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— “Não tenho dinheiro,” pensou ele, “não tenho profissão, só sei lutar, e agora que só existe paz, eles não precisam mais de mim, então, já estou pressentindo que vou morrer de fome.”
De repente ele ouviu um barulho, e quando ele olhou em volta, uma figura estranha estava diante dele,
—
— “Soldado e covardia, — como estas coisas podem andar juntas?” perguntou o soldado, “podes me colocar a prova.”
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— “Muito bem, então,“ respondeu o desconhecido, “olhe atrás de você.” O soldado se virou, e viu um urso enorme, que vinha rosnando atrás dele.
— “Uau,“ exclamou o soldado, “espera aí que vou dar uma coçadinha no teu nariz, até que você perca a vontade de rosnar,” e
— “Está provado que não te falta coragem!,” disse o desconhecido, “mas falta ainda outra condição que deves satisfazer.”
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— “Se a tua vida correr perigo, não serei responsabilizado por isso. Tu deverás fazer tudo sozinho.”, respondeu o homem de casaco verde, que disse “nos próximos sete anos, não deverás tomar banho, nem pentear a tua barba, nem o teu cabelo, nem cortar as tuas unhas, nem rezar o padre nosso.”
— “Eu te darei um casaco e uma capa, os quais deverás usar. Se morreres durante estes sete anos, cairás em meu poder; se, pelo contrario, viveres
— “Enquanto estiveres usando este casaco na tua costa, e colocares as mãos dentro do bolso,
— “Esta será a tua capa, e a tua cama também, pois nela dormirás, e não farás uso de nenhuma outra cama, e por causa desta roupa você será chamado a partir de agora de Pele de Urso.” Dito isto, o diabo desapareceu.
[[Ficheiro:InicialO.svg|left|100px]] soldado colocou o casaco,
Todos aqueles que o viam, corriam dele, mas como ele sempre dava esmolas aos pobres para que orassem para que ele não morresse durante os sete próximos anos, e como ele pagava bem por tudo, ele sempre encontrava abrigo. No quarto ano, ele entrou numa estalagem, onde o próprietário não o queria receber, e não queria nem que ele ficasse no estábulo, porque ele receava que os cavalos ficassem assustados. Mas, quando Pele de Urso enfiou a mão no bolso e tirou um punhado de ducados, o anfitrião mudou de opinião e lhe ofereceu um quarto na parte externa da estalagem. Pele de Urso, no entanto, devia prometer que não seria visto, caso contrário a estalagem ficaria com má fama.
Quando Pele de Urso estava sentado à noite, e desejava do fundo do coração que os sete anos houvessem se passado, ele ouviu queixas e lamentações que vinham de um quarto anexo. Como ele tinha bom coração, ele abriu a porta, e viu que um velhinho chorava amargamente, e até punha as mãos na cabeça. Pele de Urso se aproximou, mas o homem saiu correndo e tentou escapar dele. Finalmente, quando o homem percebeu que Pele de Urso tinha voz humana, ficou mais tranquilo, e
Os seus recursos estavam minguando a olhos vistos, ele e as suas filhas começariam a passar fome, e ele era tão pobre que não conseguia pagar o estalajadeiro, e por isso ele seria preso.
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— “Se o seu problema for somente esse,” disse Pele de Urso, “fique tranquilo, eu tenho muito dinheiro.”
Quando o velhinho se viu livre de todos os seus problemas, ele não tinha palavras para agradecer.
— “Venha comigo,” disse ela a Pele de Urso, “as minhas filhas são
— “A princípio você parece estranho, mas elas saberão dar um jeito
[[Ficheiro:InicialQ.svg|left|100px]]uando a filha mais velha o viu, ela ficou muito assustada, com
— “Como é que eu posso aceitar um marido que não tem mais a forma humana e que parece um bicho?” O urso pelado que passou por aqui uma vez e que
Porém, a mais jovem disse,
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— “Querido pai, ele deve ser um bom homem por tê-lo ajudado a resolver os teus problemas, portanto, se você prometeu que daria uma noiva para ele, a sua promessa deve ser cumprida.” Era uma pena que o rosto de Pele de Urso estivesse coberto de sujeira e de pelos, pois se não estivesse, elas teriam visto como ele ficou feliz ao ouvir estas palavras.
Ele tirou o anel do
— “Eu tenho de perambular por três anos ainda, e depois disso, se eu não retornar, estarás livre, pois eu estarei morto. Mas ore a Deus para que Ele preserve a minha vida.”
A pobre noiva prometida se vestiu inteiramente de preto, e quando ela pensava no seu futuro noivo, os seus olhos se enchiam de lágrimas. As suas irmãs somente a desprezavam e zombavam dela:
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— “Mas vocês serão felizes no casamento, porque os ursos gostam de dançar.” A noiva ficava em silêncio, e não permitia que as suas irmãs a entediassem. Pele de Urso, todavia, viajava pelo mundo de um lugar para outro, fazia o bem quando lhe era possível, e gostava de fazer doações aos pobres para que eles pudem orar por ele.
[[Ficheiro:InicialF.svg|left|100px]]inalmente, quando raiou o último dia dos sete anos, ele tirou a capa mais uma vez, e se sentou debaixo do círculo de árvores. Não demorou muito e o vento começou a assobiar forte, e o
— “Nunca chegamos tão longe em nosso acordo,” falou Pele de Urso, ‘‘tu deves me limpar primeiro.” Se o
Quando o diabo tinha ido embora, Pele de Urso ficou muito aliviado. Ele foi à cidade, vestiu um magnífico casaco de veludo, se sentou numa carruagem puxada por quatro cavalos, e correu para a casa da sua noiva. Ninguém o reconheceu, o pai acreditou que se tratasse de um general muito importante, e o conduziu para o lugar onde as suas filhas estavam esperando. Ele foi obrigado a se colocar no meio das duas mais velhas, que serviram vinho para ele, lhe ofereceram os melhores pedaços de carne, e ficaram pensando que em todo o mundo não existiria homem mais perfeito.
A noiva, no entanto, sentou-se de frente para ele vestida de preto, e não ousava levantar os olhos, nem tinha coragem de dizer
Ela pegou o vinho, e depois que ela o bebeu, e descobriu a metade do anel no fundo do copo, o coração dela começou a bater forte. Ela pegou a outra metade, que
— “Eu sou o teu noivo prometido, a quem conhecestes como Pele de Urso, mas, com a graça de Deus a forma humana me foi restituída, e mais uma vez estou limpo de novo.”
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