Correspondência ativa de Euclides da Cunha em 1892: diferenças entre revisões

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É por isto que não tenho escrito para o Estado e não tenho sido mais demorado nas nossas conversas semanais. Pela tua última carta vejo que estás também como eu ― voltando-se continuamente às exigências e imposições da vida, desta vida maravilhosa, desta vida moderna brilhantíssima, mas pesada; e folgo com isto: ao menos ao receber as tuas cartas estarei sempre certo de que como eu, abre um parêntesis na agitação habitual. Ainda não cheguei à última página da Débâcle; sei que a apreciaste muitíssimo e neste ponto estamos de acordo, embora a tenha lido simetricamente, à noite, após horas de estudo, cansado e com o espírito cheio de fórmulas e tédio, tenho-me convencido que é o melhor livro de Zola: aquele tenente Rochas, ingênuo, heroico e esperançado que naquele tumulto espantoso de Sedan se agita, tão brilhante e tão bravo ― é um tipo verdadeiro, real, todos nós o compreendemos ― mas a verdade é que poucas pessoas saberiam desenhá-lo. Com certeza notaste o extraordinário contraste entre o trabalho calmo e indiferente do velho Camponês ao lado do espantoso fragor de uma batalha ―; poucas páginas tenho lido tão comovedoras como essa em que Zola fecha um capítulo estrugidor e fulgurante, cheio de metralhas e mortes e extraordinários heroísmos, com aquela nota profundamente humana e tranquila Após a leitura completa conversaremos acerca do magnífico livro. Não sei se já leste a Biografia de Benjamin Constant: desejo conhecer a tua opinião sobre esse trabalho de Teixeira Mendes.
 
Vi, nos ''Simples'' a feição franca e ousadamente revolucionária, ultimamente assumida por Guerra Junqueiro; via-a e aplaudia; não há dúvida. Junqueiro […] as duas únicas qualidades necessárias aos inovadores, aos revolucionários: talento e desassombro…
Breve enviar-te-ei um livro, o Là-Bas de Huysmans, que é, com o Maupassant o mais avantajado êmulo de Zola.