lá embaixo, e trago para ti a bola de ouro novamente.''<br>
What does the frog want with thee? ''Ah, dear father, yesterday when I was in the forest sitting by the well, playing, my golden ball fell into the water. And because I cried so the frog brought it out again for me, and because he insisted so on it, I promised him he should be my companion, but I never thought he would be able to come out of his water! And now he is outside there, and wants to come in to me.''<br>
— ''Oh, sim,''disse ela, — ''Prometo tudo que quiseres, se trouxeres de volta a minha bola novamente.'' Ela, entretanto, pensou, — ''Como esse sapo fala tolices! Ele vive na água com os outros sapos a coaxar, e não consegue ser companheiro de nenhum ser humano!''<br>
In the meantime it knocked a second time, and cried,<br>
Mas o sapo, depois de ter recebido a promesa dela, colocou a sua cabeça dentro da água, e mergulhou, e pouco depois, veio nadando novamente com a bola em sua boca, e a lançou na grama.<br>
A filha do rei ficou encantada em ver o seu lindo brinquedo mais uma vez, e o apanhou, e saiu correndo com ele.<br>
— ''Espere, espere,''disse o sapo. — ''Leve-me com você. Não consigo correr tanto quanto você.''<br>
Mas de que adiantava ficar coaxando cada vez mais forte atrás dela, e tão alto quanto podia? Ela não o ouvia, e fugiu para casa e logo se esqueceu do pobre sapo, que foi obrigado a voltar para o seu poço novamente.<br>
{{multicol-break}}<div style="text-align:justify">No dia seguinte, quando ela estava sentada à mesa com o rei e todos os seus cortesãos, e estava comendo em seu pratinho de ouro, alguém veio se rastejando, splish, splash, splish, splash e subiu a escada de mármore, e tendo chegado no alto, bateu à porta e gritou:<br>
— ''Princesa, jovem princesa, abra a porta para mim.''<br>
Ela correu para ver quem estava lá fora, porém, quando ela abriu a porta, lá estava o sapo diante da porta. Então, ela bateu a porta, e apressadamente, sentou-se novamente para jantar, e ficou muito assustada.<br>
O rei percebeu claramente que o seu coraçãozinho estava batendo muito forte, e disse:<br>
— ''Filhinha, porque estás tão assustada? Há talvez lá fora um gigante que quer te levar embora?''<br>
— ''Ah, não,''ela respondeu, — ''não é um gigante, mas um sapo nojento.''<br>
— ''O que o sapo quer contigo?<br>
— ''Ah, querido paizinho, ontem, quando eu estava na floresta sentada perto do poço, brincando, minha bola de ouro caiu na água.''<br>
[[Ficheiro:InicialE.svg|left|100px]] como eu chorava, o sapo a trouxe de volta para mim, e como ele era insistente, eu lhe prometi que ele iria brincar comigo, mas eu nunca tinha pensado que ele seria capaz de sair da água! E agora ele está lá fora, e quer entrar para brincar comigo.''<br>
Enquanto isso, o sapo bateu pela segunda vez, e gritou:<br>
— ''Princesa!, jovem princesa!<br>
Abra a porta para mim!<br>
Não te lembras do que me dissestes ontem perto das águas geladas da fonte?<br>
Princesa!, jovem princesa!<br>
Abra a porta para mim!''<br>
Então o rei disse, — ''Aquilo que prometeste, deves cumprir. Ide e faze-o entrar.'' Ela foi e abriu a porta, e o sapo pulou para dentro e a seguiu, passo a passo, até a sua cadeira.<br>
Lá, ele ficou sentado e gritou: — ''Erga-me para perto de ti.'' Ela demorou, até que o rei finalmente ordenou que ela fizesse isso. Quando o sapo foi colocado na cadeira, ele quis subir em cima da mesa, e quando ele estava em cima da mesa ele disse:<br>
— ''Agora, empurre o teu pratinho de ouro mais perto de mim para que nós possamos comer juntos.''<br>
Ela fez isto, porém, era fácil perceber que ela não fazia isso de boa vontade. O sapo adorava o que ele comia, porém, a cada bocado ela quase se afogava com a comida.<br>
Em seguida o sapo disse: — ''Já comi o bastante e estou satisfeito; agora eu estou cansado, leve-me para o teu quartinho e prepare a tua caminha de seda, e nós dois vamos deitar e dormir.''<br>
A filha do rei começou a chorar, porque ela tinha medo do sapo que era frio, e que ela não gostava de tocar nele, e o qual ia agora dormir em sua caminha linda e limpinha. Mas o rei ficou aborrecido e disse:<br>
— ''Aquele que te ajudou quando tiveste com problemas não deve depois ser desprezado por ti.''<br>
Então ela segurou o sapo com dois dedos, subiu com ele as escadas, e o colocou em um cantinho. Mas quando ela estava na cama, ele rastejou até ela e disse:<br>
— ''Estou cansado, e quero dormir também como tu, me levante ou eu vou dizer isso ao teu pai.''<br>
{{multicol-break}}<div style="text-align:justify">[[ficheiro:Crane frog4.jpg|thumb|300px|<center>'''O Príncipe Sapo<br>ilustração de Walter Crane (1845-1915)'''</center>]]
Então ela ficou mais magoada ainda, e o levantou e jogou ele com todas as suas forças contra a parede.<br>
— ''Agora, deves ficar calmo, sapo nojento,''disse ela. Mas quando ele caiu ele não era um sapo, mas filho do rei e tinha olhos lindos e tranquilos.<br>
Ele, por desejo de seu pai, se tornou seu companheiro e marido querido. Então ele lhe contou como ele tinha sido enfeitiçado por uma bruxa má, e como ninguém poderia tê-lo livrado do poço, exceto ela, e que no dia seguinte eles iriam juntos para o seu palácio.<br>
Então eles foram dormir, e na manhã seguinte, quando foram acordados pelo sol, chegou uma carruagem puxada por oito cavalos brancos, os quais tinham plumas brancas de avestruz em suas cabeças, e estavam enfeitados com correntes de ouro, e atrás estava o jovem criado do rei, Henrique, o fiel.<br>
[[Ficheiro:InicialO.svg|left|100px]] fiel Henrique tinha ficado tão infeliz quando o seu amo foi transformado num sapo, que ele mandou colocar três ataduras de ferro em volta do seu coração, para que ele não estourasse de tanta dor e sofrimento. A carruagem era para conduzir o jovem rei para o seu palácio.<br>
O fiel Henrique ajudou os dois a subir na carruagem, e se acomodou no banco traseiro novamente, e estava muito feliz com esta libertação. E depois que eles feito um certo percurso do caminho, o filho do rei ouviu um estalo atrás dele como se alguma coisa tivesse se quebrado. Então ele virou de lado e gritou:<br>
— ''Henrique, a carruagem está se quebrando.''<br>
— ''Não, meu amo, não é a carruagem. É a atadura que eu coloquei em meu coração, porque eu estava sofrendo muito quando você virou sapo e foi aprisionado no poço.''<br>
Duas outras vezes, enquanto eles estavam a caminho, alguma coisa se quebrou, e todas as vezes o filho do rei achava que a carruagem estava se quebrando, mas eram apenas as ataduras que estavam se arrebentando do coração do fiel Henrique porque o seu amo havia se libertado e estava feliz.<br>
{{multicol-end}}
 
[[fr:La Fille du Roi et la Grenouille]]