Vinde cá, meu tão certo secretário: diferenças entre revisões

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:Vinde cá, meu tão certo secretário
|obra=Vinde cá, meu tão certo secretário
:dos queixumes que sempre ando fazendo,
|autor=Luís Vaz de Camões
:papel, com que a pena desafogo!
}}<poem>
:As sem-razões digamos que, vivendo,
Vinde cá, meu tão certo secretário
:me faz o inexorável e contrário
dos queixumes que sempre ando fazendo,
:Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
papel, com que a pena desafogo!
:Deitemos água pouca em muito fogo;
As sem-razões digamos que, vivendo,
:acenda-se com gritos um tormento
me faz o inexorável e contrário
:que a todas as memórias seja estranho.
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
:Digamos mal tamanho
Deitemos água pouca em muito fogo;
:a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
acenda-se com gritos um tormento
:a quem já muitas vezes o contei,
que a todas as memórias seja estranho.
:tanto debalde como o conto agora;
Digamos mal tamanho
:mas, já que para errores fui nascido,
a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
:vir este a ser um deles não duvido.
:Que,a poisquemdemuitas acertarvezes estouo tão foracontei,
tanto debalde como o conto agora;
:não me culpem também, se nisto errei.
mas, já que para errores fui nascido,
:Sequer este refúgio só terei:
vir este a ser um deles não duvido.
:falar e errar sem culpa, livremente.
Que, pois já de acertar estou tão fora,
:Triste quem de tão pouco está contente!
não me culpem também, se nisto errei.
:Já me desenganei que de queixar-me
Sequer este refúgio só terei:
:não se alcança remédio; mas, quem pena,
falar e errar sem culpa, livremente.
:forçado lhe é gritar, se a dor é grande.
Triste quem de tão pouco está contente!
:Gritarei; mas é débil e pequena
Já me desenganei que de queixar-me
:a voz para poder desabafar-me,
não se alcança remédio; mas, quem pena,
:porque nem com gritar a dor se abrande.
forçado lhe é gritar, se a dor é grande.
:Quem me dará sequer que fora mande
Gritarei; mas é débil e pequena
:lágrimas e suspiros infinitos
a voz para poder desabafar-me,
:iguais ao mal que dentro n'alma mora?
porque nem com gritar a dor se abrande.
:Mas quem pode algu'hora
Quem me dará sequer que fora mande
:medir o mal com lágrimas ou gritos?
lágrimas e suspiros infinitos
:Enfim, direi aquilo que me ensinam
iguais ao mal que dentro n'alma mora?
:a ira, a mágoa, e delas a lembrança,
Mas quem pode algu'hora
:que é outra dor por si, mais dura e firme.
medir o mal com lágrimas ou gritos?
:Chegai, desesperados, para ouvir-me,
Enfim, direi aquilo que me ensinam
:e fujam os que vivem de esperança
a ira, a mágoa, e delas a lembrança,
:ou aqueles que nela se imaginam,
que é outra dor por si, mais dura e firme.
:porque Amor e Fortuna determinam
Chegai, desesperados, para ouvir-me,
:de lhe darem poder para entenderem,
e fujam os que vivem de esperança
:à medida dos males que tiverem.
ou aqueles que nela se imaginam,
:{Quando vim da materna sepultura
porque Amor e Fortuna determinam
:de novo ao mundo, logo me fizeram
de lhe darem poder para entenderem,
:Estrelas infelices obrigado;
à medida dos males que tiverem.
:com ter livre alvedrio, mo não deram,
{Quando vim da materna sepultura
:que eu conheci mil vezes na ventura
de novo ao mundo, logo me fizeram
:o milhor, e pior segui, forçado.
Estrelas infelices obrigado;
:E, para que o tormento conformado
com ter livre alvedrio, mo não deram,
:me dessem com a idade, quando abrisse
que eu conheci mil vezes na ventura
:inda minino, os olhos, brandamente,
o milhor, e pior segui, forçado.
