No País dos Ianques/XVI: diferenças entre revisões

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|autor=Adolfo Caminha
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Estava terminada a nossa estação de quase dois meses em Nova Iorque.
 
No dia 30 de julho o ''Barroso ''deixou aquele porto em direção a Newport, outra cidade dos Estados Unidos, refúgio da população aristocrática nos quentes dias de verão. Uma perfeita cidade balneária, muito fresca e saudável, à beira-mar, olhando para o largo oceano e recebendo-lhe as emanações salinas, com um Cassino e um Passeio Público.
 
Os banqueiros e a gente rica de Nova Iorque costumam fazer aí o seu ninho de verão, e, de vez em vez, para amenizar a vida monótona que se leva nesse pequeno mundo de simplicidade e conforto, promovem regatas na esplêndida enseada que orla a cidade e que nesses dias de festa marítima toma uma feição ridente e característica de aquarela inglesa, com os seus ''cutters a''à vela, com os seus iates de recreio bordejando ao largo como um bando de gaivotas pousadas n'águan’água...
 
Apostam-se milhões de libras. De França e de Inglaterra príncipes e lordes vêm assistir e tomar parte no jogo.
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A regata é um dos divertimentos prediletos dos americanos. Todas as cidades marítimas e fluviais dos Estados Unidos têm pelo menos um clube de regatas.
 
Nota curiosa: em Newport não se bebe álcool. É proibida a importaçãoim­portação de bebidas que contenham espírito, ou qualquer outra substância nociva. Não se encontra um só botequim na cidade. Para tomarmos um refrigerante, uma simples limonada, fomos bater a uma farmácia! Garantiram-nos que esse preceito contra o álcool é escrupulosamente observado naquela cidade. Custávamos a acreditar, mas, enfim, não havia jeito senão ser delicados...
 
De resto, uma cidadezinha elegante e sossegada, Newport. O comércio aí é quase nulo.
 
No fim de oito dias o ''Barroso ''deixava de umaurna vez o país dos ianques, fazendo-se de vela para os Açores.
 
Já agora não nos doía muito a saudade desse belo e prodigioso país. O regresso à pátria, depois de uma ausência de quase um ano, enchia-nos o coração de alegria.
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Enquanto as nações da Europa digladiam-se numa luta contínua, perdendo na guerra o que dificilmente acumularam em poucos anos de paz, a grande nação americana deixa-se estar quieta e desarmada, sem exército e sem marinha, confiada no seu próprio valor, no patriotismo de seus filhos, certa de que, num dado momento, cada cidadão, cada americano saberá cumprir com heroísmo o seu dever e honrar as suas tradições de povo independente e forte.
 
''Go ahead! never mind! help yourself! — ''eis a máxima de todo ianque. Eles não a esquecem nunca e marcham desassombradamente na vida, como quem tem absoluta confiança no próprio valor.
 
Ceará, 1890.
 
{{d|Ceará, 1890.}}
[[Categoria:No País dos Ianques]]
[[Categoria:Texto rubricado pelo autor em 1890]]
[[Categoria:No País dos Ianques|Capítulo 16]]