Contos de Grimm/A duração da vida: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Claudio Pistilli (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Claudio Pistilli (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Linha 8:
}}
 
<div class="prose"><div style="text-align:justify">{{multicol}}[[File:Crab-eating Macaque tree.jpg|thumb|300px|<center>'''Segundo a fábula,<br>O macaco vive vinte anos'''</center>]]
 
{{multicol-break}}<div style="text-align:justify">[[Ficheiro:InicialQ.svg|left|100px]]uando Deus tinha criado o mundo e decidiu fixar o tempo de vida de cada criatura, o asno veio e perguntou:<br>
— ''Senhor, quanto tempo viverei?<br>
 
— ''Trinta anos, Deus respondeu, isso está bom para você?''<br>
— ''Senhor, quanto tempo viverei?<br>
— ''Ah, Senhor,'' respondeu o asno, — ''isso é muito tempo. Pense na minha existência penosa! Carregando cargas pesadas de manhã até a noite, arrastando sacos de milho até o moinho, para que outros possam comer o pão, não ser consolado ou reanimado com nada exceto com socos e pontapés. Liberte-me de uma parte desta longa vida.<br>
 
Então Deus teve piedade dele e o libertou de dezoito anos. O asno saiu consolado e o cachorro apareceu.<br>
— ''Trinta anos, Deus respondeu, isso está bom para você?''<br>
— ''Quanto tempo gostarias de viver?,'' disse Deus a ele.<br>
 
— ''Trinta anos é muito tempo para o asno, mas tu ficarias contente com isso?''<br>
— ''Ah, Senhor,'' respondeu o cachorroasno, - ''seriaisso essaé vossamuito vontade?tempo. LevePense emna consideraçãominha comoexistência tereipenosa! de correr,Carregando meuscargas péspesadas nãode aguentariammanhã tantoaté tempoa noite, earrastando quandosacos eude tivermilho perdidoaté ao minha voz de tanto latirmoinho, epara meusque dentesoutros de tantopossam comer, o que restará para eu fazerpão, a não ser correrconsolado deou umreanimado cantocom paranada outro,exceto ecom ficarsocos rosnando?''e pontapés. Deus viuLiberte-me quede eleuma tinhaparte razão,desta e o libertou de doze anos delonga vida.<br>
 
Em seguida veio o macaco, — ''Tu certamente viverás trinta anos com alegria?'' Disse o Senhor a ele. ''Não tens necessidade de trabalhar como o asno e o cachorro precisam fazer, e sempre estarás feliz contigo mesmo;<br>
Então Deus teve piedade dele e o libertou de dezoito anos. O asno saiu consolado e o cachorro apareceu.<br>
— ''Ah!, Senhor'', respondeu ele, — ''pode ser que esse pareça ser o meu caso, mas é totalmente diferente. Quando sobra mingau, eu não tenho colher. Devo sempre brincar alegremente, e fazer caretas para que as pessoas riam, e se eles me dão uma maçã, e eu a mordo, ela é sempre azeda! Quantas vezes a tristeza se oculta por trás da alegria! Jamais conseguirei suportar trinta anos. Como Deus teve muita pena do macaco, lhe tirou dez anos.<br>
 
Finalmente o homem apareceu, alegre, saudável e vigoroso, e pediu a Deus que lhe dissesse quanto tempo iria viver.<br>
— ''Quanto tempo gostarias de viver?,'' disse Deus a ele.<br>
— ''Viverás trinta anos'', disse o Senhor. — ''Isso basta para ti?''<br>
 
— ''Porquê um tempo tão curto'', reclamou o homem, — ''quando eu tiver construído a minha casa e o meu fogo estiver queimando na minha própria lareira; quando eu tiver plantado árvores que florescem e dão frutos, e estiver pretendendo desfrutar a minha vida, eu tenho de morrer! Oh, Senhor, aumente o meu tempo.''<br>
— ''EuTrinta teanos dareié osmuito dezoitotempo anos quepara o asno recusou,'' dissemas Deus.<br>tu ficarias contente com isso?''
 
