Ecos da minh'alma/A aurora brasileira: diferenças entre revisões

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{{navegar
|obra =[[Ecos daA aurora minh'alma]]brasileira
|autor = Adélia Fonseca
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|seção=A aurora brasileira
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|anterior=[[Ecos da minh'alma/A saudade|A saudade ]]
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|posterior=[[Ecos da minh'alma/À Elisa (a despedida)|À Elisa]]
|notas = {{integra|poema=[[Ecos da minh'alma]].}}
|notas= Em resposta à poesia a — Madrugada — do Sr. João de Lemos.
}}
 
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[[Categoria:Poesia brasileira]]
<poem>
Quando tu, luso cantor,
Na tua lira dourada
Modulaste com primor
Uma linda — ''madrugada'',
Porque dizer não quiseste,
Que a aurora que descreveste
No teu hino tão gentil,
E esse mar de lisa prata,
Que os arvoredos retrata,
Eram só do meu Brasil?
 
 
Porque dizer não havias,
Que esse nascer prazenteiro
De puros, formosos dias,
Era do céu brasileiro?
D'este céu abençoado,
De belo anil esmaltado
Pela mão do Criador;
Que ledo nos apresenta
Na formosura que ostenta,
Um milagre do Senhor? !
 
 
Que tem noites tão formosas
De prateado luar?!
Que possui manhas de rosas,
E tardes... de arrebatar?!
Tu, por acaso, ignoravas
Que a madrugada pintavas
Da minha terra natal?
Ou,— cego do pátrio amor,—
Julgaste que esse primor
Era do teu Portugal?
 
 
Vem, no céu do meu país,
Ver bela aurora de estio
Como se mostra feliz,
Como se mira no rio!
Vem vê-la, mimosa abrindo
O transparente véu lindo,
Viçosas flores soltar,
E dos olhos lacrimantes
Mil pér'las, mil diamantes
Sobre todas derramar!
 
 
Vem ver das tranças formosas,
Por leve brisa onduladas,
Descerem cândidas rosas,
Violetas delicadas !
Jamais '11 esse Portugal
O teu sonho divinal
Realizando gozaste...
Vem; porque só minha terra
As maravilhas encerra
Do quadro, que debuxaste.
 
 
Vem ouvir o harmonioso,
O doce canto aflautado
Do sabiá mavioso,
Sobre o raminho pousado.
Vem ver os voláteis todos
Festejarem de mil modos,
Com folguedos e cantares,
A fagueira madrugada,
Que, de flores adornada,
Perfuma os límpidos ares.
 
 
Vem contemplar a lindeza
D'este Brasil tão jucundo;
Vem ver sua natureza,
Que é a mais bela do mundo;
Vem ver seu sol descoberto,
'Num céu de nuvens deserte,
Deslumbrante de fulgores,
Vem aqui ver corno o Eterno,
Até nos dias de inverno,
Veste o campo de verdores!
 
 
Diz-me, vate lusitano,
O céu do Portugal teu
É como o americano
Anilado puro céu?
Diz-me se na plaga tua
É tão diáfana a lua,
Se é tão meiga, tão gentil?
Si brilha em noites tão belas,
Tão opulentas de estrelas,
Como as do rico Brasil?
 
 
Si o seu raio iluminado,
Por sobre um mar transparente,
Pelas águas embalado
Se estende Ião docemente?
Si doura o cume dos montes;
Si beija o cristal das fontes
Com tanto enlevo e doçura;
Sido templo na vidraça
Reflete com tanta graça
A face de luz tão pura?
 
 
Tens nos prados tanto viço?
Nos frutos tanto sabor?
Na vida tanto feitiço?...
No coração tanto amor?...
Vem, ó Bardo, vem asinha
Na mimosa pátria minha
A tu'alma extasiar;
'Neste clima brasileiro,
Vem sob um céu prazenteiro
Nova existência gozar.
 
 
Oh! vem, sublime Poeta,
Ver o meu solo natal;
Que de Deus a mais dileta
É a terra de Cabral!
Vem da minha terra amada
Ver a linda madrugada,
Ver do céu a perfeição!
Vem contemplar uma lua,
Que sabe, mais do que a tua,
Responder ao coração!
</poem>
 
 
[[Categoria:Adélia Fonseca]]
[[Categoria:Ecos da minh'alma]]