Em Dezembro mais alegre: diferenças entre revisões

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Revisão das 12h15min de 10 de setembro de 2013

Em Dezembro mais alegre
Que Abril, & Mayo, porque
O amor ſem arco, & ſem venda
Triunfa eternamente neſte mes.

Mudada do tempo a ordem
Com maravilha tambem
Eſtar junto Sol, & Aurora
Hoje no meſmo inſtante ſò ſe vè.

Meyo dia, & mea noyte
Naõ ſe diſtingue, por ter
O Preſepio os luminares,
Que daõ aos grandes luminoſa ley.

O Sol tem Zenith na terra,
E foy a primeyra vez
Que eſtà no ponto eminente
Por modo ſoberano de deſcer.

He ſuprema Corte a Lapa,
O firmamento docel,
O Altiſſimo tenro Infante
Logo nacido de Monarcas Rey.

O ſacro Berço parece
Parayſo por conter
Em ſì quem no Ceo ſò ſabe
Ter lugar onde aſſiſte todo o bem.

Eſtribillo

Naõ tema rigores
Da neve inclemente
A vontade ardente
De eternos amores,
E quando eſplendores
Dos dous luminares
Mais que os dous mayores
Acendem os ares
Com paſſo velòs
Vamos aſſiſtir
Ao Sol, que ſe pos
Para mais luzir.

Recitado

Prodigio raro de piedoſo affecto
Foy habitar o Immenſo humilde tecto,
E reduſir a eterna fermoſura
Ao limite de ruſtica clauſura
Entre fragrancias mil viſtoſos lumes
Meſcladas claridades, & perfumes
Solennes cultos fazem as esferas
Nas luminarias, & nas primaveras.

Eſpiritos Angelicos voando
Devotiſſimos Hymnos vem cãtãdo,
E applaudindo a feliz humanidade,
De que ſe veſte a ſacra Majeſtade.
Da montanha os Paſtores vem primeyro
Que guardem os cordeyros, o Cordeyro,

Adorando o nacido Redemptor,
Que he Cordeyro, que he paſto, que he Paſtor.
Examinar a viſta naõ ſe atreve
Se he todo fogo o Infante, ou todo neve;

Mas quem o adora com devoto rogo
Vé no candor da neve activo fogo,
E reclinado na frondoſa falda
Recebe Sacrificios de eſmeralda.
Doce inſtrumento a ſingular Maria
Entre Angelicos Coros parecia
Qual Cithara attrahindo ſoberana
Com graça celeſtial, & voz humana.

Aria

Seja decantada
Taõ alta merce,
Cante amor, & fé
A gloria humanada,
E verſe exaltada
Pela Divindade
Noſſa humanidade
Na graça mayor
Divulgue o amor
Com ſonora lida
Converterſe em vida
Da morte o rigor.

Eſtribillo

Naõ tema rigores
Da neve inclemente
A vontade ardente
De eternos amores,
E quando eſplendores
Dos dous luminares
Mais que os dous mayores
Acendem os ares
Com paſſo velòs
Vamos aſſiſtir
Ao Sol, que ſe pos
Para mais luzir.