:mandam que, diligente,
E, para que o tormento conformado
:um Minino sem olhos me ferisse.
me dessem com a idade, quando abrisse
:As lágrimas da infância já manavam
inda minino, os olhos, brandamente,
:com üa saudade namorada;
mandam que, diligente,
:o som dos gritos, que no berço dava,
:jáum comoMinino desem suspirosolhos me soavaferisse.
As lágrimas da infância já manavam
:Co a idade e Fado estava concertado;
com üa saudade namorada;
:porque quando, por caso, me embalavam,
o som dos gritos, que no berço dava,
:se versos de Amor tristes me cantavam,
já como de suspiros me soava.
:logo m'adormecia a natureza,
Co a idade e Fado estava concertado;
:que tão conforme estava co a tristeza}
porque quando, por caso, me embalavam,
:Foi minha ama ua fera, que o destino
se versos de Amor tristes me cantavam,
:não quis que mulher fosse a que tivesse
logo m'adormecia a natureza,
:tal nome para mim; nem a haveria.
que tão conforme estava co a tristeza}
:Assi criado fui, porque bebesse
Foi minha ama ua fera, que o destino
:o veneno amoroso, de minino,
não quis que mulher fosse a que tivesse
:que na maior idade beberia,
tal nome para mim; nem a haveria.
:e, por costume, não me mataria.
Assi criado fui, porque bebesse
:Logo então vi a imagem e semelhança
o veneno amoroso, de minino,
:daquela humana fera tão fermosa,
que na maior idade beberia,
:suave e venenosa,
e, por costume, não me mataria.
:que me criou aos peitos da esperança;
Logo então vi a imagem e semelhança
:de que eu vi despois o original,
daquela humana fera tão fermosa,
:que de todos os grandes desatinos
suave e venenosa,
:faz a culpa soberba e soberana.
que me criou aos peitos da esperança;
:Parece-me que tinha forma humana,
de que eu vi despois o original,
:mas cintilava espíritos divinos.
que de todos os grandes desatinos
:Um meneio e presença tinha tal
faz a culpa soberba e soberana.
:que se vangloriava todo o mal
Parece-me que tinha forma humana,
:na vista dela; a sombra, co a viveza,
mas cintilava espíritos divinos.
:excedia o poder da Natureza.
Um meneio e presença tinha tal
:Que género tão novo de tormento
que se vangloriava todo o mal
:teve Amor, que não fosse, não somente
na vista dela; a sombra, co a viveza,
:provado em mim, mas todo executado?
excedia o poder da Natureza.
:Implacáveis durezas, que o fervente
Que género tão novo de tormento
:desejo, que dá força ao pensamento,
teve Amor, que não fosse, não somente
:tinham de seu propósito abalado,
provado em mim, mas todo executado?
:e de se ver, corrido e injuriado; a
Implacáveis durezas, que o fervente
:qui, sombras fantásticas, trazidas
desejo, que dá força ao pensamento,
:de algüas temerárias esperanças;
tinham de seu propósito abalado,
:as bem-aventuranças
e de se ver, corrido e injuriado; a
:nelas também pintadas e fingidas;
qui, sombras fantásticas, trazidas
:mas a dor do desprezo recebido,
de algüas temerárias esperanças;
:que a fantasia me desatinava,
as bem-aventuranças
:estes enganos punha em desconcerto;
nelas também pintadas e fingidas;
:aqui, o adevinhar e o ter por certo
mas a dor do desprezo recebido,
:que era verdade quanto adevinhava,
que a fantasia me desatinava,
:e logo o desdizer-me, de corrido;
estes enganos punha em desconcerto;
:dar às cousas que via outro sentido,
aqui, o adevinhar e o ter por certo
:e para tudo, enfim, buscar razões;
que era verdade quanto adevinhava,
:mas eram muitas mais as sem-razões.
e logo o desdizer-me, de corrido;
:Não sei como sabia estar roubando
dar às cousas que via outro sentido,
:cos raios as entranhas, que fugiam
e para tudo, enfim, buscar razões;
:por ela, pelos olhos sutilmente!
mas eram muitas mais as sem-razões.
