Iracema/IX: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Jorge Morais (discussão | contribs)
Desfeita a edição 185691 de 201.5.51.56 (Discussão)
mSem resumo de edição
Linha 6:
|posterior=[[Iracema/X|X]]
|notas=
}}[[Categoria:Iracema]]
}}
==__MATCH__:[[Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/54]]==
 
O sono da manhã pousava nos olhos do Pajé como névoas de bonança pairam ao romper do dia sobre as profundas cavernas da montanha. '
 
Linha 30:
O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo:
 
&mdash; Filha de Araquém, escolhe para teu hóspede o presente da volta e prepara o moquém<ref>Do verbo ''mocáem'' &mdash; assar na labareda. Era a maneira por que os indígenas conservavam a caça para não apodrecer, quando a levavam em viagem. Nas cabanas a tinham no fumeiro. [N. A.]</ref> da viagem. Se o estrangeiro precisa de guia, o guerreiro Caubi, senhor do caminho<ref>Assim chamaram os indígenas ao guia, de ''py'' &mdash; caminho, e ''guara'' &mdash; senhor. [N. A.]</ref>, O acompanhará.
 
O sono voltou aos olhos do Pajé.
Linha 46:
O sol, transmontando, já começava a declinar para o ocidente, quando o irmão de Iracema tornou da grande taba.
 
&mdash; O dia vai ficar triste<ref>Os tupis chamavam a tarde caruca, segundo o dicionário. Segundo {{sb|Lery}}, ''che caruc acy'' significa “estou triste”. Qual destes era o sentido figurado da palavra? Tiraram a imagem da tristeza, da sombra da tarde, ou imagem do crepúsculo, do torvamento do espírito? [N. A.]</ref>, disse Caubi. A sombra caminha para a noite. É tempo de partir.
 
A virgem pousou a mão de leve no punho da rede de Araquém.
Linha 58:
O velho andou até à porta para soltar ao vento uma espessa baforada de tabaco; quando o fumo se dissipou no ar, ele murmurou:
 
&mdash; Jurupari<ref>Demônio; de ''juru'' &mdash; boca, e ''apara'' &mdash; torto, aleijado. O boca torta. [N. A.]</ref> se esconda para deixar passar o hóspede do Pajé. Araquém voltou à rede e dormiu de novo. O mancebo tomou as armas que chegando, suspendera às varas da cabana, e dispôs-se a partir.
 
Adiante seguiu Caubi; a alguma distancia o estrangeiro; logo após, Iracema.
 
Desceram a colina e entraram na mata sombria. O sabiá do sertão, mavioso cantor da tarde, escondido nas moitas espessas da ubaia<ref>Fruta conhecida da espécie eugênia. Significa fruta saudável; de ''uba'' &mdash; fruta, e ''aia'' &mdash; saudável. [N. A.]</ref>, soltava os prelúdios da suave endecha.
 
A virgem suspirou:
Linha 79:
 
A voz de Caubi chamou o estrangeiro. Iracema abraçou para não cair, o tronco de uma palmeira.
 
== Notas ==
<references />
 
[[Categoria:Iracema]]