O Imposto de Honra: diferenças entre revisões

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'''O velho mundo vai mal.'''
'''E o governo danado'''
'''Cobrando imposto de honra'''
'''Sem haver ninguém honrado.'''
'''E como se paga imposto'''
'''Do que não tem no mercado?'''
 
Procurar honra hoje em dia
Linha 20:
Escuro na lua cheia.
 
'''Agora se querem ver'''
'''O cofre público estufado'''
'''E ver no Rio de Janeiro'''
'''O dinheiro armazenado?'''
'''Mande que o governo cobre'''
'''Imposto de desonrado.'''
 
Porém imposto de honra?
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Que esse não rende um vintém.
 
'''Com os incêndios da alfândega'''
'''Como sempre tem se dado'''
'''Dinheiro que sai do cofre'''
'''Sem alguém ter o tirado'''
'''Mas o empregado é rico'''
'''Faz isso e diz: &mdash; Sou honrado.'''
 
Dizia Venceslau Brás
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É o freguês na cadeia.
 
'''Ora o Brasil deve à França'''
'''Mas a dívida não foi minha'''
'''Agora chega Paris'''
'''Tira o facão da bainha'''
'''E diz: &mdash; Quero meu dinheiro'''
'''Inda que seja em galinha.'''
 
Seu fulano dos anzóis
Linha 62:
Quem paga é seu Venceslau.
 
'''Disse Hermes da Fonseca'''
'''Eu não tinha nem um x.'''
'''Mas achei quem emprestasse'''
'''Tomei tudo quanto quis'''
'''Embora tivesse feito'''
'''A derrota do país.'''
 
Disse Pandiá Calógeras:
&mdash; Há um jeito de salvar
Cobre.se imposto de honra
Que ver dinheiro abrejar.
Disse o Brás: &mdash; Ninguém tem honra,
Como se pode cobrar?
 
'''Apareceu uma parte'''
'''Do Rivadávia Correia:'''
'''Não tem aqui entre nós'''
'''Devido à cousa está feia'''
'''Não acha-se no senado'''
'''Procura-se na cadeia.'''
 
O major Deocleciano
Disse da forma seguinte:
&mdash; Na cadeia do Recife
Eu tive um constituinte
Entre ele e outros mais
Inda se pode achar vinte.
 
'''Disse o Dr. Rivadávia:'''
'''—&mdash; Eu fiz doutor de 60'''
'''Dei carta aqui a quadrado'''
'''Que não escreve pimenta'''
'''Tem médico que receitando'''
'''Procura o pulso na venta.'''
 
Porém na minha algibeira
Linha 104:
Que nem o nome assinaram.
 
'''E este imposto de honra'''
 
'''Está nas mesmas condições'''
'''E este imposto de honra'''
'''Tira-se bom resultado'''
'''Está nas mesmas condições'''
'''Onde houver muitos ladrões'''
'''Tira-se bom resultado'''
'''Até mesmo a meretriz'''
'''Onde houver muitos ladrões'''
'''Levará seus dez tostões.'''
'''Até mesmo a meretriz'''
'''Levará seus dez tostões.'''
 
Ela pagando imposto
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Ou uma meia casada.
 
'''Qualquer ladrão de cavalo'''
'''Paga o que for exigido'''
'''Porque dessa data cru diante'''
'''Não rouba mais escondido'''
'''Com o talão do imposto'''
'''Não o prendem é garantido.'''
 
Pelo menos eu conheço
Um tal Chico Galinheiro
Que disse: &mdash; Eu pago imposto
Também quem tiver poleiro
Nunca mais há de criar-se
Nem um pinto no terreiro.
 
'''Disse Marocas de todos:'''
'''—&mdash; Oh! cousa boa danada'''
'''Eu compro um vestido preto'''
'''E grito: &mdash; Rapaziada'''
'''Meu marido não morreu'''
'''Mas eu? sou viúva honrada.'''
 
Pago o imposto de honra
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E grito no meio da rua
Se aparecer um ladrão
Que diga: &mdash; Não és honrada
Veja se eu provo ou não.
 
'''Esses diabos que hoje'''
'''Me chamam Marocas tinha'''
'''Quando eu pagar o imposto'''
'''Me tratam por sinhazinha'''
'''Se for de tenente acima'''
'''Chamam dona Maroquinha.'''
 
Disse um zelador da noite:
&mdash; O imposto não é mau
Foi uma lembrança ótima
Aquela do Venceslau
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Não livrar ninguém do pau.
 
'''Se a cousa for como eu penso'''
'''E não tiver seus conformes'''
'''Nós operários noturnos'''
'''Teremos lucros enormes'''
'''Cada corador por noite'''
'''Nos rende dous uniformes.'''
 
Dormindo o dono da casa
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Ao governo federal.
 
'''Disse um passador de cédula:'''
'''—&mdash; Ai eu não sei o que faça'''
'''Se quem pagar o imposto'''
'''Puder passar cédula falsa'''
'''Com uma eu pago o imposto'''
'''Sai-me a receita de graça.'''
 
Disse Zé Frango: &mdash; Esse imposto
Chegando eu tenho que pagá-lo
O pago com sacrifício
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Há de chamar Zeca-Galo.
 
'''Dizia João caloteiro:'''
'''—&mdash; Está muito bem isso assim'''
'''Benza-te Deus, Venceslau'''
'''Deus te ajude até o fim'''
'''Eu hei de ver se o comércio'''
'''Ainda cobra de mim.'''
 
Tem dia que lá em casa
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O caixeiro do café.
 
'''Antes de desenganá-lo'''
'''Chega o danado da venda'''
'''O sapateiro de um lado'''
'''E o turco da fazenda'''
'''O recado do açougue'''
'''A velha cobrando a renda.'''
 
Nisso chega outro diabo
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Manda dizer o patrão.
 
'''Eu pagando esse imposto'''
'''Fico disso descansado'''
'''Quando um bater-me na porta'''
'''Digo puxe desgraçado'''
'''Eu pago imposto de honra'''
'''Não sou desmoralizado.'''
 
Embora roube de alguém