:Pouco a pouco invencíveis me saiam,
Não sei como sabia estar roubando
:bem como do véu húmido exalando
cos raios as entranhas, que fugiam
:está o sutil humor o Sol ardente.
por ela, pelos olhos sutilmente!
:Enfim, o gesto puro e transparente,
Pouco a pouco invencíveis me saiam,
:para quem fica baixo e sem valia
bem como do véu húmido exalando
:este nome de belo e de fermoso;
está o sutil humor o Sol ardente.
:o doce e piadoso
Enfim, o gesto puro e transparente,
:mover de olhos, que as almas suspendia
para quem fica baixo e sem valia
:foram as ervas mágicas, que o Céu
este nome de belo e de fermoso;
:me fez beber; as quais, por longos anos,
o doce e piadoso
:noutro ser me tiveram transformado,
mover de olhos, que as almas suspendia
:e tão contente de me ver trocado
foram as ervas mágicas, que o Céu
:que as mágoas enganava cos enganos;
me fez beber; as quais, por longos anos,
:e diante dos olhos punha o véu
noutro ser me tiveram transformado,
:que me encobrisse o mal, que assi creceu,
e tão contente de me ver trocado
:como quem com afagos se criava
que as mágoas enganava cos enganos;
:daquele para quem crecido estava].
e diante dos olhos punha o véu
:Pois quem pode pintar a vida ausente, c
que me encobrisse o mal, que assi creceu,
:om um descontentar-me quanto via,
como quem com afagos se criava
:e aquele estar tão longe donde estava,
daquele para quem crecido estava].
:o falar, sem saber o que dezia,
Pois quem pode pintar a vida ausente, c
:andar, sem ver por onde, e juntamente
om um descontentar-me quanto via,
:suspirar sem saber que suspirava?
e aquele estar tão longe donde estava,
:Pois quando aquele mal me atormentava
o falar, sem saber o que dezia,
:e aquela dor que das tartáreas águas
andar, sem ver por onde, e juntamente
:saiu ao mundo, e mais que todas dói,
suspirar sem saber que suspirava?
:que tantas vezes sói
Pois quando aquele mal me atormentava
:duas iras tornar em brandas mágoas;
e aquela dor que das tartáreas águas
:agora, co furor da mágoa irado,
saiu ao mundo, e mais que todas dói,
:querer e não querer deixar de amar,
que tantas vezes sói
:e mudar noutra parte por vingança
duas iras tornar em brandas mágoas;
:o desejo privado de esperança,
agora, co furor da mágoa irado,
:que tão mal se podia já mudar;
querer e não querer deixar de amar,
:agora, a saudade do passado
e mudar noutra parte por vingança
:tormento, puro, doce e magoado,
o desejo privado de esperança,
:fazia converter estes furores
que tão mal se podia já mudar;
:em magoadas lágrimas de amores.
agora, a saudade do passado
:Que desculpas comigo que buscava
tormento, puro, doce e magoado,
:quando o suave Amor me não sofria
fazia converter estes furores
:culpa na cousa amada, e tão amada!
em magoadas lágrimas de amores.
:enfim, eram remédios que fingia
Que desculpas comigo que buscava
:o medo do tormento que ensinava
quando o suave Amor me não sofria
:a vida a sustentar-se, de enganada.
culpa na cousa amada, e tão amada!
:Nisto ua parte dela foi passada,
enfim, eram remédios que fingia
:na qual se tive algum contentamento
o medo do tormento que ensinava
:breve, imperfeito, tímido, indecente,
a vida a sustentar-se, de enganada.
:não foi senão semente
Nisto ua parte dela foi passada,
:de longo e amaríssimo tormento.
na qual se tive algum contentamento
:Este curso contino de tristeza,
breve, imperfeito, tímido, indecente,
:estes passos tão vãmente espalhados,
não foi senão semente
:me foram apagando o ardente gosto,
de longo e amaríssimo tormento.
