Página:Obras completas de Luis de Camões II (1843).djvu/445: diferenças entre revisões
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371}Ágoas cahindo apague o fogo antigo.He digno amor tamanhoDe viver, e ser tido por estranho. Não: qu'he razão que sejaPara as lobas isentas, que amor vendem,Exemplo onde se vejaQue tambem ficão presas as que prendem.Assi o deo por sentençaNemesis, que Amor quiz que tudo vença.</div> |
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Ágoas cahindo apague o fogo antigo. |
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He digno amor tamanho |
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<div align="right">Nunca manhãa suaveEstendendo seus raios por o mundo,Despois de noite grave,Tempestuosa, negra, em mar profundoAlegrou tanto nao, que ja no fundoSe vio em mares grossos,Como a luz clara a mi dos olhos vossos. Aquella formosura,Que só no virar delles resplandece;E com que a sombra escuraClara se faz, e o campo reverdece;Quando o meu pensamento se entristece,Ella e sua vivezaMe desfazem a nuvem da tristeza. O meu peito, onde estais,He para tanto bem pequeno vaso;{372} |
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De viver, e ser tido por estranho. |
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Não: qu'he razão que seja |
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Para as lobas isentas, que amor vendem, |
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Exemplo onde se veja |
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Que tambem ficão presas as que prendem. |
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Assi o deo por sentença |
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Nemesis, que Amor quiz que tudo vença. |
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Nunca manhãa suave |
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Estendendo seus raios por o mundo, |
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Despois de noite grave, |
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Tempestuosa, negra, em mar profundo |
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Alegrou tanto nao, que ja no fundo |
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Se vio em mares grossos, |
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Como a luz clara a mi dos olhos vossos. |
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Aquella formosura, |
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Que só no virar delles resplandece; |
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E com que a sombra escura |
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Clara se faz, e o campo reverdece; |
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Quando o meu pensamento se entristece, |
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Ella e sua viveza |
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Me desfazem a nuvem da tristeza. |
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O meu peito, onde estais, |
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He para tanto bem pequeno vaso;{372} |
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