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{{navegar
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|obra=[[No País dos Ianques]]
|autor=Adolfo Caminha
▲|seção=Capítulo II
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No dia 27 deixamos o Recife em direção às Antilhas.
Como até aí, a viagem continuou a vapor
O comandante levava ordem para chegar a Nova Orleans em tempo de assistirmos à abertura da exposição internacional americana, onde o ''Almirante Barroso'' devia figurar como legítimo e admirável produto da indústria naval brasileira tão pouco conhecida no estrangeiro.
Adotávamos, sempre que o vento permitia, a navegação mista, e deste modo,
Reinava
À tardinha incendiavam-se os horizontes de um colorido rubro,
Demos graças a Deus quando nos vimos fora de tão desagradáveis regiões.
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No dia 11 avistamos terra de Barbados, uma das mais prósperas colônias inglesas das Antilhas. Era o primeiro porto estrangeiro do itinerário.
O
Fez a visita sacramental e pôs-se ao fresco em menos de dois minutos, depois de um fortíssimo ''shake-hand''.
A ilha de Barbados vista de bordo é de uma nudez quase completa: nenhuma vegetação cobre as vastas planícies que primeiro ferem a retina do observador. Ao aproximar-se-lhe, porém, novas paisagens de efeitos cambiantes vão-se desenrolando à maneira de cosmorama. Moinhos rodam ao sopro do vento que ordinariamente é fresco aí, casas de campo confortáveis, árvores, chaminés fumegantes, tudo isso vai aparecendo à medida que nos aproximamos, até que, com verdadeira surpresa, surge-nos toda a cidade de Bridgetown e então basta um golpe de vista largo para abrangê-la.
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À distância Bridgetown semelha uma pobre cidade desabitada, sem indício de civilização. A surpresa que experimenta o viajante é completa depois. Alguém que aí esteve anos antes admirou-se da enorme quantidade de embarcações inglesas surtas no porto. Entre estas contavam-se quatro encouraçados, bonitos vasos que honram a Inglaterra afirmando o grande poder marítimo desse país, cuja esquadra ainda hoje não tem rival no mundo.
Um dia e meio
A população, na maior parte negra, é composta de gente de baixa classe e geralmente intratável.
Abundam
Falam um ''patois'' detestável
E ainda por cima vocifera a legião faminta dos negros!
Não exagero. Parece realmente um país semibárbaro aquele, e ai! de nós se não fossem os ''policemen'', ativos e enérgicos guardas da vigilância pública, que a um simples franzir de sobrolhos fazem desaparecer a medonha horda de capadócios, ou que melhor nome tenham esses turbulentos demônios.
É espantosa a ambição do povo por dinheiro.
Ao tilintar do ''money'' surgem de repente vinte, trinta cabeças negras, cada qual mais negra, disputando a posse do precioso metal.
Basta dizer que ainda não tínhamos fundeado e já grande número de pequenas embarcações
– ''I am pilot! I am pilot!''
▲Basta dizer que ainda não tínhamos fundeado e já grande número de pequenas embarcações a vela e a remos — fly hoats — aproximavam-se do navio, cortando-lhe a proa com risco de serem espedaçadas. Ouvia-se, então, de todos os lados vozes que gritavam: — I am pilot! I am pilot!
Embalde procurávamos persuadir àqueles esfaimados de dinheiro que não precisávamos de prático, pois a baía de Bridgetown é bastante espaçosa e oferece entrada franca.
Dávamos com o lenço, mandando-os embora
Todos queriam, a troco de dinheiro, conduzir o navio estrangeiro ao ancoradouro e para isso exigiam um preço fabuloso.
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A edificação de Bridgetown, puramente inglesa, é curiosa, pitoresca mesmo, se bem que uniforme.
As casas, baixas quase todas, geometricamente dispostas, alpendradas na frente, simples e elegantes na sua arquitetura, são confortáveis e convidam ao ''far-niente''.
As ruas, porém, estreitas e mal calçadas, são, por assim dizer, intransitáveis, em conseqüência do poeiral que sobe, como fumaça, ao rosto dos transeuntes.
No que respeita a estabelecimentos importantes, vimos a St.
A estátua de Nelson, o herói de Trafalgar, ergue-se, em bronze maciço, numa das melhores praças do lugar
Os poucos hotéis que existem na ilha são vastos e oferecem o necessário conforto ao viajante: boa mesa, bons petiscos, magnífico vinho, deliciosos sorvetes
O brasileiro que viaja, com raras exceções, tem necessidade imprescindível de duas coisas que ele julga essenciais ao seu bem-estar: café e cigarros.
''Spleen ''e charutos
Infelizmente para nós, o café, tal qual se prepara em Barbados, é um licor detestável composto de muito pó e pouca água, que os naturais misturam à guisa de chocolate, mas de um sabor desagradável, repugnante.
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E, note-se, de vez em quando atravessam aquelas regiões terríveis ciclones produzindo estragos incalculáveis em toda a extensão da ilha. Inúmeras embarcações, algumas de grande porte, têm sido arrojadas à costa por esses formidáveis meteoros. O último caiu em 1851 e figura nos anais da navegação como um dos grandes desastres marítimos do Atlântico.
[[Categoria:No País dos Ianques|Capítulo 02]]
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