Viagens de Gulliver/Parte II/VI: diferenças entre revisões

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O rei, que adorava música, oferecia frequentes concertos na corte, nos quais eu algumas vezes era levado, e colocado dentro da minha caixa em cima da mesa para ouví-las: mas o barulho era tão alto que eu dificilmente conseguia diferenciar os sons. Tenho a certeza de que todos os tambores e trombetas do exército real, rufando e soando juntos perto de seus ouvidos, não conseguiriam se igualar a esse ruído. O meu hábito era manter a minha caixa toda afastada quanto possível do lugar onde os músicos se sentavam, depois fechava as portas e janelas, baixava as cortinas das janelas, somente assim conseguia achar a música menos desagradável.
[[File:Viagens de Gulliver 041.jpg|thumb|500px|left|<center>'''Viagens de Gulliver<br>ilustração de Thomas M. Balliet'''</center>]]
Quando era jovem, eu havia aprendido a tocar um pouco de espineta<ref><font color=green>'Espineta”''Espineta'''</font>: Antigo instrumento de cordas, com teclas, anterior ao cravo.</ref>. Glumdalclitch tinha uma em seu quarto, e um professor vinha duas vezes por semana para lhe ensinar: eu chamo esse instrumento de espineta, porque ele de certa forma se parece com aquele instrumento, e era tocado da mesma maneira. Uma ideia veio na minha cabeça, que eu deveria entreter o rei e a rainha com uma melodia inglesa tocada nesse instrumento.
 
Mas isso me pareceu extremamente difícil, porque a espineta tinha quase dois metros de comprimento, cada tecla tinha quase trinta centímetros de largura, de modo que com meus braços estendidos eu não conseguia alcançar mais do que cinco teclas, e para pressioná-las era necessário um golpe muito forte com minhas mãos, o que seria um trabalho muito grande para pouco resultado.