As Asas de um Anjo/Epílogo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
mSem resumo de edição
m 555: match
Linha 7:
|notas=
}}[[Categoria:As Asas de um Anjo| C06]]
 
==__MATCH__:[[Página:As asas de um anjo.djvu/200]]==
Em casa de Luís. Sala simples, mas elegante.
 
Linha 27 ⟶ 28:
 
CAROLINA – E todos os dias enquanto ele trabalha, não vou arranjar-lhe os livros, endireitar-lhe os papéis e mudar as flores dos vasos?... Nem por isso o perturbo. Às vezes ele mesmo me chama, e conversamos tanto tempo!... Outras apenas levanta a cabeça, me vê, sorri, e continua a trabalhar.
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/201]]==
 
MARGARIDA – Talvez hoje precisasse estar só... Porém mudaste o teu vestido escuro?... Fizeste bem! Assim ficas mais alegre.
Linha 46 ⟶ 48:
MARGARIDA – Não te importes com o que pensa o mundo; não é para ele que vives, e sim para tua mãe, para aqueles que te amam. O teu mundo, o nosso, é esta casa.
 
CAROLINA – E nesta mesma casa não falta alguém?... O amor de minha mãe não me lembra que eu tenho um pai que
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/202]]==
não me quer ver, que foge de sua filha como de um objeto repulsivo?...
 
MARGARIDA – Isto te faz sofrer e a mim também! Mas consola-te; Luís me prometeu que havia de trazê-lo...
Linha 71 ⟶ 75:
 
CAROLINA – Oh! mas Deus não perdoou porque a todo o momento vejo...
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/203]]==
 
MARGARIDA – O quê?
Linha 97 ⟶ 102:
 
MARGARIDA – Começou a lembrar-se...
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/204]]==
 
LUÍS – Não te é possível então esquecer?
Linha 112 ⟶ 118:
MENESES – E assim deve ser, Carolina.
 
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/205]]==
 
===CENA III===
Linha 128 ⟶ 135:
 
CAROLINA – Ouves, Luís; tudo se defende, menos a falta de uma pobre mulher.
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/206]]==
 
MENESES – Não há dúvida! Fiz uma das minhas. Este maldito costume de escrever artigos de fundo!... Mas desculpe; não me lembrei que a afligia.
Linha 154 ⟶ 162:
 
LUÍS – Ele demora-se.
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/207]]==
 
MENESES – Mas de agora em diante pode acusar a quem quiser!...
Linha 175 ⟶ 184:
LUÍS – Por que razão?
 
MENESES – Porque o amor é um exclusivista terrível; foi ele
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/208]]==
que inventou o monopólio e o privilégio. Já vês que este senhor não pode admitir a concorrência, nem mesmo do passado.
 
LUÍS – Julgas então impossível amar-se uma mulher como Carolina?
Linha 201 ⟶ 212:
 
===CENA V===
 
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/209]]==
OS MESMOS E ARAÚJO.
 
Linha 226 ⟶ 239:
 
MENESES – Ah!
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/210]]==
 
LUÍS – Fala mais baixo; Carolina pode ouvir-te.
Linha 247 ⟶ 261:
ARAÚJO – Pois então fala de uma vez.
 
LUÍS – Tu que me tens acompanhado desde o princípio da minha vida, sabes qual foi o meu primeiro amor. O que porém não sabes, é que apesar de tudo, apesar da vergonha e do escândalo, nunca deixei de amar Carolina. Combati
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/211]]==
essa paixão louca e extravagante; não pude extingui-la; consegui apenas dominá-la.
 
ARAÚJO – Mas hoje é ela que te domina.
Linha 263 ⟶ 279:
ARAÚJO – E tu fazes o sacrifício?
 
LUÍS – Sem a menor hesitação. Tenho morto o coração; todo o amor que havia em minha alma dei-o a Carolina; a fatalidade quis que ele se consumisse em desenganos; era o meu destino. Que posso eu fazer agora de uma vida gasta e sem esperança?... Não é melhor aproveitá-la para dar a felicidade a uma criatura desgraçada
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/212]]==
do que condená-la à esterilidade?... Que dizes, Meneses?
 
MENESES – Quando se trata de amor, calo-me, porque estou convencido que o coração faz o que ele deseja, e não o que se lhe aconselha. Mas já que me interrogas previno-te que terás de sustentar contra o mundo um combate em que muitas vezes sentirás a tua razão vacilar. A sociedade abrirá as suas portas à tua mulher; mas quando se erguer a ponta do véu, hás de ver o sorriso do escárnio, e o gesto do desprezo, que a acompanharão sempre. Toda a virtude de Carolina, toda a honestidade de tua vida, não farão calar a injúria e a maledicência. Tens bastante força e bastante coragem para aceitar esse duelo terrível de um homem só contra uma sociedade?
Linha 281 ⟶ 299:
MENESES – Pensas bem!
 
ARAÚJO – Contudo essa precipitação...
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/213]]==
essa precipitação...
 
LUÍS – A vida não é tão longa que valha a pena gastá-la em calcular o que se deve fazer.
Linha 306 ⟶ 326:
 
RIBEIRO – Que diz senhor!... Podia eu consentir em semelhante cousa?
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/214]]==
 
LUÍS – Falta à sua palavra?
Linha 331 ⟶ 352:
RIBEIRO – Nunca!
 
LUÍS – Neste caso é uma crueldade recusar a filha à mãe a quem se roubou a honra. Lembre-se, Sr. Ribeiro, que essa
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/215]]==
moça, de cuja desgraça o senhor foi a primeira causa, só pode ter uma felicidade neste mundo: a maternidade; enquanto que o senhor daqui a alguns dias amará uma mulher, terá uma família, e gozará das afeições puras que Carolina perdeu para sempre.
 
RIBEIRO – Ela fará o mesmo. Não vai casar-se?
Linha 351 ⟶ 374:
(Carolina entra precipitadamente e abraça a menina; Margarida coloca um berço no fundo e sai.)
 
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/216]]==
 
===CENA VII===
Linha 374 ⟶ 398:
 
CAROLINA (assustada.) – Quer levá-la outra vez?
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/217]]==
 
RIBEIRO – Quero dizer-lhe adeus.
Linha 404 ⟶ 429:
 
CAROLINA – Como?...
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/218]]==
 
LUÍS – Consentes em ser minha mulher?
Linha 427 ⟶ 453:
LUÍS – Deves acreditar.
 
CAROLINA – Não! Não é possível! Depois do meu crime, Deus não
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/219]]==
podia dar-me tanta ventura! Que reservaria ele para a virtude?
 
LUÍS – Deus já te perdoou, Carolina. (Abrindo a porta.) Vê!
Linha 452 ⟶ 480:
===CENA X===
ANTÔNIO, LUÍS E CAROLINA.
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/220]]==
 
ANTÔNIO – Ah!...
Linha 475 ⟶ 504:
LUÍS E CAROLINA.
 
CAROLINA – Tua mulher!... Ainda não creio, Luís!... Perdoada por meu pai, estimada por ti!... Gozar ainda esse prazer supremo
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/221]]==
de ocupar a tua alma, de viver para a tua felicidade!... Nunca pedi tanto a Deus!... Dize, dize que me amas, para que eu não me arrependa de ter aceitado este sacrifício!...
 
LUÍS – Amo-te, Carolina.
Linha 496 ⟶ 527:
 
CAROLINA – Minha filha!... Sim! Viverei para ela!
==[[Página:As asas de um anjo.djvu/222]]==
 
LUÍS – E agora... Conheces estas fitas?