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}}[[Categoria:Til|Primeiro Volume, Capítulo 27]]
 
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Percebendo que a fadiga abatia as forças de Brás, suspendeu Berta a lição.
 
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Ajoelhado como estava, deixou-se Brás cair sentado sobre os calcanhares; de corpo bambo, os braços pendurados, e o queixo caído, quedou-se o estafermo em pasmatório, com os olhos dormidos no gentil semblante de Berta.
 
Ocupada com sua tarefa, já não lhe dava atenção
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a menina, cujo pensamento andava agora enleado em outras cismas.
 
Nisso apareceu Miguel, que voltava afinal, e, procurando Inhá pela casa, veio sair na porta do outão.
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Com a alusão de Miguel atalhou-se Inhá, enrubescendo de leve, pois logo acudiu-lhe a sua graciosa petulância:
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— Ora que caçador!... exclamou a rir. Não deu com a pista!...
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— Não faça caso do que eu disse, Inhá! Desculpe!... tornou Miguel enleado e aflito.
 
Berta, de todo absorta no conserto da roupa, parecia ter esquecido a presença do colaço,
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o qual a contemplava com um enlevo apaixonado, que rompia dentre a expressão abatida de sua figura. Pesaroso por ter ofendido a menina, e acanhado com a presença dela, queria falar, e não achava palavra para desvanecer o enfado, que havia causado.
 
Brás, que desde a chegada de Miguel se agachara sobre as patas como um cão de fila, rosnava surdamente, saltando com o olhar do semblante de Berta ao vulto de Miguel, como se esperasse um gesto da senhora para filar a presa e abocanhá-la.
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Os agastamentos de Berta eram cóleras de colibri, que tão depressa belisca e arrufa-se, como cintila aos raios do sol, feito um rubim celeste.
 
A cabeça inclinada sobre a costura ocultava-lhe o rosto que Miguel supunha
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fechado ainda pela zanga; quando já dos cantinhos da boca lhe estava borbulhando um sorriso zombeteiro que lhe salpicava as faces de petulante malícia.
 
Relanceando uma olhadela de soslaio, percebeu o pesar de Miguel e arrependeu-se de se haver agastado com ele; mas conteve-se para fazer-lhe pirraça, e gozar por algum tempo ainda do enleio do moço.
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Metendo a mão por baixo do pala, tirou uma linda cutia, que tinha as patas amarradas para não fugir.
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Berta apenas erguera um canto da pálpebra; mas foi bastante. De um relance pulou junto de Miguel, arrebatou-lhe a cutia, e conchegando-a ao seio, começou a alisar-lhe a pelúcia dourada, amimando-a com os dengosos requebros e a garrulice carinhosa em que se expande a inexaurível sensibilidade da mulher, por tudo que é frágil, mimoso e delicado como ela.
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— Olhe que foge! disse Miguel impedindo a menina de desdar o laço.
 
— Então você há
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de fazer uma casinha para ela! Tão bonitinha! Que pelo macio; parece um veludo. E os olhos? Tão lindos! Eu conheço uns olhos ternos assim! Não se lembra?
 
— Se me lembro! atalhou Miguel com um tremor na voz: Pois não os estou vendo?
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— Onde apanhou?
 
Teve Miguel de referir então a longa história de como fora o animal apanhado, os incidentes que tinham acompanhado a caçada, e muitas particularidades que Inhá desejava saber; se a linda cutia ainda tinha mãe; se já era casada, e deixara
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no mato algum filhinho; pois neste caso queria soltá-la.
 
Tranquilizou-a Miguel, asseverando que a cutia era solteirinha e vivia só, por terem as raposas acabado toda a família, não tardando que lhe fizessem o mesmo a ela, pelo que era até um benefício retê-la cativa.
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Ao tempo que voltava Miguel o rosto para esconder a expressão de pesar que o tinha subitamente invadido, um grito de espanto partia dos lábios de Berta.
 
Rápida como uma seta, a cutia fuzilou
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no ar e sumiu-se pelo mato. O Brás de quem os dous se haviam esquecido, se aproximara rojando pelo chão como um reptil, e sem que o percebessem, acocorado junto à parede, gorgotava um riso sarcástico e manhoso.
 
Precipitou-se Miguel para castigar o idiota, que ele adivinhava ser o autor da pirraça; mas Berta, que lhe viu o ímpeto, se interpôs a tempo.
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— Se você não fizesse tão pouco caso do que eu lhe dei, aquele brutinho não se havia de atrever.
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— Oh! Miguel, pois queria mais?