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Linha 14:
— Como este rapaz tem mudado!... exclamava ela a cada instante, sem atribuir sequer ao outro, ao feio, a alma da primitiva limpeza e do primitivo arranjo, que tanto a maravilharam.
Agora, Teobaldo já não tinha, como dantes, certo escrúpulo em conservar a casa decente. Os seus companheiros da pândega, que lhe pareciam com mais
Ernestina suportava-lhe as estouvices porque não tinha outro remédio: adorava-o cada vez mais; sofria em vê-lo tão extravagante, tão sem correção e sem
Enquanto a não abandonara a esperança de conquistá-lo, empregou para isso todos os recursos de sua ternura; depois, certa de que nada conseguiria, resignou-se às migalhas do amor que ele lhe atirava de vez em quando, como para a esfaimar ainda mais.
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— Procure-o na rua, se quiser!
Às três horas, quando Teobaldo chegou de fora, ela foi-lhe ao encontro e, mais branca do que a cal da parede, os beiços trêmulos, as feições estranguladas de ciúme, disse-lhe quase sem poder falar:
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— Vá para o diabo que o carregue! respondeu Ernestina virando-lhe as costas e saindo do quarto furiosa.
— Então ..
Leonília era a mais formosa criatura que empunhava nesse tempo o cetro do amor boêmio.
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Leonília vira-o uma noite, por acaso, no teatro, desejou-o logo e pediu a um amigo comum que lho apresentasse.
Teobaldo tratou-a com o mesmo sedutor e natural desinteresse que costumava usar para as mulheres desse gênero; mas depois, quando a conheceu mais de perto e teve ocasião de compulsar-lhe o espírito, principiou a distingui-la entre todas as outras com certa
Leonília, porém, no solipsismo da sua paixão, não se contentou com isso e quis amor, amor tão bom e tão ardente como o que ela lhe dava.
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Foi depois deste episódio que ela o procurou em casa pela primeira vez. E não o fez esperar muito, visto que já calculava com experiência que o rapaz não voltaria por motu proprio.
Ernestina, coitada, é que ficou brutalmente ferida no seu amor próprio. Ao sair do quarto ia tonta, estrangulada de raiva; mas, ferida por uma
— Você não há de agora sair de casa!
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— Entre! disse o moço, empurrando com um movimento desembaraçado a folha da porta.
O Almeida entrou; estava mais vermelho
Pela primeira vez Teobaldo reparou bem para aquele tipo. Notou, obra de um segundo, que ele tinha na fisionomia e no feitio do corpo alguma coisa que lembrava uma foca; notou que as suíças do Almeida principiavam logo por debaixo dos olhos e perdiam-se por dentro do colarinho: notou que ele tinha uma cabeça quase quadrada, encalvecida pela face superior; notou que o nariz do homem não era grego, nem árabe, nem tampouco romano e que, se o separassem do rosto, ninguém seria capaz de dizer o que aquilo era, e tanto podiam supor que seria um legume ensopado, como um pólipo extraído ou um mexilhão fora da casca; e notou ainda que o Almeida constava de quatro pés de altura sobre outros tantos de largura e que as mãos dele eram tão papudas, tão escarlates e tão reluzentes de suor, que pareciam esfoladas.
Linha 182:
— Sim. Pode tomar conta dela. É sua!
E, dito
Teobaldo deteve-o com um gesto.
Linha 230:
— Que idade tinha sua mulher?
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— Ah!
Linha 238:
— Sim, por amor... dos seus interesses.
— Ah! era rica...
— Nem por isso...
Linha 244:
— Quanto possuía?
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— Um conto por ano. Adiante!
Linha 264:
— Era D. Ernestina...
— Não; era uma mulatinha que me disse haver fugido de casa, porque o senhor estava muito bêbado e queria dar-lhe cabo da pele, depois de ter feito o mesmo à mulher. Perguntei onde ficava a tal casa, e como era perto, dei um pulo até lá. A mulatinha entrou adiante com toda a cautela e voltou pouco depois,
— Estava morta?
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— Bem. Pode ir quando quiser.
— Estamos então entendidos, não é verdade? concluiu o Almeida, apertando a mão do estudante e ganhando a saída; fico ao seu serviço
— Seja feliz! disse Teobaldo, sem lhe voltar o rosto. E, logo que o viu sair chamou por Ernestina.
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