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|obra=[[Contos de Grimm]]<BR>
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[[File:Grimm A protegida de Nossa Senhora.jpg|thumb|right|500px|<center>'''A protegida de Nossa Senhora<br>ou A filha do lenhador'''</center>]]
Perto de uma imensa floresta vivia um lenhador junto com sua
— “Eu sou a Virgem Maria, mãe do menino Jesus. Você é pobre e necessitado, traga a tua filha para mim, eu vou levá-la comigo e serei a mãe dela, e cuidarei dela.”
O lenhador obedeceu, trouxe a sua filha, e a deu para a Virgem Maria, que a levou com ela para o céu. Lá, a criança passava bem, comia pães doces, e bebia leite com açúcar, e suas roupas eram de ouro, e os anjinhos brincavam com ela. E quando ela tinha quatorze anos de idade, a Virgem Maria a chamou um dia e disse:
Doze destas você poderá abrir, e contemplar toda a glória que há dentro delas, mas a décima terceira chave, que é esta que está aqui, você não deverá abrir. Se você abrir esta porta, ele trará muita
Em cada uma delas havia um dos Apóstolos cercado por uma grande luz, e ela se regozijava diante de tanto brilho e de tanto esplendor, e os anjinhos que sempre a acompanhavam ficavam felizes com ela. Então, a porta proibida era a única que faltava, e ela ficou muito curiosa em saber o que poderia estar oculto dentro dela, e disse para os anjos:
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— “Não vou abrir essa porta, nem entrar dentro dela, mas eu irei abri-la só um pouquinho para ver através da abertura.”
— “Oh não,” disseram os anjinhos, “isso seria um pecado. A Virgem Maria proibiu isso, e isso poderia causar uma
— “Agora, eu estou sozinha, e eu poderia dar uma olhadela. Se eu fizer isso, ninguem nunca ficará sabendo.”
Ela procurou a chave, e quando ela a pegou em sua mão, ela colocou na fechadura, e quando ela enfiou a chave na fechadura, ela a girou. Então, a porta se abriu, e ela viu lá dentro a Trindade
Imediatamente ela ficou possuída de um medo muito grande. Ela fechou a porta com
Pouco tempo depois a Virgem Maria retornou de
— “Você abriu a décima terceira porta também?”
— “Não,” ela respondeu. Então,
Então, ela perguntou novamente:
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Então, a Virgem Maria disse:
— “Você
Nesse momento, a garota caiu em sono profundo, e quando ela acordou, ela estava lá em baixo na Terra, e no meio de um deserto. Ela quis gritar, mas a sua voz não saía. Ela pulava e queria correr, mas, para onde quer que ela se virasse, era detida continuamente pelas cercas de espinho que ela não conseguia atravessar. No deserto, onde ela fora aprisionada, havia uma árvore oca, e esta árvore oca passou a ser a casa dela.
Diante disto, quando a noite chegou, ela se arrastou até a árvore e ali ela dormiu. Ali, também, ela encontrou abrigo contra a tempestade e contra a chuva, mas essa era uma vida infeliz, e ela chorou amargamente quando ela se lembrava de como ela tinha sido feliz no céu, e de quando os anjinhos brincavam com ela. Raízes e frutas selvagens eram tudo o que ela tinha para comer, e onde quer que ela fosse era isso
Comia as castanhas como alimento no inverno, e quando a neve e o gelo chegaram, ela se arrastava por entre as folhas como animal abandonado para que
Assim ela ficou, ano após ano, e sentia a dor e a desgraça do mundo. Um dia, quando as árvores se vestiram novamente de folhas verdes e frescas, o rei daquele país estava caçando na floresta, e seguia um cabrito montês, e como
Ele ficou parado e olhou para ela todo admirado, então, ele falou com ela e disse:
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— “Você irá para o castelo comigo?” Então, ela mexeu um pouco com a cabeça.
O rei a pegou nos braços, levou-a até o cavalo, e foi com ela para casa, e tendo chegado no castelo real, ele providenciou para que a vestissem com belos vestidos, e deu a ela todas as riquezas que ele tinha com abundância. Embora ela não pudesse falar, ela era, no entanto, tão bela e
Um ano ou mais havia se passado e a rainha ficou grávida e teve um filho. Então, a Virgem Maria apareceu para ela à noite, quando ela estava dormindo sozinha, e disse:
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Então, foi permitido que a rainha respondesse, mas ela permaneceu inflexível e disse:
— “Não, eu não abri a porta proibida.” E a Virgem Maria pegou o recém-nascido dos seus braços, e
Um ano se passou e a rainha deu a luz a um menino, e a noite a Virgem Maria apareceu novamente para ela, e disse:
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— “O teu coração não amoleceu ainda? Se admitires que abriste a porta proibida, eu te darei de volta os teus dois filhos” Mas pela terceira vez a rainha respondeu:
— “Não, eu não abri a porta probida.” Então, a Virgem fez com que ela descesse à
Na manhã seguinte, quando o desaparecimento da menina corria por toda parte, as pessoas gritavam em voz alta,
— “A rainha come carne humana! Ela precisa ser julgada,” e o rei não conseguia mais controlar os seus conselheiros. Então, um tribunal foi formado, e como ela não podia
Quando toda a lenha havia sido juntada, e quando ela estava bem amarrada a um poste, e o fogo começou a queimar em volta dela, a pedra do seu orgulho se derreteu, o seu coração foi tomado de arrependimento, e ela pensou:
— “Se eu pudesse pelo menos confessar
— “Sim, Maria, fui eu que abri a porta”, e imediatamente a chuva caiu do céu e extinguiu todas as chamas do fogo, e uma luz se irradiou em cima da sua cabeça, e a Virgem Maria desceu com os dois filhos de lado e a filha recém nascida em seus braços.
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