:que tão de siso n'alma tinha posto,
Este curso contino de tristeza,
:daqueles pensamentos namorados
estes passos tão vãmente espalhados,
:em que eu criei a tenta natureza,
me foram apagando o ardente gosto,
:que do longo costume da aspereza,
que tão de siso n'alma tinha posto,
:contra quem força humana não resiste,
daqueles pensamentos namorados
:se converteu no gosto de ser triste.
em que eu criei a tenta natureza,
:Dest'arte a vida noutra fui trocando;
que do longo costume da aspereza,
:eu não, mas o destino fero, irado,
contra quem força humana não resiste,
:que eu ainda assi por outra não trocara.
se converteu no gosto de ser triste.
:Fez-me deixar o pátrio ninho amado,
Dest'arte a vida noutra fui trocando;
:passando o longo mar, que ameaçando
eu não, mas o destino fero, irado,
:tantas vezes me esteve a vida cara.
que eu ainda assi por outra não trocara.
:Agora, exprimentando a fúria rara
Fez-me deixar o pátrio ninho amado,
:de Marte, que cos olhos quis que logo
passando o longo mar, que ameaçando
:visse e tocasse o acerbo fruto seu
tantas vezes me esteve a vida cara.
:(e neste escudo meu
Agora, exprimentando a fúria rara
:a pintura verão do infesto fogo);
de Marte, que cos olhos quis que logo
:agora, peregrino vago e errante,
visse e tocasse o acerbo fruto seu
:vendo nações, linguages e costumes,
(e neste escudo meu
:Céus vários, qualidades diferentes,
a pintura verão do infesto fogo);
:só por seguir com passos diligentes
agora, peregrino vago e errante,
:a ti, Fortuna injusta, que consumes
vendo nações, linguages e costumes,
:as idades, levando-lhe diante
Céus vários, qualidades diferentes,
:üa esperança em vista de diamante,
só por seguir com passos diligentes
:mas quando das mãos cai se conhece
a ti, Fortuna injusta, que consumes
:que é frágil vidro aquilo que aparece.
as idades, levando-lhe diante
:A piadade humana me faltava,
üa esperança em vista de diamante,
:a gente amiga já contrária via,
mas quando das mãos cai se conhece
:no primeiro perigo; e no segundo,
que é frágil vidro aquilo que aparece.
:terra em que pôr os pés me falecia,
A piadade humana me faltava,
:ar para respirar se me negava,
a gente amiga já contrária via,
:e faltavam-me, enfim, o tempo e o mundo.
no primeiro perigo; e no segundo,
:Que segredo tão árduo e tão profundo:
terra em que pôr os pés me falecia,
:nascer para viver, e para a vida
ar para respirar se me negava,
:faltar-me quanto o mundo tem para ela!
e faltavam-me, enfim, o tempo e o mundo.
:E não poder perdê-la,
Que segredo tão árduo e tão profundo:
:estando tantas vezes já perdida!
nascer para viver, e para a vida
:Enfim, não houve transe de fortuna,
faltar-me quanto o mundo tem para ela!
:nem perigos, nem casos duvidosos,
E não poder perdê-la,
:injustiças daqueles, que o confuso
estando tantas vezes já perdida!
:regimento do mundo, antigo abuso,
Enfim, não houve transe de fortuna,
:faz sobre os outros homens poderosos,
nem perigos, nem casos duvidosos,
:que eu não passasse, atado à grã coluna
injustiças daqueles, que o confuso
:do sofrimento meu, que a importuna
regimento do mundo, antigo abuso,
:perseguição de males em pedaços
faz sobre os outros homens poderosos,
:mil vezes fez, à força de seus braços.
que eu não passasse, atado à grã coluna
:Não conto tantos males como aquele
do sofrimento meu, que a importuna
:que, despois da tormenta procelosa,
perseguição de males em pedaços
:os casos dela conta em porto ledo;
mil vezes fez, à força de seus braços.
