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Linha 28:
O navio se aproximou a cerca de meia légua desta enseada, e um barco comprido foi enviado com vasilhas para pegar água fresca (pois me parece que o lugar era bem conhecido), porém, não tinha percebido isso, até que o barco estava quase na praia, e já era tarde demais para procurar um outro esconderijo. Ao desembarcarem, os marinheiros viram a minha canoa, e vasculhando por toda parte, chegaram logo a conclusão de que o proprietário não poderia estar longe. Quatro deles, bem armados, revistaram todos os cantos e esconderijos, até que finalmente me encontraram atrás da pedra com a cara escondida entre as mãos.
Ficaram pasmos durante algum tempo admirando as minhas roupas estranhas e rudes, meu casaco era feito de peles, meus sapatos com solado de madeira, e minhas meias também de pele, concluindo, então, que eu não era nativo dali, onde todos andavam nus. Um dos marinheiros, em português, pediu para que me levantasse, e me perguntou quem eu era. Eu falava muito bem aquele idioma, e ficando de pé, disse, “que eu era um pobre Yahoo que tinha sido expulso pelos HOUYHNHNMS, e desejava que eles tivessem a gentileza de me levar.”
Ficaram admirados em ouvir que respondia em seu próprio idioma, e viram pelo meu aspecto que eu devia ser um europeu, mas não conseguiram entender o que eu queria dizer com Yahoos e HOUYHNHNMS, e ao mesmo tempo cairam na risada devido ao meu sotaque estranho de falar, que se parecia com o relinchar de um cavalo. Tremia o tempo todo por causa do medo e da raiva. Pedi novamente permissão para partir, e caminhei devagar em direção a minha canoa, mas eles me seguraram, querendo saber, “de que país eu era? De onde viera?” além de muitas outras perguntas. Disse a eles “que eu havia nascido na Inglaterra, de onde saíra a cinco anos atrás, e que o país deles e o nosso estavam em paz. Esperava então que não me tratassem como inimigo, uma vez que eu não representava para eles nenhum perigo, mas era um pobre Yahoo procurando algum lugar afastado para passar o resto de minha vida infeliz.”
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