A Carne/XV: diferenças entre revisões

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}}[[Categoria:A Carne|Capítulo 15]]
 
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— Que lindo está o dia, exclamou o coronel, chegando à porta que dizia para o terreiro. — Um tempo firme, sim senhor! Jacinto!
 
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— Sinhô moço mandou ensilhar o rozilho, e foi para a banda da vila, sim sinhô.
 
O coronel respirou à larga o ar fresco, puro, da manhã resplendente. Dormira
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toda a noite, não tivera dores, estava bem disposto. Queria expandir-se, queria conversar.
 
— Logo hoje que estou sequioso por uma prosa é que me foge o Manduca, é que se deixa ficar na cama a Lenita! Forte coisa! Vou fazer uma extravagância, vou dar uma volta pelo cafezal.
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— Que é isto? perguntou. Temos macacoa?
 
— Macacoa, não; sono, respondeu a moça.
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respondeu a moça.
 
— Ainda estava dormindo?
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De quando em quando estremecia com um calafrio. Sentou-se à mesa meio de lado, alquebrada, lânguida.
 
— Melhor cara traga o dia de amanhã! Gritou o coronel ao vê-la. Parece
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que passou a noite no cemitério. Que é que teve?
 
— Uma ligeira indisposição.
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— Está gostando de salgados, hein? Eu quando digo... Mais uma naquinha, sim?
 
Lenita aceitou,
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mandou buscar ginger-ale, bebeu um copo cheio.
 
Conversou com o coronel por cerca de duas horas.
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A moça não respondeu: com um arranco nervoso tomou-lhe a cabeça entre as mãos, curvou-a, beijou-a sofregamente, esquisitamente, no alto, afundando, sumindo o rosto nos cabelos curtos, levemente crespos.
 
— Lenita, segredou em voz sumida, tênue como sopro, é perigoso, podem vê-la, encontrá-la. Eu virei é melhor.
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Eu virei é melhor.
 
— Aqui dorme a rapariga.
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— A letra do sobrescrito é mesma desta que eu recebi. Leia.
 
— Que será? interrogou-se a moça, rasgando o envoltório com gesto fatigado, aborrida. Desdobrou a folha de papel, leu sem manifestar sentimento
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algum, com absoluta indiferença. Depois passou-a aberta ao coronel.
 
—Ora! Exclamou, arrastando a voz, com fastio.
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— E quem é esse Dr. Mendes Maia?
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— Esse Dr. Mendes Maia é um bacharel em direito, nortista; fez seu quatriênio, e está na corte, à espera de um juizado de direito aqui na província.
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— Que espécie de homem é?
 
— É um bacharel em direito como a maioria dos bacharéis em direito. Parece-me boa pessoa. Homem, sou franco, para mim tem um defeito capital, é nortista.
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No mais, não há que dizer. Lenita, que hei de eu responder ao homem?
 
— Boa pergunta! Responda que eu não me quero casar que agradeço muito a honra da proposta, e coisas e tal, uma tábua cortês.
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— Não há que pensar, não quero.
 
— Olhe que o rapaz, segundo me diz o meu velho amigo Cruz Chaves, nesta outra carta que recebi, tem todos os requisitos para um bom corte de noivo: é inteligente, honesto, morigerado, trabalhador, econômico, bom católico, e muitas coisas mais. Fez o seu quatriênio como promotor e juiz municipal, está à espera de um juizado de direito, como você mesmo disse, e há de obtê-lo, porque dá-se com o Cotegipe e é muito protegido
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pelo Mac Dowel. E tem seus cobres.
 
— O partido tenta, tenta, mas eu é que me não deixo prender.