:que ainda agora a Fortuna flutuosa
Não conto tantos males como aquele
:a tamanhas misérias me compele,
que, despois da tormenta procelosa,
:que de dar um só passo tenho medo.
os casos dela conta em porto ledo;
:Já de mal que me venha não me arredo,
que ainda agora a Fortuna flutuosa
:nem bem que me faleça já pretendo,
a tamanhas misérias me compele,
:que para mim não val astúcia humana;
que de dar um só passo tenho medo.
:de força soberana,
Já de mal que me venha não me arredo,
:la Providência, enfim, divina pendo.
nem bem que me faleça já pretendo,
:Isto que cuido e vejo, às vezes tomo
que para mim não val astúcia humana;
:para consolação de tantos danos.
de força soberana,
:Mas a fraqueza humana, quando lança
la Providência, enfim, divina pendo.
:os olhos no que corre, e não alcança
Isto que cuido e vejo, às vezes tomo
:senão memória dos passados anos,
para consolação de tantos danos.
:as águas que então bebo, e o pão que como,
Mas a fraqueza humana, quando lança
:lágrimas tristes são, que eu nunca domo
os olhos no que corre, e não alcança
:senão com fabricar na fantasia
senão memória dos passados anos,
:fantásticas pinturas de alegria.
as águas que então bebo, e o pão que como,
:Que se possível fosse, que tornasse
lágrimas tristes são, que eu nunca domo
:o tempo para trás, como a memória,
senão com fabricar na fantasia
:pelos vestígios da primeira idade,
fantásticas pinturas de alegria.
:e de novo tecendo a antiga história
Que se possível fosse, que tornasse
:de meus doces errores, me levasse
o tempo para trás, como a memória,
:pelas flores que vi da mocidade;
pelos vestígios da primeira idade,
:e a lembrança da longa saudade
e de novo tecendo a antiga história
:então fosse maior contentamento,
de meus doces errores, me levasse
:vendo a conversação leda e suave,
pelas flores que vi da mocidade;
:onde üa e outra chave esteve
e a lembrança da longa saudade
:de meu novo pensamento,
então fosse maior contentamento,
:os campos, as passadas, os sinais,
vendo a conversação leda e suave,
:a fermosura, os olhos, a brandura,
onde üa e outra chave esteve
:a graça, a mansidão, a cortesia,
de meu novo pensamento,
:a sincera amizade, que desvia
os campos, as passadas, os sinais,
:toda a baixa tenção, terrena, impura,
a fermosura, os olhos, a brandura,
:como a qual outra algüa não vi mais...
a graça, a mansidão, a cortesia,
:Ah! vês memórias, onde me levais
a sincera amizade, que desvia
:o fraco coração, que ainda não posso
toda a baixa tenção, terrena, impura,
:domar este tão vão desejo vosso?
como a qual outra algüa não vi mais...
:Nô mais, Canção, nô mais; que irei falando,
Ah! vês memórias, onde me levais
:sem o sentir, mil anos. E se acaso
o fraco coração, que ainda não posso
:te culparem de larga e de pesada,
domar este tão vão desejo vosso?
:não pode ser (lhe dize) limitada
Nô mais, Canção, nô mais; que irei falando,
:a água do mar em tão pequeno vaso.
sem o sentir, mil anos. E se acaso
:Nem eu delicadezas vou cantando
te culparem de larga e de pesada,
:co gosto do louvor, mas explicando
não pode ser (lhe dize) limitada
:puras verdades já por mim passadas.
a água do mar em tão pequeno vaso.
:Oxalá foram fábulas sonhadas!
Nem eu delicadezas vou cantando
 
co gosto do louvor, mas explicando
[[Autor:Luís Vaz de Camões|Luís Vaz de Camões]]
puras verdades já por mim passadas.
Oxalá foram fábulas sonhadas!
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[[Categoria:Canções]]
[[Categoria:Luís Vaz de Camões]]