— ''Isso é pouco,'' respondeu o homem. — ''Terás então os doze anos do cachorro.''<br>
— ''Senhor,'' respondeu o cachorro, - ''seria essa vossa vontade? Leve em consideração como terei de correr, meus pés não aguentariam tanto tempo, e quando eu tiver perdido a minha voz de tanto latir, e meus dentes de tanto comer, o que restará para eu fazer, a não ser correr de um canto para outro, e ficar rosnando?'' Deus viu que ele tinha razão, e o libertou de doze anos de vida.
— ''Ainda é muito pouco!<br>
 
— ''Bem,'' disse Deus, — ''eu te darei também os dez anos do macaco, porém, mais que isso não será possível.''<br>
Em seguida veio o macaco, — ''Tu certamente viverás trinta anos com alegria?'' Disse o Senhor a ele. ''Não tens necessidade de trabalhar como o asno e o cachorro precisam fazer, e sempre estarás feliz contigo mesmo;<br>
[[Ficheiro:InicialO.svg|left|100px]] homem foi embora, mas não estava satisfeito.<br>
 
É por isso que o homem vive setenta anos. Os primeiros trinta anos são os anos que Deus lhe deu, os quais passam rápido; depois ele fica saudável, feliz e trabalha com prazer, e tem alegria em viver.<br>
— ''Ah!, Senhor'', respondeu ele, — ''pode ser que esse pareça ser o meu caso, mas é totalmente diferente. Quando sobra mingau, eu não tenho colher. Devo sempre brincar alegremente, e fazer caretas para que as pessoas riam, e se eles me dão uma maçã, e eu a mordo, ela é sempre azeda! Quantas vezes a tristeza se oculta por trás da alegria! Jamais conseguirei suportar trinta anos. Como Deus teve muita pena do macaco, lhe tirou dez anos.<br>
Depois seguem-se os dezoito anos do asno, quando uma carga atrás da outra é posta sobre ele, ele precisa levar o milho que alimenta os outros, e tapas e pontapés são a recompensa por seus serviços de fidelidade.<br>
 
Depois vem os doze anos do cachorro, quando ele fica num canto, resmunga e não tem mais dentes para morder, e decorrido este tempo os dez anos do macaco terminam sua vida.<br>
Finalmente o homem apareceu, alegre, saudável e vigoroso, e pediu a Deus que lhe dissesse quanto tempo iria viver.<br>
O homem é fraco da cabeça e tolo, comete doidices, e imita os gestos das crianças.<br>
 
— ''Viverás trinta anos'', disse o Senhor. — ''Isso basta para ti?''<br>
 
— ''Porquê um tempo tão curto'', reclamou o homem, — ''quando eu tiver construído a minha casa e o meu fogo estiver queimando na minha própria lareira; quando eu tiver plantado árvores que florescem e dão frutos, e estiver pretendendo desfrutar a minha vida, eu tenho de morrer! Oh, Senhor, aumente o meu tempo.''<br>
 
— ''Eu te darei os dezoito anos que o asno recusou,'' disse Deus.
 
— ''Isso é pouco,'' respondeu o homem. — ''Terás então os doze anos do cachorro.''<br>
 
— ''Ainda é muito pouco!<br>
 
— ''Bem,'' disse Deus, — ''eu te darei também os dez anos do macaco, porém, mais que isso não será possível.''<br>
 
[[Ficheiro:InicialO.svg|left|100px]] homem foi embora, mas não estava satisfeito.<br>
 
É por isso que o homem vive setenta anos. Os primeiros trinta anos são os anos que Deus lhe deu, os quais passam rápido; depois ele fica saudável, feliz e trabalha com prazer, e tem alegria em viver.<br>
 
Depois seguem-se os dezoito anos do asno, quando uma carga atrás da outra é posta sobre ele, ele precisa levar o milho que alimenta os outros, e tapas e pontapés são a recompensa por seus serviços de fidelidade.<br>
 
Depois vem os doze anos do cachorro, quando ele fica num canto, resmunga e não tem mais dentes para mordercomer, e decorrido este tempo os dez anos do macaco terminam sua vida.<br>
 
ONesse período, o homem é fraco da cabeça e tolo, comete doidices, e imita os gestos das crianças.<br>
 
[[File:Donkey 1 arp 750px.jpg|thumb|300px|<center>Segundo a fábula,<br>'''O asno vive doze anos'''</center>]]
 
{{multicol-break}}[[File:YellowLabradorLooking new.jpg|thumb|300px|<center>'''Segundo a fábula,<br>O cachorro vive dezoito anos'''</center>]]{{multicol-end}}
{{multicol-break}}
{{multicol-break}}[[File:YellowLabradorLooking new.jpg|thumb|300px|<center>'''Segundo a fábula,<br>O cachorro vive dezoito anos'''</center>]]{{multicol-end}}
{{multicol-end}}
 
</div>
 
 
[[eo:Elektitaj fabeloj de la Fratoj Grimm/La vivolongo]]